“Quero Ser John Malkovich”, “Adaptação”, “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”… A carreira de Charlie Kaufman é marcada por uma das melhores produções feitas no cinema americano nos últimos anos. Porém, apesar de todas as críticas positivas e dos prêmios vencidos, o roteirista ainda não se tornou sinônimo de altas bilheterias. O resultado mais claro disso aconteceu com “Anomalisa”: a animação existencialista arrecadou apenas US$ 3,7 milhões não conseguindo recuperar o investimento de US$ 8 milhões.

Em entrevista ao site The Playlist, Charlie Kaufman se mostrou frustrado com o resultado do filme e atual rumo da carreira. O roteirista e diretor de “Anomalisa” relembrou a batalha para fazer o projeto que durou dois anos para ser concluído. “Fizemos todo o trabalho completamente fora do sistema porque ninguém sabia que estava acontecendo. Não foi por segredo ou escolha; foi porque ninguém deu a mínima”, revelou. Somente após receber um prêmio especial no Festival de Veneza em 2015, a animação teve os direitos de distribuição obtidos pela Paramount Pictures. Para Kaufman, o fato fez a equipe se sentir vingada por todo o esforço sendo reconhecido.

Lançado em circuito limitado nos EUA, “Anomalisa” não decolou nas bilheterias. Isso mesmo com a unanimidade da crítica em apontar que a animação era um dos melhores trabalhos de Kaufman até mesmo pela indicação ao Oscar da categoria ao lado do sucesso da Pixar, “Divertida Mente” e do brasileiro “O Menino e o Mundo”.  “Sabe, eu fico desapontado tendo excelentes críticas e não fazer nenhum sucesso. Não é algo que me faz desgostar do filme, pelo contrário, ainda tenho muito orgulho dele. Mas, eu achei quando a Paramount pegou o filme: ‘Bem, ok, esse filme vai fazer algum dinheiro e ajudar minha carreira’. Muito disso veio porque “Anomalisa” obteve ótima críticas, enquanto “Sinédoque Nova York” foi algo mais dividido. Agora, não sei a resposta e nunca saberei. É frustrante”, confessa Charlie Kaufman.

Ele ainda declarou que o fracasso de “Anomalisa” atrapalhou um sonho dele sair do papel: o financiamento do projeto “Frank or Francis”, projeto guardado na prateleira há seis anos. Por fim, o roteirista filosofou sobre a própria carreira: “Tem sido tão difícil e desmoralizante tentar e fazer tudo. Especialmente depois de um período em que tudo era fácil de ser feito. Tive uma época em que era difícil realizar os projetos, porém, depois de ‘Malkovich’, os meus roteiros começaram a serem feitos. Foi uma fase. Você perde esta fase muito rápido em uma indústria como essa. As pessoas se esquecem de você e mais gente chega aonde você estava. É difícil”, finaliza.