A atriz italiana Gina Lollobrigida disse que foi vítima de agressões sexuais, mas considerou que é preciso ter coragem para denunciar no momento do fato, e não anos mais tarde.

“Parece-me que falar sobre isso agora é uma maneira de procurar publicidade”, declarou a antiga sex symbol de 90 anos quando perguntada sobre os escândalos sexuais que agitam a indústria cinematográfica durante um programa televisionado exibido na quarta-feira à noite.

“Você precisa ter coragem para denunciar os fatos no momento, mas mesmo eu não tive essa coragem, fiquei quieta, não disse nada”, acrescentou.

Falando com poucas palavras e grande dignidade, ela explicou que duas vezes sofreu agressões sexuais “bastante sérias” de um estranho e de um italiano.

“A primeira vez, eu era inocente, não conhecia o amor, não conhecia nada. Então foi grave e a pessoa era muito conhecida. Eu tinha 19 anos, ainda estava na escola”, declarou a atriz nascida em 1927.

“A segunda vez, eu prefiro não falar”, acrescentou, revelando que foi após seu casamento em 1949 com o médico Milko Skofic, com quem teve um filho antes de se divorciar mais de 20 anos mais tarde.

“As agressões sexuais, ficam em você e marcam seu caráter. É algo do qual você não consegue se livrar. Suas ações estão sempre sujeitas a essas memórias terríveis”, disse ela.

Um mês após as revelações sobre o produtor Harvey Weinstein, acusado por uma centena de atrizes e ex-colaboradoras de assédio, agressão sexual ou estupro, muitas vozes se elevaram e outros ídolos caíram.

Na Itália, várias atrizes assumiram a defesa do diretor Giuseppe Tornatore, autor de “Cinema Paradiso” em 1988, Oscar de melhor filme estrangeiro em 1990, acusado de ter importunado uma atriz há 20 anos, o que negou.

da Agência France Press