A morte do diretor americano Tony Scott, apesar da tragédia, lançou luz sobre o seu legado como um dos diretores mais consistentes e interessantes do cinema americano recente.

Mesmo sem um clássico indiscutível como seu irmão Ridley – diretor de Alien (1979), Blade Runner (1982) e Gladiador (2000) –, saber que havia um Tony Scott em cartaz era ter a certeza de encontrar um filme de ação bem-feito, inteligente e recompensador no final. Que o digam Fome de Viver (1983), Top Gun – Ases Indomáveis (1986), Chamas da Vingança (2004), Deja Vù (2006) e por aí vai…

Em sua homenagem, o Cine Set ajuda agora a resgatar o trabalho de outros diretores, que, assim como Scott, têm a capacidade de produzir filmes eficientes e memoráveis – e mesmo assim continuam desconhecidos por uma parte dos críticos e plateias mundo afora.

Veja a lista:

Barry Levinson

Esse diretor norte-americano enfileirou sucessos durante os anos 1980 e 90, mas nunca foi colocado no primeiro escalão entre os seus pares.

O que tem mesmo a sua razão de ser, mas não o subestime: entre os trabalhos mais famosos de Levinson há desde sucessos como Rain Man (1988), vencedor de 4 Oscars, e Sleepers – A Vingança Adormecida (1996), a trabalhos menores mas igualmente interessantes, como o drama Quando os Jovens se Tornam Adultos (1982) e a comédia Mera Coincidência (1997).

Peter Weir

Outro veterano da direção, Weir chamou atenção com o cult Sociedade dos Poetas Mortos (1989), com Robin Williams, que tinha um roteiro criativo e um visual marcante.

Essas duas características dão a liga nos sucessos posteriores do diretor australiano: O Show de Truman (1998), Mestre dos Mares – O Lado mais Distante do Mundo (2003) e Caminho da Liberdade (2010). De todos os nomes desta lista, é o mais provável candidato a “clássico”.

Jorge Furtado

Quando se fala nos grandes cineastas brasileiros da atualidade, três nomes sempre vem à mente dos mais afoitos: Walter Salles, José Padilha e Fernando Meirelles.

Nada mais injusto a Jorge Furtado, um dos nomes mais criativos e inteligentes da Retomada do Cinema Brasileiro.  Tendo se destacado desde o início da carreira por seus curtas engenhosos, o gaúcho criou grandes trabalhos tanto no cinema quanto na televisão. Em 2003, seu filme O Homem que Copiava se tornou um dos grandes sucessos da chamada Retomada do cinema brasileiro.

Mas ele também dirigiu os divertidos Meu Tio Matou um Cara (2004) e Saneamento Básico – O Filme (2007). Na TV, colaborou na produção de séries famosas como A Comédia da Vida Privada (1995) e Cidade dos Homens (2003).

Terry Gilliam

Integrante da trupe de humor britânica Monty Phyton, Terry Gilliam possui grandes filmes na carreira como “Brazil – O Filme” e “Os 12 Macacos”.

Porém, a quantidade de obras irregulares nos últimos anos (“Os Irmãos Grimm”, “Contraponto” e “O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus”) fez com que seu nome deixasse de ser um referência de um grande filme. Nada que efete sua importância para o cinema.

Andrew Niccol

O diretor neozelandês se destacou primeiro como roteirista, ao escrever o brilhante script de O Show de Truman, mas vem provando ser um diretor de talento em filmes como Gattaca – Experiência Genética (1997), O Preço do Amanhã (2011) e em especial no sucesso O Senhor das Armas, que roubou a cena quando foi lançado, em 2005.

Curtis Hanson

Em atividade desde os anos 1970, Hanson ganhou notoriedade com o suspense noir Los Angeles – Cidade Proibida (1997).

De lá pra cá, ele nunca mais conseguiu repetir o sucesso daquele filme, mas seria bobagem dispensar obras sensíveis como 8 Mile – Rua das Ilusões (2002) ou Em Seu Lugar (2005) por causa disso.

John McTiernan

Este veterano do cinema de ação é responsável por três grandes sucessos do gênero: O Predador (1987), Caçada ao Outubro Vermelho (1990) e principalmente o primeiro filme da série Duro de Matar (1988), que lançou para o mundo o mais longevo (e talentoso) herói desse tipo de filme: Bruce Willis.

Edward Zwick

Um dos casos mais notórios de indiferença da crítica e das premiações especializadas. Zwick é um diretor eficiente e tem preferência por tramas bem elaboradas e de forte apelo emocional.

É o caso de Dias de Glória (1989), Nova York Sitiada (1998), O Último Samurai (2003), Diamante de Sangue (2006) e Um Ato de Liberdade (2008). Como produtor, Zwick e sua empresa já financiaram obras de sucesso como Traffic (2000) e Shakespeare Apaixonado (1998), pelo qual recebeu seu único Oscar.

Marc Forster

O diretor alemão estreou com o aclamado drama A Última Ceia, de 2001, filme que deu o Oscar à atriz Halle Berry. Seu segundo trabalho foi ainda melhor: o sensível Em Busca da Terra do Nunca (2004) com Johnny Depp e o menino Freddie Highmore.

De lá pra cá, Forster deu uma caída, produzindo os irregulares Mais Estranho que a Ficção (2006) e O Caçador de Pipas (2007), bem como o fraco 007 – Quantum of Solace (2008), um dos piores da saga protagonizada pelo espião James Bond. Torcemos para que esse talentoso cineasta volte a exibir a vitalidade de suas duas primeiras obras.

Lasse Hallström

Talvez o nome menos “marcante” desta lista, Hallström não tem nenhum grande sucesso no currículo. Nem por isso deixamos de apreciar ótimos trabalhos como Minha Vida de Cachorro (1985) e Regras da Vida (1999), bem como produções mais modestas, como o divertido Casanova (2005) e o comovente Sempre ao Seu Lado (2009).

Seu último trabalho foi uma versão para o best-seller açucarado Querido John (2010). Essa e outras produções tolas do diretor, tais como Chocolate (2000) e Chegadas e Partidas (2001), nós preferimos deixar de lado.