1) Até o joelho

Pessoas folgadas e sem educação são uma das principais e tristes características de parte do povo brasileiro.

Por reunir uma grande quantidade de pessoas em um único local, os cinemas acabam sendo um belo retrato da falta de saber dividir o espaço privado do espaço público.

O maior exemplo disso nas salas de exibição são os cidadãos que acham estar no conforto de suas casas e enfiam a perna até a altura do joelho na cadeira da frente. Uma verdadeira poltrona!

Se quebrar o assento, paciência! Desde que o bonitão fique confortável, né.

E assim as salas vão ficando quebradas, sujas…

2) Filmes Dublados em excesso

Não há como negar que é ótimo quantas pessoas começaram a ir aos cinemas nos últimos anos, levadas pela evolução econômica do Brasil.

Infelizmente, porém, este mesmo público, em sua maioria, se tornou apenas consumidor de produtos culturais. Análises reflexivas sobre aquilo que se passa na tela ainda está longe.

Reflexos disso são os sucessos de obras como as novas produções de Adam Sandler e “Crepúsculo” e o aumento exagerado das cópias dubladas, o que diminui sensivelmente o impacto do trabalho do ator, já que este utiliza na voz formas para construir um personagem. É o cinema virando televisão!

Pior de tudo, é escutar a mulher da bilheteria falar: “é legendado, senhor” como se fosse algo não natural querer assistir o filme na linguagem original.

Esse será o grande desafio da sociedade brasileira: fazer com que o nível cultural das pessoas cresça, assim como aumentou a renda nos últimos anos.

3) Mais máquinas para se comprar ingressos

Uma das melhores ideias dos cinemas nos últimos anos foi a instalação de máquinas para a pessoa comprar o ingresso sem precisar ir na bilheteria.

Infelizmente, as máquinas nos cinemas de Manaus continuam escassas. Somente o Cinemark disponibiliza quatro equipamentos, enquanto Cinemais e Playarte dois, as quais, muitas vezes, não estão funcionando.

Caso a ideia de mais máquinas vingue, será um método mais eficaz e melhor para o público, evitando filas e simplificando o processo.

4) Preços mais baixos e fiscalização nas carteiras

Atualmente, o ingresso no sábado à noite em Manaus mais caro custa R$30. Se contar uma família tradicional (marido, esposa e os dois filhos) sai a bagatela de R$ 120!.

Um absurdo!

Porém, outro abuso são as carteirinhas de estudantes conseguidas facilmente em qualquer lugar, muitas vezes sem a exigência de documento, o que dificulta a diminuição do preço das entradas.

A expectativa é que a reserva de, pelo menos, 40% dos assentos para meia-entrada possa solucionar o problema.

Quem sabe!

5) Celular e máquinas fotográficas demais

A inovação tecnológica é uma das maiores conquistas da humanidade. Pegar para comparar os objetos eletrônicos da década passada com a atual é quase uma covardia pela mudanças e melhorias realizadas ao longo dos anos.

Porém, algumas pessoas não conseguem viver sem seus IPads, tablets, Iphones, celulares, tornando-os inseparáveis.

As esses tecno-viciados, uma sugestão: cinema é para ver filme e não iluminar a sala a todo momento.

Uma vez ou outra, ok.

A todo momento, não!

O Facebook, o Twitter e Instagram aguentam um tempinho longe de vocês!

6) Filmes Amazonenses no lugar dos trailers

Os trailers exibidos antes do início dos filmes são uma das coisas mais legais de se ver no cinema, já que conseguem chamar a atenção do público, seja para o bem ou para o mal. Certos longas começam a dar sinais de sucesso ou fracasso somente ao ver o trailer, enquanto muitos outros enganam sem piedade.

Porém, há alguns casos em que existe um exagero dos cinemas em exibir os mesmos trailers. O exemplo mais recente é o do novo filme de Brad Pitt, “Guerra Mundial Z”. Quem foi nos cinemas mais recentemente já se cansou de ver o astro ficar conversando com a família no carro até começar o ataque zumbi em Nova York.

Minha sugestão: por que não trocar, em algumas sessões, os trailers por bons curtas da atual safra do cinema amazonense? Que tal “Cachoeira”, “A Segunda Balada”, “A Última no Tambor” ou “Et Ser Era”?

Boa maneira de promover a produção cultural de nosso estado e tornar nossos artistas conhecidos.

7) Espaço para Filmes de Arte

Quando se pega a lista de filmes que não chegaram aos cinemas de Manaus somente neste ano, é de chorar.

“A Hora Mais Escura”, “Indomável Sonhadora”, “O Mestre”, “Killer Joe – Matador de Aluguel”….

Apesar dos custos, da distância de Manaus para os grandes centros e do nosso público cinéfilo de sofá, é inadmissível que uma das dez cidades mais ricas do Brasil deixe de receber tantas obras importantes do cinema nacional e mundial.

Temos 40 salas de cinema em funcionamento na cidade. Pelo menos, uma delas poderia ser destinada ao cinema alternativo.

8) Funcionários mais preparados

Recentemente, estive em um complexo de cinemas daqui de Manaus para assistir um filme. Perto do fim da sessão, começa uma certa movimentação na porta de entrada da sala. Barulho e mais barulho até que um sujeito manda: CALA A BOCA AÍ!

Acende as luzes e adivinha quem eram os barulhentos: funcionários do cinema!

Esse foi apenas um dos casos. Já vi funcionário uniformizado ajoelhado em uma cadeira de cinema, quase a quebrando; outro com walkie-talkie ligado durante o filme; projeções tremidas e desfocadas e, claro, a desastrosa sessão de lançamento de “O Hobbit”.

Na minha visão, uma parte dos funcionários dos complexos de cinema deveria, obrigatoriamente, ser fã da sétima arte. Com isso, o público e o cinema seriam melhores tratados.

9) Diminuição da cultura do download por parte dos cinéfilos

Os cinéfilos de Manaus vivem um caso curioso: como apontado no ponto 7, a falta de filmes de arte nas salas de cinema faz com que estas pessoas optem pelo download.

Ok, deixando de lado o aspecto legal, é uma situação compreensível para quem está cansado de esperar.

Porém, é preciso que os cinéfilos locais tenham a compreensão de que no momento em que tivermos um “Amor”, “O Som Ao Redor” e o Festival Varilux seja necessário comparecer. Quase como um dever.

Caso prefiram ficar somente no download, perdemos a essência do cinema: ser uma arte de caráter coletivo em vez de individual.

10) Jornalismo cultural para cinema em Manaus

O Cine Set ainda é, nos principais meios de comunicação da capital amazonense, o único espaço fixo voltado para a discussão do cinema local, nacional e mundial, com ótima visualização em postagens e comentários elevados.

Não. Isso não é algo para se gabar ou comemorar.

É olhar para um campo com potencial de crescimento pouco explorado aqui em Manaus e torcer para que se abram portas em novos caminhos. Que tenhamos concorrentes e possamos juntos, quem sabe, lutar para trazer cabines para a cidade ou cobrar das empresas e distribuidoras a vinda de filmes alternativos ou de arte.

Espero que não fiquemos com críticas esporádicas ou apenas a divulgação dos lançamentos da semana.

O cenário, porém, não é nada animador.