Quando “Jurassic Park” (ou “Parque dos Dinossauros” para os saudosos) arrebentava nas bilheterias dos cinemas em 1993, o rei dos filmes B, Roger Corman aproveitou a brecha nas videolocadoras para lançar mais uma das suas produções – o homem sempre foi um mestre do home vídeo – com pouco orçamento e muita boa vontade. “Carnossauro” era uma alternativa para quem não tinha conseguido conferir os belos dinos de Steven Spielberg e queria se distrair com o tema de maneira digamos alternativa.

Por incrível que pareça, o filme fez um certo sucesso nas locadoras e TV aberta, especialmente, na Band e SBT e até ganhou mais duas continuações, assim formando uma trilogia, algo natural em qualquer franquia. O roteiro de “Carnossauro” é uma viagem colossal: uma cientista louca faz experimentos genético com frangos e dos ovos das galinhas começam a nascer dinossauros que crescem rapidamente, não demorando muito para começar a carnificina. Mais tarde, descobrimos que o plano da protagonista é acabar com a humanidade e devolver o planeta para os seres pré-históricos (pensando bem, hoje em dia não seria uma má ideia).

É claro que esses absurdos apenas fomentam a ideia de que o filme não precisa ser levado à sério em nenhum momento, o que o torna divertido. O baixo orçamento e o lançamento em home vídeo deram também a liberdade criativa e uma classificação indicativa mais elevada. Logo, temos corpos despedaçados, cabeças arrancadas e o final à la Aliens, com direito uma luta de trator versus T-Rex.

Colocado ao lado dos dinossauros de “Jurassic Park” – ambos são do mesmo ano – você entende o salto em efeitos visuais. A produção de Corman recorre a sombras, penumbras e contraluz para disfarçar a precariedade. O animatrônico desengonçado mais mata de rir do que assusta e o efeitos sonoros ainda acrescentam a cereja do bolo.

Agora algumas curiosidades e ironias: Diane Ladd, interpreta a Dra. Jane Tiptree. Até aí tudo bem, mas sabe de quem ela é mãe? Da Laura Dern! Pois é, enquanto a filha estava na maior bilheteria do ano, a mãe estava brincando com dinossauros nas locadoras. Outro ator que está no filme é o Clint Howard, irmão do diretor Ron Howard. Vale dizer que Clint também participou de outro clássico trash exibido rotineiramente no SBT: “O Sorveteiro”. Uma pérola da tosquice.

Enfim, com o seu final pessimista com gancho para sequência e o sucesso em VHS, logo vieram as continuações. A segunda batizada prontamente de “Carnossauro 2” e a terceira, apesar do título original “Carnosaur 3”, aqui no Brasil foi rebatizada genericamente de “Criaturas do Terror” (essa eu lembro também de alugar em VHS).

Bizarrices à parte, “Carnossauro” é daquele tipo de filme para assistir ao lado da turma de amigos. Sentar na sala, pedir uma pizza e ficar zoando enquanto a carnificina rolava na tela.