Manaus não vive só de enlatados e blockbusters. Ainda que escassas, iniciativas como o CineVídeo Tarumã, há 22 anos na ativa, procuram mostrar filmes de todo o mundo e formar plateias críticas.

Seguindo este exemplo,  Cine Vídeo UEA “Cosme Alves Netto” trabalha, desde setembro de 2011, com a exibição, divulgação e debate de filmes fora do circuito comercial na Escola Normal Superior da instituição (Av. Djalma Batista, 2470, ao lado do Amazonas Shopping).

Uma das coordenadoras do cineclube, a professora Berenice Carvalho, do departamento de Letras da UEA, explica que a iniciativa para as exibições veio dos alunos. “Hoje, o Cine Vídeo é um projeto de extensão, com sete voluntários e dois bolsistas”, explica ela.

Professora Berenice Carvalho. Foto: CineVídeo UEA.

O diálogo se dá por ciclos de exibição. Estes são organizados por temas, duram um mês e têm exibições nas quintas às 18h. O de junho será sobre documentários amazônicos e terá a seguinte programação:

14/06 – “Ribeirinhos do Asfalto”, de Jorane Castro, e “Chama Verequete”, de Luiz Arnaldo Campos e Rogério Parreira. Haverá também um debate com o poeta Aldísio Filgueiras;

21/06 – “Amazônia, Heranças de uma Utopia”, de Ricardo Favilla e Alexandre Valenti. O escritor Márcio Souza participará do debate sobre esses filmes;

28/06 – “Promessa”, de Zeudi Souza, e “Jorge”, de Dheik Praia. O debate sobre os filmes terá a presença de seus diretores.

Formiguinha

Para a professora, o cineclubismo é muito difícil devido, em boa parte, ao contentamento das pessoas com coisas bobas. “Formar uma plateia mais crítica, com conhecimentos da dimensão política de um filme, não apenas estética, é ‘trabalho de formiguinha’”, explica Berenice, que diz também que os filmes das exibições são conseguidos nos acervos particulares dos membros ou por meio da parceria com uma locadora de Manaus.

Este esforço vai ser expandido no dia 20 de junho, quando o Cine Vídeo exibirá Lisbela e o Prisioneiro a um grupo de idosos hansenianos no bairro Colônia Antônio Aleixo. Muitos deles, afirma a professora, nunca viram um filme na vida. “Com isso, colocamos em prática o nosso objetivo de dialogar com a sociedade também fora da UEA”, explica.

O elogiado filme israelense A Banda foi exibido mês passado, no ciclo “Oriente-se”

O Cine Vídeo UEA divulga suas atividades nas redes sociais, possui um blog, onde há resenhas sobre os filmes exibidos nos ciclos, e planeja fazer cursos conceituais e práticos de cinema. Ele também está fazendo um concurso para decidir sua novo logo. Quem tiver interesse em fazê-la, é só se inscrever no [email protected].

Foto: Cine Vídeo UEA

Mudança

Adinilson Ribeiro, estudante de geografia e bolsista do cineclube, mudou sua relação com o cinema depois da iniciativa. Antes, conta, ele tinha interesse pelo Oscar e bastidores, mas era um espectador acrítico. “O Cine Vídeo me mostrou filmes não divulgados e uma maneira diferente de ver o cinema. Agora, seleciono o que assisto. Não engulo mais qualquer coisa”, afirma o rapaz, que cuida da distribuição dos cartazes e da montagem e desmontagem das exibições.

Homenagem

O Cine Vídeo UEA homenageia no seu nome o amazonense Cosme Alves Netto, que foi curador da cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e idealizador do Grupo de Estudos Cinematográficos (GEC), cineclube que marcou a história cultural da Manaus dos anos 1960. Conforme Berenice, o primeiro filme a ser exibido por ela e a equipe foi um documentário sobre esse incentivador da sétima arte no Amazonas.