Os anos 1980 realmente foram uma época especial para quem curte o gênero terror. E 1986, há 30 anos, pode ser classificado dentro da década como o ano dos filmes de terror divertidos. Para comprovar isso, compilamos uma listinha de alguns títulos americanos que fizeram sucesso naquele ano, uma lista capaz de despertar a nostalgia em trintões e quarentões e que também pode servir para que novos espectadores descubram estes filmes. Se você, leitor, nunca viu nenhum dos títulos mencionados aqui, bem… Recomendo muito que vá atrás deles e divirta-se. Porque, afinal de contas, terror também é diversão.

Sem mais delongas, vamos à lista. Há 30 anos o mundo conheceu:


A Noite dos Arrepios

O filme do diretor/roteirista Fred Dekker parece ter sido feito no liquidificador, porque tem de tudo dentro da história: alienígenas, um prólogo em preto-e-branco ambientado nos anos 1950 com um assassino psicótico, adolescentes, humor, um tira durão, vermes rastejantes e mortos-vivos. Essa mistura surpreendentemente funciona, em grande parte porque a diversão que Dekker e seu elenco estão tendo se irradia para o lado de cá da tela. Hoje em dia, A Noite dos Arrepios é um dos filmes do gênero mais cultuados da década de 1980, e ainda é capaz de entreter o público.


A Casa do Espanto

Um filme de casa assombrada que assustava e fazia rir alternadamente, A Casa do Espanto trazia o escritor Roger Cobb (vivido por William Katt) tentando superar os traumas do passado numa casa que sua avó lhe deixou de herança. Mas logo ele começa a ver coisas e uma criatura sai de dentro do seu armário… Dirigido por Steve Miner e produzido por Sean S. Cunningham, ambos da franquia Sexta-Feira 13, A Casa do Espanto é realmente um daqueles “que não se fazem mais como antigamente”, uma ótima e despretensiosa história de terror temperada com doses de humor.


Sexta-Feira 13 Parte 6: Jason Vive

Falando na franquia… 1986 foi o ano em que foi lançado o mais divertido de todos os Sexta-Feira 13. Em Jason Vive, o diretor e roteirista Tom McLoughlin – que até fez uma carreira razoável nos gêneros terror e suspense – teve permissão do estúdio Paramount para fazer um Sexta-Feira 13 mais bem humorado, aproveitando-se do retorno do Jason, agora zumbificado (Para quem não lembra, ele realmente morreu na Parte 4, batizada, haha, de Capítulo Final). Cenas de ação e bem humoradas são intercaladas entre as mortes, e logo no início McLoughlin deixa claro o clima do filme ao mostrar a ressurreição do Jason no melhor estilo Frankenstein e com uma paródia da abertura dos filmes de James Bond (veja abaixo). A Parte 6 da franquia é tão legal que virou um pequeno “filme cult”, e para muitos fãs assinalou o último momento de qualidade da cinessérie.


Do Além

Um ano depois do sucesso de ReAnimator, o diretor Stuart Gordon e o produtor Brian Yuzna reuniram praticamente a mesma equipe do seu filme anterior – incluindo os atores Jeffrey Combs e Barbara Crampton – para fazer um novo trabalho levemente inspirado pelas histórias do autor H. P. Lovecraft, e o resultado foi este Do Além. Cientistas loucos, criaturas nojentas e taras sexuais fazem do filme uma sessão trash divertida, que mostra a história de um grupo de pesquisadores se metendo com o que não devem ao estimular suas glândulas pineais com um estranho aparelho. Combs consegue ser hilário e sério ao mesmo tempo – “Como um homem de biscoito!” é uma fala clássica – e ainda temos Ken Foree, de O Despertar dos Mortos (1978), como um detetive meio Shaft, e Crampton roubando a cena num inesquecível traje de dominatrix. Para rir e se engasgar com a pipoca.


O Massacre da Serra Elétrica 2

Algumas pessoas não curtem a continuação do icônico longa de 1974 porque o diretor Tobe Hooper – o mesmo do original – resolveu fazer uma comédia/sátira ao invés de um filme de terror. Em sua defesa, Hooper disse que sempre viu o primeiro Massacre como uma comédia irônica – acho que não percebemos por causa dos gritos. Em todo o caso, Massacre 2 hoje em dia é outro “filme cult” e tem sua parcela de cenas nojentas e engraçadas. E traz também o eterno malucão Dennis Hopper como um xerife com duas motosserras nas mãos, buscando vingança contra Leatherface e seus parentes – se ele não fizer você rir, nada fará. Trash e bizarro, mas com algumas boas cenas, Massacre 2 no mínimo serve como alerta para os perigos da cocaína dentro de um set de filmagem… Afinal, Hooper estava usando na época e, pelo seu filme, percebe-se que sua mente não estava num estado muito lúcido.


A Morte Pede Carona

Este não é tão engraçado, mas resolvi incluir porque ele merece destaque. A Morte Pede Carona é um suspense sério sobre um rapaz (C. Thomas Howell) que, dirigindo numa noite de tempestade, resolve ser bom samaritano e oferece carona a um estranho. Esse estranho, porém, é um psicopata e vivido por ninguém menos que Rutger Hauer, ator cult dos anos 1980 por excelência. O personagem de Hauer, chamado John Ryder, leva o protagonista numa jornada de loucura e medo que tem seus momentos absurdos, mas também consegue manter o espectador na ponta da cadeira até o final. Este passeio na montanha-russa não rende risadas como os demais mencionados nesta lista, mas seu poder de entreter o espectador com seu suspense permanece vivo. Afinal, é meio difícil nos esquecermos de John Ryder, depois de o conhecermos…

Mas, pensando bem, a cena com um dedo no meio das batatas fritas é meio engraçada.

Menções honrosas esquisitas e divertidas de 1986:

A Pequena Loja dos Horrores, A Noite das Brincadeiras Mortais, A Hora das Criaturas, Psicose 3, A Aparição.

*Texto original alterado para substituir a equivocada expressão humor negro.