Apesar de muitas vezes tentarem nos convencer do contrário, a mulher do cinema não é apenas a esposa sofrida ou a garota-troféu. Graças a muitos cineastas e roteiristas – tanto do sexo feminino quanto do masculino -, há as redentoras exceções à regra. E nesse Dia Internacional da Mulher, o Cine SET lembra de cinco diretores que amam as mulheres e fazem delas ponto central de suas obras.

Jane Campion

Bom, nada melhor que começar com uma mulher, não é mesmo? Aliás, coloquei só a australiana Jane Campion, porque se fosse fazer a lista só com o sexo feminino, seria uma lavada um tanto quanto injusta contra os homens. Campion é um pouco esquecida pelo grande público, o que é bem injusto, visto que ela concedeu a atrizes como Holly Hunter, Kate Winslet e Nicole Kidman alguns dos seus papeis mais complicados e interessantes – até Meg Ryan teve dias de glória sob a batuta de Campion. Seja em dramas de época ou em filmes contemporâneos, a diretora é um daqueles exemplares versáteis do atual cinema. Fica aqui a torcida para que ela volte a entregar obras tão instigantes quanto “Fogo Sagrado!” e “O Piano”.

Todd Haynes

Recentemente, Cate Blanchett (que foi dirigida por Haynes em duas ocasiões) disse que trabalhar com ele é a mesma coisa que trabalhar com uma mulher, tamanha a sensibilidade artística que o cineasta imprime em suas obras. Nos últimos 20 anos, Haynes foi o responsável por alguns dos papeis mais pungentes interpretados por mulheres no cinema: da mulher doente de Julianne Moore em “A Salvo” à dona de casa infeliz que a mesma atriz fez em “Longe do Paraíso”, passando pela melodramática “Mildred Pierce” de Kate Winslet às apaixonadas Blanchett e Rooney Mara em “Carol”. E, falando na atriz australiana, como não citar a ousadia do cineasta em colocá-la como um dos “Bob Dylans” do sensacional “Não Estou Lá”?

Pedro Almodóvar

O mais novelesco dos cineastas atuais também entende as complexidades femininas como poucos. A expressão “mulheres de Almodóvar” já é quase um arquétipo por si só. Assim como os já citados Todd Haynes e Jane Campion, o diretor tem a habilidade de extrair de suas estrelas o melhor que elas têm a oferecer. Isso se deve ao fato de ele também ser o roteirista de suas obras e, assim, criar tipos inesquecíveis e cheios de nuances.

Ridley Scott

Scott tem seu nome cravado na história do cinema não só pelos clássicos que assinou, mas também por ter colocado no caminho de quem ama a sétima arte três personagens femininas absolutamente icônicas: a destemida agente Ripley de “Alien, o Oitado Passageiro” e as intrépidas “Thelma e Louise”. A força do “girl power” é grande com o cineasta, o que só nos faz pedir: volte a fazer filmes centrados nas “minas”, Ridley!

Woody Allen

Polêmicas à parte, uma coisa é concreta: há, pelo menos, 40 anos, Woody Allen tem criado mulheres infinitamente mais interessantes que seus homens neuróticos. Também cheias de neuroses, porém ricas em aspectos que vão além do diálogo rápido e inteligente do diretor/roteirista, as mulheres de Allen são espertas (“Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”), apaixonantes (Cecilia de ‘A Rosa Púrpura do Cairo’), misteriosas (Nola de ‘Match Point’) e apaixonantes (Maria Elena de ‘Vicky Cristina Barcelona’) e, mesmo quando unidimensionais, ganham outra aura graças ao casting sempre certeiro.