O complicado caso que se tornou a indicação brasileira para o Oscar 2017 ganhou novos capítulos nas últimas 48 horas. Após a saída de “Mãe Só Há Uma” e “Boi Neon” da disputa, o diretor Kleber Mendonça Filho decidiu manter “Aquarius” na briga por uma vaga. Outras quatro produções continuam no páreo: “Nise”, “Tudo que Aprendemos Juntos”, “Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo” e “Pequeno Segredo”. E um novo candidato deve entrar: “Chatô – O Rei do Brasil”. As informações são da Folha de São Paulo.

Considerando o ato de Anna Muylaert e Gabriel Mascaro como incríveis, Kleber Mendonça Filho declarou que pretende manter “Aquarius” no páreo. “Tenho interesse de ver o processo se completar dentro das regras democráticas”, disse.

Para tornar ainda mais polêmica toda a situação, o integrante da comissão do Ministério da Cultura para a escolha do candidato brasileiro ao Oscar 2017, Guilherme Fiúza Zenha, anunciou o desligamento da função. “Informo que no dia de ontem, 25 de agosto, comuniquei ao MinC, meu desligamento da Comissão Especial de Seleção ao Prêmio de Melhor Filme de Língua Estrangeira (Oscar) da 89a Premiação Anual por questões pessoais”, divulgou no Facebook.

ChatoAna-Branco

Diretores mantêm candidatura

Quem quer entrar na disputa é Guilherme Fontes com “Chatô”. Depois de conseguir lançar o filme após anos de problemas fiscais, o cineasta se disse empolgado para concorrer ao Oscar. “São mais de 30 críticas excepcionais, cinco dos prêmios nacionais mais representativos do setor, quase unânimes. Acho que meus técnicos e atores, que tanto se empenharam, merecem”, declarou. Segundo ele, a inscrição deve acontecer nesta sexta-feira (26).

O diretor de “Nise”, Roberto Berliner, declarou que apoia o colega Kleber Mendonça Filho em relação às críticas feitas por Marcos Petrucelli, mas, não quer abandonar a possibilidade de indicação. “Sou solidário a Kleber, temos as mesmas posições políticas. Mas, em princípio, estou mantendo a inscrição. Acho que nós cineastas deveríamos nos unir contra a nomeação de Petrucelli e não retirar os filmes”, afirmou.

Ministério da Cultura mantém confiança em comissão

Em nota enviada à Folha de São Paulo, o secretário do Audiovisual, Alfredo Bertini, declarou que a comissão irá levar em contas critérios fora da natureza política. Ele ainda afirmou que não será levada em conta qualquer tipo de ambiente de pressão ou constrangimento para favorecer ou prejudicar qualquer filme.

Entenda o caso

Durante a participação de “Aquarius” no Festival de Cannes, em maio deste ano na França, o diretor e a equipe manifestaram o descontentamento com o atual momento político no Brasil ao exibirem placas com críticas ao impeachment de Dilma Rousseff e a tomada de poder pelo agora presidente interino Michel Temer. Na ocasião, o crítico Marcos Petruccelli teceu comentários negativos sobre a atitude da equipe em seu perfil público na rede social Facebook e culminou com as acusações de uso de mau uso dinheiro público.

No início de agosto, foram divulgados os membros da Comissão Especial de profissionais que definirão o candidato a uma vaga de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2017. Além de Petruccelli, compõem o grupo Adriana Rattes, Luiz Alberto Rodrigues (Beto Rodrigues), George Torquato Firmeza, Guilherme Fiuza Zenha, Ingra de Souza Liberato, Paulo de Tarso Basto Menelau, Silvia Maria Sachs Rabello e Sylvia Regina Bahiense Naves. Porém, a rusga entre o crítico, que afirmou não ter visto o filme de Mendonça Filho à época em que teceu os comentários, e o diretor é o que tem chamado atenção, embate este que ganha mais um capítulo com a resposta do diretor na Folha. Procurado pelo Cine Set para comentar sobre os trabalhos da Comissão Especial há algumas semanas, Petruccelli não quis se pronunciar.