Caio Pimenta – “Armageddon”

Um cinéfilo de carteirinha e que se mete a fazer críticas de filmes adquire duas verdades quase absolutas sobre cinema ao longo do tempo: qualquer obra de Michael Bay e Adam Sandler serão ruins.

Porém, preciso fazer uma confissão: “Armageddon” é demais!

Motivos não faltam: um grupo de imbecis é a salvação da humanidade, Bruce Willis repetindo o mesmo papel pela milésima vez, Liv Tyler linda e com sua cara de cãozinho abandonado, coadjuvantes do naipe de Billy Bob Thornton, Ben Affleck, Michael Clark Duncan, Owen Wilson e Steve Buscemi, uma impressionante destruição de Nova York e Paris, o discurso tolo e batido dos EUA de salvadores da pátria e, claro, a música-tema, “I Don’t Want to Miss a Thing” do Aerosmith.

Ao lado do ótimo “Impacto Profundo”, vale a pena perder duas horas com essa bobagem.

NOTA:8,0

Diego Bauer – “Babe – O Porquinho Atrapalhado”

Talvez esteja roubando, pois Babe é um filme que teve certo reconhecimento da crítica, sendo inclusive indicado a sete Oscars, incluindo as categorias de melhor filme e diretor em 1996! Mas, pelo que observo, um grande número de pessoas torce o nariz pro trabalho, achando um absurdo ele ter recebido a atenção que recebeu.

Confesso que não sei se o lado da memória afetiva está falando mais alto, mas realmente acho Babe um filme delicioso de assistir. Divertido, inteligente, e com um roteiro simples, mas muito bem desenvolvido, o filme apoia-se num protagonista de imenso carisma, um porco que quer porque quer mostrar que pode ser um ótimo: cão pastor.

A saga de Babe é desenvolvida de maneira bonita, respeitando a inteligência do público. Aqui temos um exemplo perfeito de filme infantil que, mesmo quando pretende passar uma mensagem clara pra quem assiste, tem respeito pelos personagens e pela trama criada, o que acarreta um filme de infância que fica pro resto da vida, mas pelo lado bom da coisa.

NOTA:8,0

Ivanildo Pereira – “Sexta-Feira 13”

Admito que nunca consegui exorcizar definitivamente a série “Sexta-Feira 13” do meu sistema nervoso cinematográfico. Há poucas qualidades nesses filmes. Do primeiro filme, ainda se pode dizer que tentou contar uma história – mas ficou na tentativa. As continuações, nem isso.

Basicamente, nesses filmes assistimos ao Jason (ou à sua mãe, no caso do original) matando jovens. Porém, o Jason não precisa de explicação. A simplicidade de “Sexta-Feira 13” é mágica, e ela torna os filmes divertidos (bem, os produzidos nos anos 80, pelo menos). A “Parte 3”, na qual Jason encontra sua famosa máscara, foi o primeiro filme de terror que assisti, na companhia da minha mãe (Valeu, pai e mãe, por não regularem o que eu via!). E adivinhem só, serviu de trampolim para que eu descobrisse todo um gênero e outras experiências cinematográficas.

Os primeiros filmes que nos marcam geralmente não são as grandes obras-primas. Muitas vezes são os desprezados do cinema: os filmes de aventura, de suspense, de terror, de ficção-científica, as comédias… Só depois de despertado o interesse é que passamos para coisas melhores. Por isso mesmo, acredito que não devemos ter vergonha de gostar de filme algum – todos podem ter sua importância em nossas vidas.

Nota para o primeiro filme: 4,0 (é baixa, mas eu gosto!)

Renildo Rodrigues – “Space Jam – O Jogo do Século”

Sempre fui um rato de filmes, nas muitas madrugadas em que a TV aberta (a única disponível durante toda a minha infância – a TV a cabo só se tornou um fenômeno no fim dos anos 90) ainda tinha, por sorte, uma programação mais criteriosa e “adulta”. Graças a isso, pude assistir a vários filmes que hoje poderiam ser chamados de cult – nenhum dos quais, é claro, serve aos propósitos deste post, mas, vá lá, fica a ideia pra um futuro artigo. Digo isso porque posso afirmar, sem esnobismo nenhum, que desde cedo eu sabia identificar um bom filme, e até tinha preconceito com os trabalhos das Xuxas, Didis, Stallones e Van Dammes da vida. Não todos – não se é garoto impunemente, e ocasionalmente vibrei com os trabalhos de cada um desses nomes. Mas, por achar que seriam “infantis”, deixei passar muitos filmes que marcariam a minha geração – De Volta pro Futuro, Os Goonies, Karate Kid, e por aí vai. Apenas um venceu todas as resistências, e até hoje eu acho que ele merece uma estátua.

Não sei qual é a opinião dos críticos de cinema sobre ele, mas, quer saber? Não dou a mínima! Space Jam: O Jogo do Século (1996) é uma das realizações supremas do século do cinema, o casamento mais perfeito entre animação e live action já realizado, e ainda por cima tem a participação de Michael Jordan, Charles Barkley e outras lendas do basquete! Vários filmes da infância foram muito bons – mas só Space Jam é perfeito. Com uma trama divertida, que coloca a lenda do esporte ao lado dos astros dos cartoons da Looney Tunes – e só Deus sabe o quanto eu amava esses maravilhosos desenhos – o filme provou ser um daqueles casos em que a tecnologia ajuda a ampliar os limites do que é possível fazer, em criatividade e imaginação, num filme.

Situações, diálogos, piadas, até os momentos de drama, tudo é legal e funciona bem nesse filme. Talvez pra me certificar disso, assisti a uma reprise na TV a cabo, há duas semanas, quando ainda não tinha recebido a tarefa de escrever esse texto. E lá estava: a entrada de Michael Jordan no mundo dos desenhos (por um buraco de golfe!); as terapias dos jogadores, que tinham seus talentos roubados pelos vilões do filme; a sensual Lola Bunny; a incursão de Pernalonga e Patolino no mundo “real”; e a sensacional partida final, que cita até Pulp Fiction – tudo estava lá, intocado pelo tempo, em cores gloriosas e diversão garantida. Isso é Space Jam.

Nota: 9,5 (por fria racionalidade de adulto)