A AT&T confirmou no sábado à noite um acordo para comprar a Time Warner por US$ 84,5 bilhões. Além disso, prevê que a AT&T absorva a dívida do grupo, o que elevaria o valor do negócio para US$ 108,7 bilhões.

A fusão criará um grupo de mídia e tecnologia com controle sobre um vasto número de empresas de comunicação e de entretenimento, assim como os recursos para sua difusão. A AT&T estima uma sinergia de US$ 1 bilhão em três anos com a união dos negócios.

A Time Warner é dona de canais de televisão como HBO e CNN e dos estúdios Warner Bros. Já a AT&T é uma operadora de telefonia, provedora de TV a cabo e internet móvel e fixa, avaliada em US$ 230,6 bilhões.

A operação alcança “a perfeita combinação de duas companhias com capacidades complementares, que podem oferecer uma nova visão sobre como os meios e a indústria das comunicações trabalham para os clientes, criadores de conteúdos, distribuidores e publicidade”, disse o presidente-executivo da AT&T, Randall Stephenson, em comunicado a investidores.

“Conteúdo de qualidade sempre vence. Isso é verdade em grandes telas, na TV e agora está se provando verdade nas telas de celular. Nós vamos ter o melhor conteúdo premium adicionado à experiência de entregar isso para cada tela”, ressaltou Stephenson.

Para o executivo, um dos maiores problemas do mercado atual é que o cliente paga por conteúdo, mas não pode acessá-lo em todas as telas. “Nossa meta é resolver isso”, disse.

A aquisição deve ser analisada pelas autoridades reguladoras, já que a nova entidade terá um peso de mais de US$ 300 bilhões na Bolsa, com atividades tanto na área de telefonia quanto de mídia, televisão por assinatura e internet.

União de conteúdo e tecnologia

Essa é uma das maiores fusões entre um provedor de acesso aos canais de televisão por assinatura e um provedor de conteúdo desde a compra, em 2011, da NBCUniversal pela Comcast.

A operação completa a mudança estratégia para a área de vídeos adotada nos últimos anos pela AT&T.

Uma das operações mais “transformadoras” para a operadora de telecomunicações foi a compra, por quase US$ 50 bilhões (sem a dívida) da DirecTV, concluída ano passado, que fez do grupo um dos principais personagens do mercado americano da televisão paga.

Com a Time Warner, proprietária dos estúdios Warner Bros e dos canais HBO e CNN, a AT&T controlará um importante catálogo de conteúdo em áreas como o esporte, o cinema (“Esquadrão Suicida”, “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, entre outros) e séries de TV (“Games of Thrones”, “The Wire”, “Sex in the City” “The Sopranos”).

Vários analistas, no entanto, apontam que a fusão pode enfrentar a resistência das agências reguladoras americanas. “Pensamos que uma longa análise antitruste pode fazer com que as duas partes reflitam”, afirma o Credit Suisse, que recorda a profunda análise a que foi submetida a união entre Comcast e NBCUniversal.

Na mira de aquisições

Há dois anos, a Time Warner rejeitou uma oferta de mais de US$ 75 bilhões da 21st Century Fox, sua rival controlada pela família Murdoch, por considerar o preço insuficiente. A Time Warner já passou por uma tentativa, sem sucesso, de fusão com o grupo de internet AOL, em 2000.

O interesse da AT&T pela Time Warner demonstra “o valor dos meios de comunicação para diversos distribuidores”, destaca a RBC Capital Markets.

A Time Warner representa uma fatia muito atrativa do mercado, com o elevado valor dos conteúdos que possui e também pela estrutura relativamente simples de seu capital, por ter apenas um tipo de ação.

Em outros grandes grupos, um acionista majoritário controla a empresa, como a família Murdoch na 21st Century Fox e os Redstone na Viacom e CBS.

da Agência France Press