Dois anos após o sucesso estrondoso de ‘A Maldição da Residência Hill’, o showrunner Mike Flanagan voltou a nos assombrar com sua forma sensível de contar histórias sobre fantasmas. Mas, embora tenha uma proposta parecida com a série anterior, ‘A Maldição da Mansão Bly’ mostra um lado muito mais emocional e romântico de Flanagan, resultando em uma obra com muita qualidade. Entre momentos emocionantes e episódios muito bem estruturados, apenas o terror acaba deixado de lado espaço na história.
‘A Maldição da Mansão Bly’ acompanha a americana Dani (Victoria Pedretti). Fugindo de um relacionamento, ela acaba indo para o Reino Unido, onde encontra um trabalho como babá de duas crianças em uma mansão interiorana. Presa aos fantasmas de seu passado e ainda tendo que lidar com espíritos da mansão, Dani faz de tudo para proteger seus pupilos, Miles (Benjamin Evan Ainsworth) e Flora (Amelie Bea Smith), ao mesmo tempo, em que encontra um novo interesse romântico.
Tanto os episódios isolados quanto toda a temporada em si possuem uma estrutura muito bem idealizada. Os momentos de tensão, comoção e revelações são constantes, mas, sem atropelar a história que está sendo contada. Neste caso, o único grande defeito é insistir em colocar um episódio inteiro de flashback no final da temporada como forma de prolongar o suspense até o final. É claro que a trama possui uma função muito importante na história, mas, poderia ter sido inserida de forma bem mais orgânica no decorrer de ‘A Maldição da Mansão Bly’
Hill x Bly
Já o elenco com rostos conhecidos da série anterior também se mostra uma sábia decisão de Flanagan, mas os verdadeiros destaques na atuação ficam por conta dos atores mirins: Benjamin Evan Ainsworth e Amelie Bea Smith conseguem manter o mesmo nível de atuação de Predetti. Inclusive, esta estratégia de repetir o elenco em diferentes papéis em uma série de terror lembra muito o que “American Horror Story” faz, sendo possivelmente um universo a ser explorado pela Netflix, a qual não tem os direitos de exibição da série de Ryan Murphy.
Da mesma forma que fez no trabalho anterior, Flanagan apela para sentimentalismo e uma pegada dramática para contar histórias sobre fantasmas. Ele basicamente mostra as criaturas fantasmagóricas como pessoas, personagens para serem trabalhados completamente pela trama e não apenas um recurso do terror. Embora consiga criar uma história interessante, a série ainda parece uma versão mais fraca da residência Hill.
Isto ocorre basicamente por dois elementos: tanto os sustos e suspense são diminuídos quanto a narrativa familiar é substituída por um romance pouco desenvolvido e alguns bons personagens. Apesar dos erros pontuais, o resultado é bastante animador e – o melhor – envolvente. ‘A Maldição da Mansão Bly’ possui episódios longos e um número considerável, o que lhe permite dividir muito bem suas histórias e se encaminhar para um desfecho com coesão e boas revelações.