O Mercado Audiovisual do Norte (Matapi) chega ao segundo ano, em 2019, como símbolo de resistência e sobrevivência. Se fazer um evento para debater um setor, alvo de sucessivos ataques de um governo que pretende um relacionamento sério com o autoritarismo e a censura, pode soar como uma forma de desafiar e resistir a este cenário desesperador, por outro, achar novos caminhos e possibilidades para se manter de pé nunca se fez tão necessário.
Conhecimento, informação, networking, planejamento e profissionalismo são as bases apontadas pelo Matapi como necessárias para resistir e sobreviver dentro do audiovisual, formando uma cadeia produtiva cada vez mais sólida. Para tanto, o evento promove, ao longo dos próximos três dias, rodadas de negócios, consultorias, pitchings, palestras e mesas de debate.
O Cine Set apoia o Matapi com orgulho e a certeza de que o trabalho desenvolvido pelas produtoras Dabacuri Projetos e Produções, de Liliane Maia, e Leão do Norte, de Carlos Barbosa, Clemilson Farias e Rodrigo Grillo, é fundamental para o desenvolvimento do audiovisual da Região Norte do Brasil.
Confira abaixo as atrações do primeiro dia a ser realizado no Centro Cultural Palácio da Justiça, localizado na Avenida Eduardo Ribeiro, no Centro de Manaus.
Painel ‘Mercados audiovisuais na América Latina: pontes a se construir’
Com as portas se fechando cada vez mais dentro do governo federal para o setor artístico, olhar para fora do Brasil pode ser um caminho de viabilizar projetos culturais, especialmente, no audiovisual. As coproduções internacionais tornaram-se meios atraentes tanto como possibilidade de obter financiamento quanto para conseguir circulação em festivais.
Segundo dados da Agência do Cinema Nacional, o Brasil saiu de única obra cinematográfica em coprodução lançada nas salas de exibição em 2005 para 22 obras em 2017. Para apresentar as possibilidades dentro da região, Fernando Garcia realiza o primeiro painel do Matapi 2019: ‘Mercados audiovisuais na América Latina: pontes a se construir’.
Fernando coordena Talents Guadalajara, do Festival Internacional de Cinema da cidade mexicana. O programa é uma incubadora de cineastas realizada em colaboração com o Festival Internacional de Cinema de Berlim. Além disso, ele comanda o Estúdio Teorema, estúdio de produção artística e inovação cultural e sócio fundador da Traza.mx, uma organização ativista sem fins lucrativos dedicada à defesa dos direitos culturais e humanos.
O painel inicia a partir das 9h.
Debate sobre a Regionalização do Cinema Nacional
Os feitos obtidos por “Bacurau” – premiado em Cannes e sucesso de público com mais de 650 mil espectadores – talvez, sejam os resultados mais expressivos de um longo processo de regionalização do audiovisual brasileiro. Esta bem-sucedida política pública cultural não apenas deu visibilidade e representatividade para regiões pouco vistas nas telas do cinema e televisão do país, como também deu voz aos artistas locais para expressarem suas visões sobre as realidades de onde estão inseridos.
Exemplos não faltaram: Sérgio Andrade no Amazonas (“A Floresta de Jonathas”, “A Terra Negra dos Kawa”), Jorane de Castro do Pará (“Para ter onde ir”), Aly Muritiba no Paraná (“Ferrugem”), Allan Deberton no Ceará (“Pacarrete”), entre tantos outros.
Com mediação da diretora de audiovisual da Fundação Cultural do Estado da Bahia, Daniela Fernandes, a mesa para tratar sobre as políticas de regionalização contará com a presença com convidados de produtoras da Região Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Durante o debate, também será abordado a necessidade de construção de políticas feitas pelos Estados para fortalecer a cadeia do audiovisual.
A mesa de debate inicia a partir das 10h50 também no Centro Cultural Palácio da Justiça.
Co-Produção na América Latina em Debate
O que “Roma”, “Boi Neon”, “O Banheiro do Papa” e “Pássaros de Verão” tem comum? Todos são filmes com produção do uruguaio Sandino Saravia Vinay.
Repito a pergunta apenas trocando para os filmes “Ventos de Agosto”, “Vermelho Sol” e “Divino Amor”. A resposta aqui fica por serem trabalhos feitos por Rachel Daisy Ellis.
Sandino e Rachel estarão no Matapi 2019 para o debate intitulado ‘Ultrapassando Fronteiras: A Co-Produção no Cenário Latino-Americano”. A mediação fica por conta de Clemilson Farias, da Leão do Norte, a partir das 14h, no Palácio da Justiça.
Segurança Jurídica nos Projetos Audiovisuais
No Matapi 2018, Diego Medeiros assustou muita gente presente na palestra dele. Um susto positivo, diga-se.
Advogado com larga experiência em assessoria e consultoria para cinema, audiovisual e projetos artísticos há mais de 12 anos, ele apresentou uma série de informações para os artistas e realizadores presentes sobre os mais diversos detalhes jurídicos ligados ao setor, extremamente necessários para que um projeto seja realizado sem que possa haver contestações das mais variadas em todos os níveis.
Como Hollywood ensina, tudo o que é bom pode-se repetir e o Matapi traz Diego para mais uma conversa com os produtores locais. Com início previsto para às 15h50, ele volta a falar sobre direitos autorais, contratos e diversos procedimentos relativos à Ancine.
Imperdível para quem quiser se aventurar no audiovisual com segurança.
Caminhos inovadores de distribuição
Pensar em fazer um filme visando o tradicional método de lançamento – sala de cinema + home vídeo + televisão – em pleno 2019 soa como algo limitado diante das mais diversas possibilidades oferecidas atualmente. De streamings dos mais diversos ao YouTube até as universidades, a distribuição ganhou uma amplitude muito maior do que tínhamos há 20 anos com possibilidade da obra chegar ao público-alvo com mais eficiência do que pelos caminhos tradicionais.
Previsto para ter início às 17h20, o debate ‘Distribuição de impacto e ações alternativas: como pensar para além dos espaços e formas tradicionais de distribuição?’ visa discutir estes diversos caminhos e como atingir as pessoas. Com coordenação de Daniela Fernandes, a discussão será feita por Carol Misorelli (Taturana Mobilização) e Josi Campos (Videocamp).
PROGRAMAÇÃO COMPLETA: Quinta-feira (28/11), no Centro Cultural Palácio da Justiça
9h às 18h – Clínicas Jurídicas com Thaís Sales e Diego Medeiros, na sala Rio Tapajós;
9h às 12h30 – Consultorias de empreendedorismo em mídias digitais, contábil e fiscal, no estande Sebrae;
9h às 10h30 – Painel ‘Mercados audiovisuais na América Latina: pontes a se construir’ com Fernando García, na sala Rio Negro;
10h50 às 12h30 – Mesa sobre ações políticas de regionalização e o impacto na construção de políticas estaduais com convidados dos Estados da Região do CONNE e mediação de Daniela Fernandes (Dimas-Funceb), na sala Rio Negro;
14h às 15h30 – Mesa ‘Ultrapassando fronteiras: a coprodução no cenário latino-americano’ com Sandino Saraiva (Malbicho Cine) e Rachel Daisy Ellis (Desvia) e mediação de Clemilson Farias (Matapi), na sala Rio Negro;
15h50 às 17h – Painel ‘Segurança jurídica em projetos audiovisuais: direitos autorais, contratos, Ancine e a IN 150’ com Diego Medeiros, na sala Rio Negro;
17h20 às 19h – Mesa ‘Distribuição de impacto e ações alternativas: como pensar para além dos espaços e formas tradicionais de distribuição?’ com Carol Misorelli (Taturana Mobilização) e Josi Campos (Videocamp), na sala Rio Negro. A mediação será feita, novamente, por Daniela Fernandes.
OBS: todas as inscrições para painéis, mesas, consultorias estão esgotadas.