MELHOR CENA DE 2016

  1. Darth Vader ataca os rebeldes, de “Rogue One – Uma História Star Wars” – 99 PONTOS
  2. Cupim na mesa, de “Aquarius” – 96 PONTOS
  3. O ataque do urso, de “O Regresso” – 88 PONTOS
  4. Fuga de Jack, de “O Quarto de Jack” – 72 PONTOS
  5. Primeiro contato com os alienígenas, de “A Chegada” – 34 PONTOS

Sonia Braga em Aquarius

Caio Pimenta

  1. Cupim na Mesa, de “Aquarius”
  2. Refugiado 41, de “Fogo no Mar”
  3. Teste de roupa em vestuário, de “Mãe Só Há Uma”
  4. Margot Robbie explica swaps e subprimes, de “A Grande Aposta”
  5. Primeira batalha, de “O Regresso”
  6. Estupro da protagonista, de “Elle”
  7. Véspera da final da Copa do Mundo, de “O Futebol”
  8. Celebração da seita religiosa fanática, de “O Abraço da Serpente”
  9. Batalha no aeroporto, de “Capitão América – Guerra Civil”
  10. Primeiro encontro entre as duas na loja, de “Carol”

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Tenho uma série de restrições a “Aquarius”, mas não dá para negar o impacto da cena final pela construção muito bem feita por Kleber Mendonça Filho até aquele momento. O olhar do refugiado 41 para a câmera questiona a nossa humanidade em “Fogo no Mar”, enquanto “Mãe Só Há Uma” e “A Grande Aposta” vão, respectivamente, na provocação e ironia para atingir seus objetivos. Iñarritu traz ecos de “Birdman” para uma batalha de tirar o fôlego, enquanto Paul Verhoeven provoca um impacto inicial assustador com a primeira cena de “Elle”. E o que dizer do impacto da cena do triste documentário de Sérgio Oksman? Com tantas cenas marcantes, “O Abraço da Serpente” precisava estar na lista. O combate entre os mais diversos heróis em “Capitão América” foi o ponto alto de uma Hollywood fraca em 2016. Para terminar, duas atrizes no auge da forma combinadas com a elegância de Todd Haynes só poderia resultar em um momento mágico.

Jacob Tremblay em O Quarto de Jack
Camila Henriques

  1. Jack escapa e vê o mundo pela primeira vez, de “O Quarto de Jack”
  2. Darth Vader versão ‘baddass’, de “Rogue One”
  3. Clara e a filha enfrentam os fantasmas do passado, de “Aquarius”
  4. A última luta, de “Creed”
  5. ‘O Bêbado e a Equilibrista’, de “Elis”
  6. Sin Dee canta Doris Day, de “Tangerine”
  7. Lisa canta ‘Girls Just Wanna Have Fun’, de “Anomalisa”
  8. O ataque do urso, de “O Regresso”
  9. Homem-Aranha rouba a cena, de “Capitão América: Guerra Civil”
  10. O primeiro contato, de “A Chegada”

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Das duas vezes que assisti “O Quarto de Jack”, a cena em que o protagonista (vivido pelo fofíssimo Jacob Tremblay) escapa do único lugar que conhece sempre sobressaiu. A direção cirúrgica de Lenny Abrahamson conferiu a esse momento a tensão na medida certa ao mesmo tempo em que a câmera subjetiva nos colocou na pele de um garotinho de 7 anos descobrindo o mundo. Nos 45 do segundo tempo, “Rogue One” entregou um momento que justificou ainda mais Darth Vader como um dos grandes vilões do cinema.

Foi difícil escolher apenas um momento de “Aquarius”, mas a força da atuação de Sônia Braga na cena em que Clara confronta os filhos é de emocionar. “Creed” trouxe algumas das melhores sequências de luta da série “Rocky” e não há palavras para o momento em que o tema icônico de Bill Conti finalmente toca. O ano também foi rico em momentos musicais, da tocante “O Bêbado e a Equlibrista” – uma das poucas grandes cenas de “Elis” – à melancólica versão de “Girls Just Wanna Have Fun” em “Anomalisa”, passando pela performance de Sin Dee ao cantar uma música de Doris Day em “Tangerine”.

O famigerado ataque do urso em “O Regresso” impressionou pelo realismo, enquanto o Homem-Aranha de Tom Holland foi um dos poucos momentos empolgantes do cinema de super-heróis em 2016. Fecho a lista com o primeiro contato de Louise (Amy Adams) com os seres até então desconhecidos, em “A Chegada”.

Isabelle Huppert em Elle
Danilo Areosa

  1. A transformação de Michele no porão, de “Elle”
  2. Troca de olhares entre Carol e Therese, de “Carol”
  3. Cena de exorcismo, de “A Bruxa”
  4. Luta final em plano-sequência, de “Creed – Nascido para Lutar”
  5. Aniversário de Dona Lúcia, de “Aquarius”
  6. Passeio de Suzu entre as árvores, de “Nossa Irmã Mais Nova”
  7. Plano-sequência do ataque dos índios, de “O Regresso”
  8. Descoberta do que aconteceu com os militares na estação de trem, de “Invasão Zumbi”
  9. Sexo no galpão, de “Boi Neon”
  10. A invasão da casa, de “O Homem das Trevas”

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No contexto de cenas e momentos impactantes, 2016 não foi tão intenso (ou equilibrado) quanto 2015, porém, tivemos um bom ano e isso não se nega. Se 2016 foi marcado pelas polêmicas dos filmes nas redes sociais, foi ótimo ver o holandês Verhoeven levar o debate para dentro do ringue cinematográfico em “Elle”. A sequência que Michele (a grande Isabelle Huppert) chega à epifania sobre sua condição perversa em um porão quente e de cores avermelhadas, ao lado do seu algoz, pontua o auge da intensidade deste trabalho magnífico. Aos fãs dos planos-sequências, tivemos duas cenas maravilhosas: a luta final em “Creed – Nascido Para Lutar” e o ataque de índios na abertura de “O Regresso”.

Memórias, sexo e olhares também estiveram presentes em cenas importantes de 2016. Em Aquarius”, a festa de aniversário de Dona Lúcia reproduz a importância da memória afetiva nos nossos desejos. “Boi Neon” mostra o lado ousado do sexo na sua essência mais carnal na sequência do Galpão. A troca de olhares entre Carol e Therese no final de Carol” pontua o sentimento singelo e belo entre duas mulheres. O cinema de horror deixou marcas assustadoras: o exorcismo de Caleb em “A Bruxa” é de gelar a espinha; e você realmente fica sem fôlego ou respiração na sequência de invasão da casa em “O Homem das Trevas”. E por fim, o cinema asiático transmitiu dois sentimentos fundamentais: o primeiro da liberdade em “Nossa Irmã Mais Nova”, quando a adorável Suzu passeia de bicicleta entre as árvores. O outro foi o de pavor em “Invasão Zumbi”, na assustadora descoberta do que aconteceu aos militares na estação. Haja coração para segurar a tensão nesta magistral obra coreana.

Jacob Tremblay em O Quarto de Jack
Diego Bauer

  1. Jack vendo o céu pela primeira vez, de “O Quarto de Jack”
  2. Hugh Glass e o urso, de “O Regresso”
  3. A sequência da alucinação, de “O Abraço da Serpente”
  4. Michael Rezendes discutindo com Walter Robinson pra que eles publicassem a matéria, de “Spotlight: Segredos Revelados”
  5. O número musical de Channing Tatum, de “Ave, César!”
  6. O primeiro contato de Louise e Ian com os alienígenas, de “A Chegada”
  7. Lisa cantando ‘Girls Just Want to Have Fun’, de “Anomalisa”
  8. A cena final, de “Jovens, Loucos e Mais Rebeldes”
  9. Cena das mortes no fogo e Saul escapando, de “O Filho de Saul”
  10. A cena inicial, de “Elle”

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Uma cena é marcante quando nos faz esquecer que estamos vendo um filme, quando nos esquecemos que se tratam de atores interpretando, e nos transportamos sem defesas para aquela história. E “O Quarto de Jack” possui a cena mais impressionante do ano por conseguir esses elementos, ao presenciarmos um garoto olhando o mundo pela primeira vez. De arrepiar.

Indo além do que já fizera Ang Lee com “As Aventuras de Pi”, Iñarritu e a sua obsessão estética realizaram um feito memorável em “O Regresso”, com uma cena absolutamente fantástica de um homem sendo atacado por um urso enfurecido. O resultado dos efeitos digitais é impressionante.

Enquanto isso, “O Abraço da Serpente” vai por outro caminho, mais místico, no caminho pantanoso das lendas indígenas, numa sequência alucinógena transcendental que é diferente do que comumente vemos no cinema. “Spotlight” é um filme de construção lenta, gradual, baseado num trabalho de dia a dia. Tão inevitável quanto o choque pela temática é o estresse e conflito que ocorre entre aquelas pessoas, sintetizadas na forte cena de confronto entre os personagens de Mark Ruffalo e Michael Keaton.

Mais cínicos do que nunca, os irmãos Coen, auxiliados pelo cada vez melhor Channing Tatum, realizaram a cena musical mais divertida dos últimos anos em “Ave, César!”. Toda a construção que envolve o primeiro contato de Louise e Ian com os alienígenas em “A Chegada” é mais um exemplo do raro domínio de Villeneuve na condução de cenas importantes em seus filmes.

“Anomalisa” é o filme mais humano do ano, e as suas qualidades estão muito direcionadas para aquilo que nos define, as nossas contradições, ansiedades, inseguranças e o poder de nos encantarmos com o que parece ordinário para muita gente, tipo uma moça cantando Cindy Lauper num quarto de hotel. Assistir a essa cena isoladamente, sem ter assistido ao restante do filme, talvez possa parecer que ela não possui nada de extraordinário. Mas o que Linklater tem de diferenciado é a compreensão de como os atos banais do cotidiano, as relações de amizade, escondem uma linda poesia quando somadas, e lembradas de trás pra frente, a arma principal deste excelente “Jovens, Loucos e Mais Rebeldes”.

O estilo de Nemes pode acabar nos afastando em determinados momentos de “O Filho de Saul”, mas a sequência no fogo é dos momentos mais brutais de 2016, e carregam uma força impressionante. Começar com o pé na porta é o que recomendam alguns manuais de roteiro por aí. Verhoeven faz isso, mas dizer isso é pouco pra explicar o que é essa sequência de “Elle”. Aliás, nada é uma coisa só nesse filme. Cena impactante, e com muitas nuances, detalhes que vão se revelando. Pra ver várias vezes.

Darth Vader em Rogue One
Gabriel Oliveira

  1. Darth Vader toca o terror, de “Rogue One: Uma História Star Wars”
  2. O presente de Clara, de “Aquarius”
  3. Black Phillip faz uma proposta irrecusável, de “A Bruxa”
  4. O final de Carol e Therese, de “Carol”
  5. O primeiro contato, de “A Chegada”
  6. Jack conhece o mundo, de “O Quarto de Jack”
  7. A viagem espiritual, de “O Abraço da Serpente”
  8. A morte dos pais, de “Kubo e as Cordas Mágicas”
  9. As preguiças, de “Zootopia”
  10. O “surubão”, de “Festa da Salsicha”

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Fan service, quando é bem feito e atende à história, precisa ser lembrado, e “Rogue One: Uma História Star Wars” só precisou de menos de dois minutos para lembrar ao público a figura ameaçadora que é Darth Vader, numa cena digna de gritos de vitória e de terror no cinema.

Em seguida, o belo simbolismo de Aquarius” coloca Sonia Braga devolvendo à empreiteira o “câncer” que lhe deram, enquanto Black Phillip se revela em “A Bruxa” e nos convida a viver deliciosamente. 2016 também foi um ano de encontros marcantes no cinema: em O Quarto de Jack”, o encontro do menino com o mundo, pela primeira vez fora do cativeiro. Em Carol”, o reencontro final entre as duas protagonistas, marcado apenas por uma troca de olhares, mas tão cheia de significados. Em A Chegada”, o primeiro encontro com a nave e os aliens, e a emoção e suspense quase palpáveis na equipe liderada por Amy Adams. Por fim, em O Abraço da Serpente”, um encontro com o próprio mundo, místico, interior, metafísico, digno de 2001: Uma Odisseia no Espaço”.

Para fechar, três cenas de animações, que vão da poesia à pura bizarrice: Kubo e as Cordas Mágicas só precisa de alguns planos-detalhe para apresentar, com elegância, o melancólico destino de alguns personagens; “Zootopia” torna divertidíssima a experiência de ver uma preguiça ouvindo uma piada; e, finalmente, o supermercado vira o cenário para uma grande orgia entre pães, salsichas e uma infinidade de outros produtos em Festa da Salsicha” – e se você não assistiu, melhor nem perguntar como chegamos a isso.

Menções honrosas: Ralph Fiennes dirige uma cena em “Ave, César!“; o sonho musical no ginásio em “Sing Street”; o cerco na estação de trem em “Invasão Zumbi”; Natal com tortinha de climão em Elle”; o “novo” Homem-Aranha se junta à luta em Capitão América: Guerra Civil”; e a Mulher-Maravilha dá o ar de sua graça na batalha final de Batman vs Superman”.

Batalha no aeroporto em Capitão América: Guerra Civil
Ivanildo Pereira

  1. Cena do aeroporto, de “Capitão América: Guerra Civil”
  2. Caleb encontra a bruxa, de “A Bruxa”
  3. Cientistas entram na nave alienígena pela primeira vez, de “A Chegada”
  4. Cena final, de “Invasão Zumbi”
  5. Cena final, de “Aquarius”
  6. Urso ataca Leonardo DiCaprio, de “O Regresso”
  7. Gritos de uma atriz passam despercebidos no final, de “The Witness”
  8. Henry vs. centenas de ciborgues, de “Hardcore: Missão Extrema”
  9. Baile imaginário, de “Sing Street”
  10. Darth Vader ataca, de “Rogue One”

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No meu ranking de melhores cenas vistas nos cinemas brasileiros em 2016, tem de tudo: fanservice do bom, de deixar boquiaberto (Vader!), animal vs. homem (O Regresso), até um momento de drama emocionante num longa com mortos-vivos (Invasão Zumbi). Tem também ação insana (Hardcore, sério, assistam a este filme!), um momento de cortar o coração (o baile e o videoclipe espetacular que só existiu na mente do protagonista em Sing Street) e dois momentos orquestrados à perfeição por cineastas muito especiais (as cenas de Aquarius e A Chegada). Escolhi também um momento de deixar qualquer espectador com um nó no estômago (do documentário The Witness) e a cena de A Bruxa que, embora nem seja a mais assustadora do longa, representa um momento cinematográfico sublime no qual música, imagem e atuações servem para perturbar o espectador e, ao mesmo tempo, seduzi-lo. Mas o posto número um vai para a cena que talvez represente a melhor tradução de super-heróis das páginas para as telas de cinema já vista, o conflito no aeroporto de Guerra Civil, que representou um verdadeiro sonho para quem lia HQs de heróis na infância.

Sonia Braga em Aquarius

Lucas Jardim

  1. Ida de Clara à construtora, de “Aquarius”
  2. Darth Vader contra os rebeldes, de “Rogue One”
  3. O ataque do urso, de “O Regresso”
  4. A dançarina com cabeça de cavalo, de “Boi Neon”
  5. Confronto inicial entre A Anciã e Kaecelius, de “Doutor Estranho”
  6. Daisy contra os sobreviventes, de “Os Oito Odiados”
  7. Confronto final entre a mãe e as crianças, de “Boa Noite, Mamãe”
  8. A fuga de Jack, de “O Quarto de Jack”
  9. A fala de Black Phillip, de “A Bruxa”
  10. Sequência da bomba na nave, de “A Chegada”

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Os momentos que chocaram, emocionaram e fizeram o coração do espectador este ano foram dos mais variados tipos, desde a sensação de justiça feita pela personagem de Sônia Braga em Aquarius até o que pode ser o melhor executado “fan service” da memória recente, que é Darth Vader no auge dos poderes Sith aparecendo perto do final de Rogue One. De quebra, o melhor ano para o terror em muito tempo rendeu cenas memoráveis em Boa Noite, Mamãe e A Bruxa.

Ataque do urso em O Regresso
Pâmela Eurídice

  1. Glass x O Urso, de “O Regresso”
  2. Clara jogando os cupins nos donos da imobiliária, de “Aquarius”
  3. A conversa de Padre Ronald Pequin com Sacha Pfeiffer, de “Spotlight”
  4. A aparição de Darth Vader, de “Rogue One”
  5. Quando Jack enxerga o mundo fora da claraboia, de “O Quarto de Jack”
  6. Funeral, de “Capitão Fantástico”
  7. Davis assistindo a explosão dos prédios e correndo com as crianças, de “Demolição”
  8. Quando Black Phillip se revela para Thomasin, de “A Bruxa”
  9. Trumbo explicando o que é ser comunista a filha, de “Trumbo – A Lista Negra”
  10. Laurence Lorentz tentando ensinar Hobie Doyle a atuar, de “Ave César!”

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Ao pensar na bipolaridade que a política estacionou, nada como um pai explicar a sua filha de maneira simples e lógica sua própria ideologia de vida. E é desta forma, que percebemos o quanto as crianças abstraem as ideologias dos que estão próximos a si com a capacidade de recitá-las e torná-las suas, vimos isto em Capitão Fantástico. Diante de todas as mostras do posicionamento da família, o seu ápice é alcançado no funeral até o adeus puro de Nai.

E se as crianças dão prova de seu posicionamento político na terra da liberdade, no Brasil, de Kleber Mendonça Filho, é Clara quem denuncia o sistema, rebela-se contra ele e o faz provar de seu próprio veneno. Nas palavras da jornalista, “prefiro dar um câncer, invés de ter um”.

Num sistema tão maniqueísta, o mal se revelou por vezes no cinema, seja na figura de um bode ou aquele que tem sido a personificação do mal por tantas galáxias: Darth Vader. Por outro lado, o mal também pode ser alguém próximo e confiável como líderes religiosos, tornando a situação mais intragável quando as vítimas se transformam em agressores.

E assim, vimos o quanto o cinema é trabalhoso, com o perfeccionismo de Laurence Lorentz tentando ensinar um ator caipira seu próprio trabalho, uma metalinguagem e sátira do que ocorre nos estúdios. Também, pudemos redescobrir o mundo através dos olhos do pequeno Jack e sua inserção a nossa realidade. A libertação da apatia e a redescoberta da vida aos 35 com Davis, mesmo que seja com os ideais da Modernidade de Criação Destrutiva e Destruição Criativa, e o quanto DiCaprio é um excelente ator, até mesmo brigando com um urso.

Darth Vader em Rogue One
Susy Freitas

  1. Darth Vader contra os rebeldes, de “Rogue One”
  2. Mala com cupins, de “Aquarius”
  3. Cena do urso, de “O Regresso”
  4. Empréstimo de peruca, de “Tangerine”
  5. Banho de tinta dourada, de “Demônio de Neon”
  6. Dança com cabeça de cavalo, de “Boi Neon”
  7. Revelando o estuprador, de “Elle”
  8. Pierre e a roupa íntima, de “Mãe Só Há Uma”
  9. Confronto final, de “Doutor Estranho”
  10. Conversa sincera durante o sushi, de “Certo Agora, Errado Antes”

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Se há uma coisa que “Rogue One” conseguiu fazer em 2016, foi empolgar mesmo aqueles que estavam desconfiados do ar saudosista do longa com a cena em que Darth Vader tenta impedir que os rebeldes roubem os planos da Estrela da Morte. Num contexto em que o fan service é utilizado de forma indiscriminada em franquias de adaptações, a cena realmente teve função dentro da trama tanto quanto tirou o nosso fôlego no final do ano passado, garantindo a primeira posição.

Em seguida, por pouco, fica o final apoteótico de “Aquarius”, com Clara (Sônia Braga) soltando os cupins na mesa dos titulares da construtora Bonfim ao som de “Hoje”. O casamento do super-close com a música coroou uma cena já clássica do cinema nacional. Também apoteótica, embora chocante, é a cena em que o personagem de Leonardo DiCaprio tenta escapar do ataque de urso em “O Regresso”, o que abre o arco de superação (e o caminho para o Oscar) no filme.

Com uma pegada mais sutil, mas extremamente comovente, vem em quarto lugar outra cena final de filme: o momento em que Alexandra (Mya Taylor) empresta sua peruca a Sin-Dee (Kitana Kiki Rodriguez), despindo-se de sua própria feminilidade em nome da amizade na fantástica comédia dramática “Tangerine”.  Também lidando com questões do feminino, mas num recorte totalmente diferente, está a cena em que a modelo Jesse (Elle Fanning) é banhada com tinta dourada pelo fotógrafo Jack (Desmond Harrington) para um editorial no controverso “Demônio de Neon”. O senso de perigo na expressão de Harrington, a fragilidade no físico de Fanning e a ambição da personagem em prestar-se a tudo para atingir o topo são equilibrados com perfeição na cena, uma das mais tensas da lista.

Fechando o Top 5, outro neon. Em “Boi Neon”, a ambição de Iremar (Juliano Cazarré) também tem a ver com moda: criar roupas inspiradas em suas vivências nada glamorosas como vaqueiro. Quando Galega (Maeve Jinkings) surge em cena dançando com uma cabeça de cavalo e roupas criadas por ele, o choque entre os dois universos traz outro momento memorável do cinema em 2016.

Completando a lista, temos o confronto final em “Doutor estranho”, que resume a única coisa que permanecerá impressionante no filme em longo prazo: o cuidado com os efeitos especiais lisérgicos. Na cota de cenas tensas da lista, há a revelação chocante do estuprador no drama “Elle”, juntamente com a tensão sutil das roupas íntimas femininas usadas por Pierre em “Mãe só há uma”, reveladas numa cena sensual que ele divide com uma moça, subvertendo já de cara as noções tradicionais do espectador para aquele momento. Já o inocente sushi que descamba para uma declaração de amor em “Certo Agora, Errado Antes” fecha a lista, pela doçura da cena e o contraste que ela cria quando comparada com a outra versão do mesmo acontecimento que o longa traz.

COMO FUNCIONA O SISTEMA DE PONTUAÇÃO DO CINE SET:

Cada um dos nove críticos do Cine SET elege o seu ‘TOP 10’. Critério leva em conta filmes lançados nos cinemas, streaming ou televisão no Brasil entre 1o de Janeiro e 31 de Dezembro de 2016.

Para cada lista, fizemos a pontuação semelhante à da Fórmula 1:

1º lugar – 25 pontos

2º lugar – 18 pontos

3º lugar – 15 pontos

4º lugar – 12 pontos

5º lugar – 10 pontos

6º lugar – 8 pontos

7º lugar – 6 pontos

8º lugar – 4 pontos

9º lugar – 2 pontos

10º lugar – 1 ponto

Depois, tudo é somado e chegamos ao resultado final!