Quando entrei na UFAM para cursar Jornalismo em 2006, nunca imaginei que meu primeiro emprego na profissão seria como videorrepórter. Talvez riria se fizessem essa previsão. Eis que minha curta carreira teve início justo na formação da equipe de VRs do Portal D24AM em 2010. Cheguei a ser editor-multimídia após a saída de Danilo Egle, o sujeito que trouxe esse conceito para o jornalismo dos sites do Amazonas. Fiquei no posto até maio de 2012 quando sai do Diário do Amazonas para trabalhar no G1 Amazonas.

Assistir o documentário dirigido por Rômulo Araújo (colega e amigo da primeira formação de VRs do D24AM) traz boas lembranças e reflexões daquele período de aprendizado. “Caminhos da Videorreportagem no Amazonas” apresenta as experiências desse gênero jornalístico e os dilemas da profissão. Entrevistas com nomes importantes da imprensa local ligados ao desenvolvimento dessa técnica como Márcio Noronha, Arnoldo Santos, Gustavo Soranz, Orlando Júnior, além do repórter da Rede Globo, Flávio Fachel, fazem parte do material. (Ah! Esse que vos escreve faz uma breve participação, porém, esqueçam: não dá para entender nada. Não critiquem o diretor: o problema é a maldita capacidade de se enrolar do entrevistado).

Como obra de estreia em curtas-metragens de Rômulo Araújo, “Os Caminhos da Videorreportagem no Amazonas” apresenta uma estrutura rígida em que os assuntos seguem tópicos, o que faz o filme não fluir naturalmente. Além disso,  peca por ficar centrado na discussão no âmbito jornalístico, faltando imagens de apoio para ilustrar como é o trabalho do profissional na rua. Quem não é do setor, pode não ter a dimensão da diferença do VR para equipes tradicionais de televisão. Porém, não pretendo aqui fazer uma crítica cinematográfica, pois, admito que não seria imparcial o suficiente para a análise do material. Faço apenas esses comentários mais como contribuições/dicas ao realizador e por respeito ao leitor do Cine Set.

Os exemplos de videorreportagens mostradas pelo documentário apontam um caminhar em desenvolvimento do trabalho no Amazonas. Mesmo com a importante função de levar os fatos do interior do estado à tela da Rede Amazônica (afiliada da Rede Globo), as VRs, em geral, ainda possuem características semelhantes à televisão e pouco presentes nos meios de comunicação do Amazonas. O debate colocado no filme sobre a produção aqui do D24AM mostra a riqueza já explorada pela técnica e a capacidade de trazer conteúdos diferenciados como, por exemplo, o chilique do então prefeito Amazonino Mendes durante coletiva de imprensa.

Durante a exibição de “Os Caminhos da Videorreportagem no Amazonas”, recordei o período como VR, indo para rua cobrir desde a greve dos ônibus até José Serra fazendo ginástica com Artur Neto. Tempos quase pueris e loucos vistos hoje. Refleti também sobre minha época no comando do setor multimídia do D24AM. Mesmo com a noção de que fiz um trabalho razoável, a sensação que poderia ter feito muito mais e explorado possibilidades dentro desta técnica seguem em mim desde o fim do curta. Sabe aquele sentimento de ‘eu tive o poder, mas não fiz tudo’? Poisé… O alívio é ter um pessoa para lá de competente como Patrícia Correia (também entrevistada no documentário) no meu lugar para fazer o que não fiz.

Continuo acreditando na videorreportagem como alternativa de formato audiovisual para o jornalismo no Amazonas, sendo o documentário de Rômulo Araújo  importante para esse debate. A experimentação, a inteligência aliada a sensibilidade do profissional e a possibilidade em oferecer visões diferentes da vista na televisão são as portas para o crescimento do setor.

Quem sabe futuros universitários não desejem ser VRs?

https://www.youtube.com/watch?v=NR14WMD2IGY&list=UUBztuRrdXGIw4onzyaVI3vg