Ingrid Bergman morreu em paz com os Estados Unidos, país que a forçou a sair de seu território por causa de um romance escandaloso em 1950, de acordo com Isabella Rossellini, a filha da atriz sueca que foi um ícone do cinema.

A carreira de Ingrid incluiu filmes dirigidos por Jean Renoir, Ingmar Bergman, Alfred Hitchcock e Roberto Rossellini, que foi seu segundo marido e pai de três de seus filhos.

Seu caso de amor com o cineasta italiano enquanto ambos ainda estavam casados ​​provocou indignação nos Estados Unidos, tendo até mesmo um senador declarado que ela era “uma poderosa influência para o mal”.

“Mama, claro, ficou muito magoada porque ela não podia ver a filha (Pia) do primeiro casamento. Ela foi atingida pelo escândalo, sentiu que pagou um preço alto demais por isso, mas, por fim, foi resolvido. Ela fez as pazes com isso”, disse Isabella Rossellini à Reuters, em entrevista no domingo (17).

A atriz italiana deu as declarações antes do lançamento no Festival de Cannes de “Ingrid Bergman in Her Own Words”, um documentário sobre a vida de sua mãe.

Cannes está homenageando Ingrid, que completaria 100 este ano. Um retrato da atriz sueca, que morreu em 1982 de câncer de mama, compõe o cartaz oficial do festival.

“Mama escreveu uma carta ao meu pai dizendo: ‘Quero trabalhar com você’, e ela terminou a carta dizendo em italiano ‘só posso dizer te amo’, e, claro, a imprensa usou isso para dizer que as mulheres são predadoras sexuais”, disse Isabella, explicando as origens do escândalo.

“Em 1949 eles fizeram um primeiro filme juntos, “Stromboli”, e eles se apaixonaram e minha mãe ficou grávida de meu irmão Roberto, antes que pudesse obter o divórcio. Isso criou um grande escândalo e ela foi forçada a deixar os Estados Unidos porque sentiram que os estrangeiros e as estrelas vão para os Estados Unidos e depois se comportam de forma imoral, e são maus exemplos para as gerações mais jovens.”

Ingrid, no entanto, não era de viver nas sombras. Ela fez um retorno triunfal em 1956, ganhando seu segundo Oscar de melhor atriz, em “Anastasia”, de Anatole Litvak. Em 1974, ela conquistou seu terceiro Oscar, como melhor atriz coadjuvante em “Assassinato no Expresso do Oriente”.

O novo documentário usa imagens de arquivo de 16 mm que mostram a atriz como uma pessoa despreocupada, alegre e corajosa, nos bastidores de filmagens, mas também em casa com a família.

“Ela mostrou que as mulheres são independentes, que as mulheres querem contar a sua própria história, querem tomar a iniciativa, mas às vezes elas não podem, porque às vezes a nossa cultura social não permite que as mulheres rompam com certas regras”, disse Isabella.

da Agência Reuters