De olho na produção brasileira de Audiovisual, 42 compradores de pelo menos cinco países participarão das rodadas de negócios do Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MicBR), em São Paulo, na primeira semana de novembro: Colômbia, Chile, Argentina, Uruguai e Peru. A Argentina é o país que mais inscreveu compradores: 13, sendo três produtoras inteiramente voltadas ao mercado de animação. Durante quatro dias, de 6 a 9, das 10h às 12h, o que o Brasil tem a oferecer neste setor estará na vitrine sul-americana.

Entre os mais de cem empreendedores brasileiros, experientes e iniciantes, de dez segmentos da indústria criativa selecionados pelo Ministério da Cultura (MinC) para participar das rodadas de negócios com empresários estrangeiros, 18 são do setor Audiovisual, seis dos quais já participaram de mais de uma edição do Mercado de Indústrias Culturais do Sul (MICSul).

Proprietária da RED Studio Brasil, especializado em animações, a cineasta e produtora Sabrina Bogado destaca a importância da participação no MicBR para o fomento do mercado cultural sul-americano de pequenas e médias empresas. “A sinergia promovida entre as diversas áreas culturais torna a experiência ainda mais rica. Essa é a segunda vez que participo do evento. A primeira foi na edição de Mar Del Plata (Argentina) do MICSUL em 2014, quando conseguimos parceiros internacionais de trabalho com os quais desenvolvemos projetos até hoje”, afirmou.

Na avaliação da cineasta, o mercado de co-produções internacionais tem crescido muito e o contato com produtores de outros países é fundamental para que os mercados sejam melhor identificados. “Quando participamos da primeira vez, éramos uma empresa pequena, tínhamos três colaboradores. Hoje, somos de porte médio, empregamos 25 pessoas. A animação que produzimos está no mesmo nível de outros países”, ressaltou. Atualmente, a produtora RED Studio Brasil desenvolve animações em parceria com Argentina e Chile.

À frente da Panaceia Filmes, o cineasta Jarleo Barbosa, que também é um dos idealizadores do Seminário Audiovisual para Produtoras e Produtores Independentes (SAPPI), projeto que reúne profissionais de todo o Brasil para discutir a gestão do audiovisual, participa pela terceira vez do Mercado de Indústrias Criativas. Em sua avaliação, participar do MicBR é estratégico para que os cineastas possam estabelecer vínculos mais sólidos com a América Latina. “A minha empresa, a Panaceia Filmes, está nesse momento em um processo de esforço de internacionalização. Somos uma produtora de Goiás, estamos fora do eixo, mas existe esse desejo de que nossos conteúdos alcem voos maiores. Por isso, nos últimos anos temos participado de eventos importantes fora do Brasil, Marché du film (Cannes), European Film Market (Berlim), Ventana Sur (Argentina), sem contar que participamos das duas primeiras edições do MicSur”, disse. Segundo Jarleo, as participações anteriores abriram a janela para se pensar a internacionalização da produtora.

O setor
Um dos principais vetores de desenvolvimento da indústria criativa, o setor audiovisual movimenta bilhões todos anos, representando atualmente 0,46% do Produto Interno Bruto brasileiro, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Com crescimento de 9% ao ano, o setor ainda é responsável pelo emprego direto de 94.972 pessoas e outros 240.972 indiretos em 6.560 estabelecimentos do setor audiovisual.

De acordo com levantamento feito pelo Ministério da Cultura, R$ 2,13 bilhões são arrecadados anualmente pelo setor, em impostos diretos; e outros R$ 1,25 bilhão, em impostos indiretos.

Investimentos
Este ano, o MinC, por meio da Secretaria do Audiovisual (SAv) e da Agência Nacional do Cinema (Ancine), ampliou os investimentos e o alcance dos recursos do Fundo Nacional de Cultura (FNC) e do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) em produção de cinema. Somente com o programa AudiovisualGeraFuturo, o MinC investiu R$ 551 milhões em editais de produção e difusão de audiovisual. Além disso, Foram aprovados R$ 705 milhões para o setor no Plano Anual de Investimentos do FSA, gerido pela Ancine.

Dos 463 longas-metragens lançados nos cinemas em 2017, 34,6% eram brasileiros, 27,6% norte-americanos e 37,8%, de outras nacionalidades, segundo pesquisa da Ancine. Dentre os lançamentos brasileiros, 53,1% são de diretores ou diretoras estreantes. Quanto ao gênero da direção, apenas 15,6% dos filmes brasileiros que estrearam foram dirigidos exclusivamente por mulheres.

com informações de assessoria