Com uma história que reflete a nova cadência de um cinema chileno que apostou nos últimos anos na diversidade temática, “Uma mulher fantástica” disputará no domingo o Globo de Ouro, contando sem rodeios a luta de uma transexual.

“Um ato de amor cinematográfico”. Foi assim que o jovem diretor chileno Sebastián Lelio definiu a fita, que concorre na categoria de melhor filme estrangeiro e que tem na atuação da transexual Daniela Vega um de seus pontos mais altos.

O roteiro – coescrito por Lelio e Gonzalo Maza, contemplado com o Urso de Prata no Festival de Berlim – conta a história da luta de Marina (Vega), uma jovem transexual de origem humilde, para se despedir do companheiro, Orlando (Francisco Reyes), um homem divorciado 20 anos mais velho e pai de família que morre de repente.

O relato mostra Marina confrontada com a fúria da família, que se envergonha de que o falecido tenha entregado seu amor a uma transexual, despertando preconceitos que invadem diariamente a comunidade trans no Chile e no mundo.

“É um filme atrevido, com um excelente roteiro e atuações maravilhosas, filmado por Leilo e produzido pelos Larraín (Pablo e Juan de Dios, considerados os messias do cinema nacional) de forma delicada”, comentou à AFP Jorge López Sotomayor, presidente da Associação de Diretores e Roteiristas do Chile (ADG). “É um filme maduro”, acrescentou.

Para Sotomayor, o cinema chileno está na moda e o filme de Lelio é um representante fiel do êxito obtido nos últimos anos pela indústria cinematográfica local. O desafio é manter a qualidade e avançar na bilheteria local, sem descuidar a vitrine internacional, acrescenta o diretor.

“Uma mulher fantástica” é o quarto filme chileno indicado aos prêmios entregues pela Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood, depois de “Neruda” e “O Clube”, de Larraín, e “A Criada”, dirigido por Sebastián Silva, que disputou um Globo de Ouro em 2010. A vitória seria inédita para o país e, para fazê-lo, a produção precisa derrotar The Square: a arte da discórdia”, do sueco Robert Östlund; o alemão “In the fade”, de Fatih Akin; o russo “Loveless”, de Andrei Zvyagintsev, e o cambojano “First They Killed My Father”, dirigido por Angelina Jolie.

da Agência France Press