Depois do começo promissor e a consolidação com “O Doce Amanhã”, Atom Egoyan não conseguiu mais se acertar. Nos últimos anos, a situação piorou de vez com uma série de filmes fracos como suspense de Supercine “O Preço da Traição” e o regular “Sem Evidências”. Para dar um incentivo, o Festival de Cannes 2014 colocou a nova produção do cineasta egípcio na seleção oficial pela luta da Palma de Ouro. A recepção fraca por parte da crítica especializada ilustra bem a bomba que é “À Procura”.

Filme acompanha por oito anos o sofrimento de Matthew (Ryan Reynolds) e Tina (Mireille Enos) em busca do paradeiro da filha desaparecida misteriosamente. Mesmo com uma cooperação turbulenta, os pais contam com a ajuda do departamento de polícia da região liderado pela policial Nicole (Rosario Dawson) e o parceiro dela Jeffrey (Scott Speedman).

Egoyan até possui o mérito de nos primeiros minutos escolher contar a história de forma fragmentada, intercalando períodos de tempo de diversos tempos. Isso tira o espectador da posição passiva para que atue como agente capaz de montar a trama. O problema é que o filme se perde nessa estratégia ao insinuar mistérios solucionados pouco tempo depois ou antecipar viradas importantes da história como um sequestro “inesperado” presente no ato final.

O roteiro ainda não ajuda com situações mal elaboradas como o mais incompetente departamento policial da história (afinal de contas, não consegue avançar quase nada no caso em 8 anos e Jeffrey parece disposto a incriminar o pai pelo sumiço da garota sem um motivo aparente) e criminosos doidos para serem pegos (o que é aquela misteriosa mulher no meio da uma festa lotada de gente e com policiais ao redor para fazer o que faz?).

Se Rosario Dawson se esforça ao máximo para conseguir introduzir alguma densidade em Nicole ao mostrar o desgaste de uma profissão ingrata, Ryan Reynolds se mostra limitado demais para viver um pai angustiado pela perda da filha. Isso fica ainda mais evidente quando colocado em contraposição com Mireille Enos, muito mais precisa como uma mãe desesperada. Já Kevin Durand como o vilão Mika tentou criar algo capaz de trazer uma certa psicopatia ao personagem, porém, a atuação é tão caricatural que somente arranca risadas involuntárias.

Nem mesmo a boa fotografia feita por Paul Sarossy ao realçar a neve para ilustrar o estado emocional desgastante sem esperanças daquelas pessoas consegue salvar “À Procura”. Egoyan precisa mesmo se reinventar urgentemente.

NOTA: 5,0