Inúmeros filmes possuem a enfermidade como um dos elementos que compõe a narrativa. Seja em filmes que mostram o drama de amantes com o problema ou de algum membro da família. E entre esse último exemplo, existem aqueles que se passam sob a ótica infantil, como Sete Minutos Depois da Meia-Noite.

“Vida em Plutão” é mais um exemplo desta temática.  Acompanhamos Augusto (Ramiro Linck), um garoto que sempre que pode visita o avô (Clemente Viscaíno) internado no hospital. Mesmo em estado delicado, ele não deixa de dar atenção ao neto sempre que possível e ainda ao perceber que o garoto tem interesse em planetas e tudo relativo ao espaço, brinca com a possibilidade de Augusto, no futuro, se tornar um astronauta. Deixando se levar pela imaginação, o menino faz uma pesquisa rápida e descobre que em Plutão não existe registro de pessoas doentes. Encantado pela descoberta e querendo salvar o avô, ele dá início a um plano.

Não pode se deixar de notar que, desde o primeiro momento, tanto o diretor André Anschau quanto a direção de arte de Luciana Abbud, deixam claro a predileção do garoto para temas espaciais. Pôsteres na parede, bonecos na estante e na cômoda, brinquedos improvisados e nos livros aliados nas imagens e ações do menino demonstram toda esta paixão. Isso fica bastante claro através de imagens e nas ações do menino. A escolha do roteiro em excluir os pais de Augusto também é perceptível para fortalecer o vínculo maior da trama entre avô e neto. Apenas ouvimos o que o menino tenta escutar, os sussurros e vozes chorosas dos pais ao receberem notícias aparentemente preocupantes do médico (Joilson Borges).

O roteiro escrito pelo próprio André Anschal não chega a permitir um aprofundamento tão grande nos personagens, o que acaba fazendo com o que elenco não chegue a se destacar totalmente. Por outro lado, a trilha sonora atua como elemento fundamental para a relação emocional do público com a trama.

Utilizada como uma ferramenta que alimenta a atmosfera de fantasia, próximo ao onírico, a trilha peca, principalmente, na parte final pelos excessos, tornando, inclusive, a experiência menos impactante.  No fim das contas, “Vida em Plutão” destaca-se pela forma como a esperança pode ser um antídoto importante e necessário à dor e ao luto.