O diretor mexicano Guillermo del Toro falou na França sobre sua paixão pelo cinema de animação e revelou alguns detalhes da série “Trollhunters”, que será distribuída pelo Netflix a partir do fim do ano.

Convidado pelo Festival de Annecy, Del Toro, de 51 anos, aproveitou o convite para uma “master class”, onde falou sobre a série de animação.

O cineasta explicou que o roteiro de “Trollhunters”, produzida pela Dreamworks e que será disponibilizada ao público em dezembro, foi inicialmente concebido como uma trilogia de longas-metragens.

A série conta a história de Jim, um jovem estudante de uma pequena cidade da Califórnia sequestrado durante uma noite em seu quarto por uma criatura misteriosa, 45 anos depois de seu tio ter passado pela mesma situação.

Adaptado da série de livros de fantasia escritos em parceria com Daniel Kraus, o roteiro “alterna sequências na escola e cenas de aventuras”, revelou Del Toro.

Anton Yelchin (“Star Trek”), Ron Perlman (“Hellboy”) e Kesley Grammer (“Frasier”) são os dubladores dos protagonistas.

Para otimizar o trabalho, o diretor afirmou que criou uma “bolha de liberdade e criatividade ao redor dos animadores”.

“‘Trollhunters’ tem como base uma ideia que permeia muitos de meus filmes: por trás do nosso mundo se esconde outro, ainda mais belo e misterioso”, disse.

“A animação é um meio, não um gênero. É a forma mais bela e acabada de manejar a criação”, destacou o cineasta de 51 anos em uma sala lotada.

“O problema nos Estados Unidos é que se pensa que a animação está destinada apenas para as crianças, quando na realidade é uma arte adulta”.

Guillermo del Toro falou ainda sobre sua paixão precoce por esta forma de cinema, desde que aprendeu como autodidata a técnica “stop motion”, depois de comprar sua primeira câmera.

Ao falar sobre suas dificuldades iniciais com os efeitos especiais, Del Toro contou que ouviu mais de uma vez que não era muito bom, mas trabalhador.

“Nunca fiz um filme pelo qual não estava disposto a dar a vida”, confessou, ao explicar que “as melhores histórias para contar são as histórias verdadeiras que estão em nossa cabeça”.

“Na animação, a carreira de um diretor é feita de sensibilidade, de brutalidade e de sorte. Os que têm sucesso são aqueles que perseveram”, insistiu o diretor de “A Espinha do Diabo” (2001), “O Labirinto do Fauno” (2006) e “Círculo de Fogo” (2013), entre outros.

Ao comparar a animação com imagens reais, o cineasta afirmou que a primeira permite um controle total, enquanto dirigir atores em um set clássico equivale, disse, a “caçar borboletas”.

Também revelou que aprendeu a dizer não durante sua única experiência em Hollywood. “Lá você precisa ser firme desde o início para manter as rédeas do próprio trabalho”.

da Agência France Press