Por uma noite, os blockbusters de Hollywood “Planeta dos Macacos” e “Transformers” irão dividir as atenções com o cinema amazonense em um mesmo espaço. Feito pela Lens Produções, “A Caixa” terá sessão gratuita de pré-estreia nesta terça-feira (15), a partir das 18h30, no Cinemark do Studio 5. O tamanho do lançamento corresponde às pretensões do novo projeto.

Com apenas 19 anos de idade, Davi Penafort chega ao terceiro trabalho como diretor após os curtas-metragens “Transcendência” (15 mins) e “Máquina” (1 minuto). “A Caixa”, porém, representa um salto, sendo o primeiro média-metragem da carreira dele com 65 minutos de duração. “Eu parti da seguinte premissa: o filme teria que ter o tempo que fosse necessário para contar a história. Eu, como roteirista, não tinha a real noção da proporção da história até o dia em que eu acabei de escrever o roteiro e percebi que ele tinha 58 páginas. Só então me toquei que poderia estar diante de, pelo menos, um média-metragem. Mas convencido de que a história valia a pena, corri atrás de montar uma equipe eficiente e com vontade de fazer cinema. E no fim, conseguimos concluir o projeto com um resultado muito bom, o que acaba por ser excelente, tendo em vista a complexidade do projeto”, declarou ao Cine Set.

O filme acompanha a história de Erick (Luiz Vitalli), um psicólogo conceituado que trabalha o necessário e julga viver sua própria vida dentro dos padrões, porém, ele se vê em um grande labirinto quando um dos seus pacientes o confronta com o real sentido do que significa viver. O elenco ainda conta com Jessy García, Paulo Sinfrônio e Aderbal Loureiro. Segundo Penafort, a história surgiu a partir de uma série de argumentos que tinha prontos e a fusão entre eles acabou gerando o filme.

“‘A Caixa’ é um filme que mira uma sensibilidade, tem momentos de emoção profundos e que, acima de tudo, traz conflitos universais do ser humano, portanto acredito que pode conectar-se bastante com cada um que assistir”, disse.

Busca por processo profissional para vencer baixo orçamento

Feito sem o apoio de editais, “A Caixa” possui um orçamento estimado R$ 1300, fora os acréscimos pontuais da própria equipe de produção estimada em 40 pessoas. Penafort acredita que “se fôssemos pagar a tudo e a todos, o filme teria sido feito com, pelo menos, 70 mil reais para se ter o mesmo resultado”. Para complicar ainda mais, cerca de 40% das gravações foram feitas em ambientes externos, colocando à equipe à mercê das condições naturais como sol e chuva, além de interferências externas de locais não-controlados.

“Filmagens externas sempre são mais difíceis de se fazer. Mas ainda assim, com o devido planejamento e organização, conseguimos finalizar todas, seja em noites escuras e desertas do centro de Manaus, seja no sol de 40 graus na praia da Ponta Negra. E sim, filmar expostos ao sol foi a parte mais dura da produção, porque todos começam a sentir muito os efeitos, os equipamentos são sensíveis e a atenção da equipe e elenco começa a diminuir”, afirmou o diretor. As gravações aconteceram entre outubro de 2016 e fevereiro de 2017 com realizações de tomadas extras em julho deste ano.

Para superar as adversidades, Davi Penafort conta que a equipe buscou trabalhar se inspirando em equipes profissionais de cinema para fazer da mesma maneira. “Aprendemos muito durante o processo, tentando seguir pontos importantes, como logística e técnicas de produção, preparação de elenco e ensaios, produção de locações e gerenciamentos de equipamentos, técnicas de iluminação e câmera e aplicação de efeitos visuais que contribuíssem narrativamente com a história. Cinema também se faz com experiência, se não dermos um “start” podemos acabar nunca tendo as vivências necessárias, correndo o risco inclusive de conseguir a verba proveniente de um edital e não saber o que fazer com ela”, afirmou.

Inspiração de Hollywood para estética

Os teasers divulgados nas redes sociais chamam a atenção pelo trabalho dos efeitos visuais com pegada de tons apocalípticos e futuristas, comuns a Hollywood, mas, poucos usuais dentro da produção amazonense. Davi Penafort explica que traz como inspiração diretores de forte conceito estético como, por exemplo, Christopher Nolan (trilogia “Batman” e “A Origem”), Denis Villeneuve (“A Chegada”) e o mestre Francis Ford Coppola (“O Poderoso Chefão” e “Apocalypse Now”).

Um cineasta brasileiro recente também foi lembrado por Penafort: “O Afonso Poyart, por exemplo, é um cara que me inspira bastante por fazer uso de técnicas de narrativa mais atuais, como slow motions e planos que dão ênfase à ação e expressões faciais, é um diretor que foge um pouco das técnicas de cinema mais clássicas”, disse. Mesmo o contestado Zack Snyder (“300”, “Watchmen”) não escapa do radar do realizador amazonense: “Ele usa técnicas relativamente atuais para trazer a emoção necessária para cada momento. São tomadas cheias de boas composições, com cores bem pensadas, que chegam a remeter a pinturas”.

SERVIÇO

O Quê: Pré-estreia de “A Caixa”

Onde: Cinemark do Studio 5

Quando: Terça-Feira, 15 de agosto

Horário: 18h30

Quanto: Gratuito