Direto do Festival de Toronto, Kleber Mendonça Filho opinou, na tarde desta segunda-feira (12), sobre a decisão da comissão da Secretaria do Audiovisual em escolher “Pequeno Segredo” como o representante brasileiro no Oscar 2017. O diretor pernambucano ligou a exclusão de “Aquarius” da disputa de Melhor Filme Estrangeiro à situação política do país.

“Estou numa tarde de entrevistas e já vendo o tipo de reação que tem surgido na imprensa e redes sociais. É bem possível que a decisão da comissão esteja em total sintonia com a realidade política do Brasil, ou seja, é coerente e já esperada”, escreveu o diretor no Facebook. Kleber Mendonça Filho aproveitou a ocasião para celebrar a carreira internacional do filme em festivais. “tem conquistado internacionalmente um tipo raro de prestígio, e isso inclui distribuição comercial em mais de 60 países enquanto já se aproxima dos 200 mil espectadores nos cinemas brasileiros, com um tipo de impacto popular também raro. Mais ainda, é um filme que já faz parte da cultura e desse tempo, num ano difícil no nosso país. No final das contas, AQUARIUS é um filme sobre o Brasil, que está no filme da maneira mais honesta possível. Talvez seja exatamente esta honestidade que tenha feito de AQUARIUS um filme forte como agente cultural, social e produto da nossa indústria do entretenimento. Sonia está aqui do lado, poderosa como Clara”, afirmou.

“Aquarius” está cercado de polêmicas: desde o protesto da equipe no tapete vermelho do Festival de Cannes, o filme ficou associado aos movimentos contra a saída da ex-presidente Dilma Rousseff. A produção ainda esteve envolvida na polêmica da comissão do Oscar após a postagem de um dos integrantes, o crítico Marcos Petrucelli, contra o diretor e elenco de “Aquarius”. O longa pernambucano ainda chegou a receber do Ministério da Justiça a maior classificação indicativa possível no país: 18 anos. Dias depois, a classificação diminui para 16 anos.

O filme acompanha a história de Clara (Sonia Braga), jornalista aposentada, viúva e mãe de três adultos. Ela mora em um apartamento localizado na Av. Boa Viagem, no Recife, onde criou seus filhos e viveu boa parte de sua vida. Interessada em construir um novo prédio no espaço, os responsáveis por uma construtora conseguiram adquirir quase todos os apartamentos do prédio, menos o dela. Por mais que tenha deixado bem claro que não pretende vendê-lo, Clara sofre todo tipo de assédio e ameaça para que mude de ideia.

A chegada de “Aquarius” aos cinemas de Manaus está em negociações feitas pelo Cinema de Arte, Cinépolis e Cine Set junto à distribuidora Vitrine Filmes.