O papel das mulheres nos times de futebol amador na periferia de São Paulo é o tema do documentário Mulheres do Progresso: muito além da várzea. O curta-metragem estreou na noite desta quarta-feira (21) no Cine Olido, no centro da capital paulista. As quatro mulheres que têm suas histórias retratadas no filme estarão presentes para conversar com o público.

“Quando a gente fala de futebol, automaticamente já vem essa imagem masculina, A gente nunca imagina que o diretor do time é uma mulher”, destaca a diretora e roteirista Jamaica Santarém, ao comentar como o documentário mostra a importância das mulheres na organização dos times. O trabalho delas se estende, segundo a cineasta, também para fora do campo. “A gente percebeu que toda a atuação dessas mulheres vai além da várzea. A várzea é como se fosse um elo para que elas tenham uma atuação voltada a essa periferia. Todas têm jornada dupla, tripla, são mães. Todas têm uma atividade que executam dentro da comunidade”, acrescentou.

Um exemplo disso é Sindy Rodrigues, que não só é vice-presidente do Esporte Clube Explosão da Vila Joaniza, na zona sul paulistana, como faz parte do Conselho de Políticas para Mulheres da região. Acompanhando o pai desde o começo do time, Sindy, que hoje tem 27 anos, está envolvida desde criança com a várzea. “Eu sempre participei, desde pequenininha”, afirma Sindy, que é mãe de cinco filhos.

União das quebradas

Nos últimos seis anos, quando começou a exercer cargos na gestão do time, ajudou a expandir a atuação do Explosão. “Eu consegui, de certa forma, levar o nome do time para outras regiões. Antes, a gente só jogava aqui na região. Começamos a jogar na zona norte, na zona leste”, conta.

Segundo Jamaica, o esporte é mesmo uma forma de troca e união entre os moradores das zonas periféricas da capital paulista. “Esses jogos, esses festivais, esses campeonatos criam essa possibilidade de unir todas as quebradas. Você vê que todo mundo dos times se conhece, por mais que exista uma rivalidade dentro de campo”, ressalta a diretora do filme.

Os times são núcleos, de acordo com Jamaica, de afeto e solidariedade. “Cada time é uma família. Eles se ajudam. Se um tá com problema financeiro, eles juntam grana para ajudar o jogador. Se tem um jogador que precisa de atendimento médico e não tem condições, eles se ajudam”, exemplifica.

No Explosão, Sindy busca agora forças para apoiar as categorias de adolescentes. “A gente poder oferecer o lanche antes da partida, uma chuteira decente. Porque tem criança que nem tem chuteira, pega emprestado”, diz, ao comentare o tipo de estrutura que gostaria que o clube pudesse oferecer aos jovens.

Após a estreia no Cine Olido, com três exibições, o curta-metragem, que tem 14 minutos, será levado a quatro comunidades retratadas no trabalho. A produção é da Rede Doladodecá, com fomento do Programa de Valorização de Iniciativas Culturais (VAI) da prefeitura de São Paulo.

da Agência Brasil