Persona é uma palavra originada no latim que significa máscara, papel, personagem, pessoa ou personalidade. É também o nome de um dos filmes mais emblemáticos do cineasta sueco Ingmar Bergman (1918-2007) e que ganhou uma mostra em cartaz desde sábado (15) no Itaú Cultural, na Avenida Paulista, em São Paulo.

Chamada Por Trás da Máscara – 50 Anos de Persona, a exposição comemora meio século da película e mostra os bastidores e o processo criativo do filme, que retrata e reflete sobre “as máscaras”, papéis que o ser humano carrega ao longo da vida. Até 6 de novembro, a mostra apresenta trechos do filme, que no Brasil também recebeu o nome de Quando Duas Mulheres Pecam, fotos, partes do roteiro e objetos de cena (autênticos ou reproduções), como óculos, livros e uma câmera fotográfica.

Em uma parte da sala, também é possível ver fotos de outros filmes que beberam da influência de Persona, como Clube da Luta, de David Fincher, e Cidade dos Sonhos, de David Lynch. Pela primeira vez, a exposição sai do Bergmancenter – fundação sueca que promove a obra do cineasta.

A exposição é realizada em parceria com a 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que começa esta quinta-feira (20), na capital paulista. No mesmo dia, uma cópia restaurada do filme será exibida no Itaú Cultural às 19h, com um debate em sequência.

“A ideia da exposição é dar um ponto de entrada para o filme, contando um pouco da produção, de onde ele surgiu, da gênese do filme, e falando um pouco do making of, ou seja, como foi feito, onde foi feito e qual o processo de contratação das artistas e de redação do filme”, diz Murilo Hauser, curador e diretor artístico da mostra.

Logo na abertura da exposição, o visitante depara com a projeção da metade do rosto de cada uma das duas personagens principais do filme, como se fossem apenas uma pessoa. Há também uma grande projeção que permite ao visitante pôr-se na posição da personagem Elisabet quando ela vê um vídeo de um monge budista se autoimolando.

“A segunda parte da exposição fala de diferentes visões do filme, ou seja, existem várias leituras. Era uma mulher, eram duas, o que é real ou não? Essas são leituras possíveis do filme, nenhuma delas definitiva. E a última parte é sobre os reflexos de Persona no resto da produção cinematográfica depois de 1966 e o quão influente foi esse filme”, explica o curador.

“As pessoas vão encontrar aqui um material fotográfico de making of, que são fotos que acompanham o processo inteiro, desde a gênese ao lançamento; análises do filme, uma delas em vídeo que usa o prólogo do filme para desvendar a obra e a carreira do Bergman e uma exposição de fotos coloridas de making of nunca vistas fora da Suécia”, acrescentou Hauser.

O cineasta

Ingmar Bergman nasceu em Uppsala, na Suécia, em 14 de julho de 1918. Até a adolescência, foi educado com base em conceitos luteranos como pecado, confissão, castigo, perdão e misericórdia, que se refletiram em sua obra. Iniciou a carreira em 1941, ao escrever a peça teatral Morte de Kasper. Fez mais de 60 filmes de ficção e documentários e dirigiu mais de 170 peças de teatro. Entre seus filmes mais conhecidos estão Morangos Silvestres e O Sétimo Selo.

“Bergman é tido com um dos maiores cineastas de todos os tempos. No Brasil, especialmente, apesar da distância cultural e geográfica, é muito admirado. O Brasil foi o país no qual ele recebeu o primeiro prêmio internacional por Noites de Circo [feito em 1954]”, disse a diretora da Fundação Bergmancenter, a brasileira Helen Beltrame-Linné.

Segundo a diretora, Persona foi um filme muito importante na vida de Bergman. “É um filme que ele criou no momento em que se questionava se realmente ainda tinha alguma coisa para fazer em cinema e teatro e qual a função da arte. E a resposta que ele mesmo deu foi o Persona. Diversas vezes, ele declarou que essa obra salvou a vida dele. É um filme muito atual. Se ele fosse lançado em 2016, ninguém perceberia que tem 50 anos. Ele envelheceu sem nenhuma ruga”, comenta Helen.

da Agência Brasil