O Geena Davis Institute on Gender in Media (ou Instituto Genna Davis de Gênero na Mídia, em tradução livre), criado pela atriz protagonista de “Thelma e Louise” (1991), publicou nessa semana uma pesquisa sobre a exposição da mulher no cinema. O estudo, intitulado “Gender Bias Without Borders” ( ou Preconceito de gênero sem fronteiras”) aponta dados intrigantes sobre a participação das pessoas do sexo feminino na frente e por detrás das câmeras na indústria cinematográfica ao redor do mundo.

Dentre os resultados, está o fato de que o Brasil é um dos países que mais traz representações sexualizadas de personagens femininos, seja em cenas envolvendo nudez ou não. A magreza como padrão de beleza física também foi computada pela pesquisa, com o Japão se destacando nesse quesito.

Os dados acima não seriam tão sintomáticos, não fosse o fato de que a quantidade de personagens femininos é bastante reduzida. O Brasil e o Reino Unido são os que se destacam mais positivamente nesse sentido: possuem, respectivamente, 37,1% e 37,9% de personagens mulheres. A Coréia desponta como o país com mais mulheres em posição de destaque (protagonista ou co-protagonista).

Outro dado alarmante é a quantidade de personagens mulheres apresentadas como trabalhadoras em filmes quando comparada ao montante de trabalhadoras em cada país. Nos filmes norte-americanos, por exemplo, são 23,2% as personagens nessa condição, contrastando com 46.3% de trabalhadoras no “mundo real”. De certa forma, isso demonstra que as mulheres não são representadas de acordo com a real condição de suas vidas. No Brasil, a porcentagem é similar: 25,4% de trabalhadoras “fictícias” contra 43.7% de trabalhadoras “de verdade”.

Por trás das câmeras, a situação também não parece muito promissora para as mulheres. Com o melhor resultado, o Reino Unido possui apenas 27,3% de mulheres diretoras. O Brasil ficou com 9,1%, apesar de a porcentagem de mulheres produtoras atingir 47.2%, a maior dentre os 11 países que encabeçam a listagem.

Dentre as conclusões do estudo, está o fato de que só 30% dos personagens com falas são mulheres. Os filmes de aventura e ação são os que menos contam com personagens do sexo feminino. O caráter sexual e de boa aparência é tido como padrão para a maioria das mulheres em filmes. Em suas páginas finais, a pesquisa conclama homens e mulheres a buscar e abrir mais espaço para a igualdade entre gêneros no cinema.

Você pode conferir todos os detalhes da pesquisa “Gender Bias Without Borders” aqui (em inglês)