Chega a ser cômico eu ter sido escalado para fazer a resenha sobre Finalmente 18, pouco tempo depois de ter escrito sobre o sensível As Vantagens de Ser Invisível, pois ambos, apesar de tratarem de temas semelhantes, são completamente diferentes.

E lamento, pois se escrevi várias páginas sobre Invisível, o mesmo não acontece com Finalmente, visto que já vi esse filme algumas vezes em outros títulos do gênero, e a falta do que dizer, e o mais do mesmo nas piadas e tramas, impede que se faça algo além de uma, duas páginas de análise textual.

Os amigos Miller (Miles Teller) e Casey (Skylar Astin) vão visitar Jeff (Justin Chon), colega deles de infância que está completando 21 anos, para sair em mais uma noite de bebedeira e curtição, celebrando o fim de ano e a proximidade das férias. Só que lá eles descobrem que Jeff tem uma importante entrevista de emprego na manhã seguinte ao seu aniversário, e que o pai do garoto é uma fera, que não quer nem pensar na ideia do filho perder essa chance de emprego. Depois de relutar por um tempo, Jeff aceita sair com os colegas, mas como era de se esperar, a noite não sai como o planejado, e eles tem que encontrar diversas maneiras para conseguirem chegar com Jeff a tempo dele não perder a entrevista.

Antes de qualquer outra coisa tenho que destacar a “brilhante” tradução que o título do filme teve. Jeff Chang ia fazer 21 anos, o nome do filme originalmente é 21 & Over, e a tradução ficou como Finalmente 18? Ai, ai, coisas nossas…

Bom, como se pode imaginar, o filme é apenas o que a sinopse diz. Não há nada além da tela, não há nada fora do que se vê ali, e não há nenhum tipo de subtexto, nem intenção de ir além do que é dito. Tecnicamente isso não é um problema, pois ser completamente despretensioso não é um defeito se você tem uma história interessante pra contar. Mas não é o caso aqui, visto que a trama que ele desenvolve já foi interessante há um tempão atrás, na época em que surgia o sucesso de American Pie, mas não é mais hoje. E chega a ser impressionante notar que 99% desses filmes contam precisamente a mesma história, da mesma forma. Só mudam os atores e diretores.

Hoje não tem mais como ver esses filmes sem os dois pés atrás, pois eles seguem uma “escola” de linguagem limitada, que explora pouco um universo já investigado da mesma forma várias vezes. Tudo sempre ocorre em um final de semana no fim do ano, os amigos, depois desse tal dia, passarão um tempão sem se ver, e vão entrando em uma situação mais constrangedora do que a outra, sempre rolando flertes pontuais com algumas meninas bonitinhas, e muita bebida e curtição desenfreada. Sem contar que eles sempre trazem o cara que é atrapalhado e se mete em confusões, o bonitinho que tem dificuldade em conseguir a menina que gosta, o cdf que se mete nas roubadas apenas por estar por perto, e os incontáveis wannabes de Stifler.

Na origem da coisa, eles são bons personagens (Stifler, principalmente), mas as suas repetições chegaram em um ponto que não dá mais para aguentar.

Talvez seja por isso que Finalmente não seja um desastre, pois mesmo que a sua trama seja um completo mais do mesmo, ele consegue se desvencilhar um pouco da repetição com os seus personagens, principalmente Miller e Casey. A química entre eles funciona muito bem, e Miller mostra-se como, inevitavelmente, uma variação do Stifler, mas o faz com uma identidade própria, com uma cara diferente, o que traz um tom interessante e novo pro filme. Com os dois destacam-se a cena em que eles derrotam sérvios (?) em um jogo, ou quando são pegos em um ritual que remete a De Olhos Bem Fechados (1999).

Quem também garante boas risadas, claro, é Jeff, como quando aparece dançando com um urso de pelúcia colado nas partes baixas, e Randy (Jonathan Keltz) e seus comparsas, desenvolvendo, talvez, as situações mais engraçadas do filme. Mas também tenho que citar a insuportável Nicole (Sarah Wright), um personagem muito chato, que leva as incoerências da adolescência a um lugar muito desagradável de presenciar.

Mas apesar dos bons personagens, o filme derrapa quando quer criar momentos dramáticos, apelando para uma repetição interminável de: “poxa, há quanto tempo não nos vemos, como ficamos tão distantes um do outro? Será que ainda somos amigos como antes?”. O filme não consegue, por exemplo, fazer o que Superbad (2007) fez, dando legitimidade a esses momentos, fazendo com que percebamos com facilidade que isso foi um artifício bobo que queria agregar alguma complexidade a trama.

É uma pena que tais filmes ainda sintam a necessidade de existir, pois mesmo que possuam momentos pontuais que sejam engraçados, dão a impressão de ser uma hora e meia ininterrupta de um dèjá vu que já foi interessante, mas que hoje representam uma preguiça enorme e uma total falta de interesse em buscar algo diferente do que já foi feito.

NOTA: 5,5