Quantas vezes por dia você acessa suas contas nas redes sociais? Em tempos de Pokémon Go e toda dependência que as mídias virtuais evocam, “Nerve” chega para mostrar essas influências na vida das pessoas, principalmente dos jovens adultos.

Imagine um jogo virtual em que seus participantes jogam verdade ou desafio online com recompensas da brincadeira em dinheiro, milhares de pessoas interagindo e sendo os responsáveis por saber qual seu próximo desafio de cinco segundos. Essa é a premissa de “Nerve – Um Jogo Sem Regras”.

Nerve - Um Jogo Sem Regras: You Can Be Famous
A história adolescente

O filme traz a nova rainha das mean girls, Emma Roberts no papel de Vee, uma adolescente prestes a sair do ensino médio que se sente pressionada por seus amigos a ter mais atitude. Em um rompante de emoção juvenil resolve deixar de ser mera espectadora e assumir o papel de jogadora, iniciando sua jornada pelo Nerve.

No primeiro desafio, Vee já conhece o misterioso Ian (Dave Franco) com seu ar de bad boy sedutor. Os dois, incentivados pelos observadores, formam uma parceria para chegar às fases finais do jogo. Nesse ínterim, acompanhamos a clássica história do East Side, dessa vez vivenciada entre Manhattan e Staten Island. A amiga de Vee, Sidney (Emily Meade) que é uma das sete melhores jogadoras de Nerve, lembra fisicamente Leighton Meester, e as ações da personagem também não se distanciam de Blair Waldorf e sua busca por ser melhor que Serena (Blake Lively) em “Gossip Girl”. Vee e Sidney vivem entre tapas e beijos, como quaisquer melhores amigas da ficção adolescente.

O filme traz também outros personagens que permeiam a comédia adolescente americana, como o jogador de futebol americano por quem a mocinha é apaixonada, o amigo nerd que tem uma queda por ela, o hacker que salva o filme no último segundo, os pais que nunca sabem de nada sobre os filhos e os amigos mais figurantes que coadjuvantes. Mesmo assim, percebe-se certa fragilidade em conduzir todos esses personagens.

No começo de “Nerve”, fica claro quem são as personas envolvidas com a história, porém, no decorrer da exibição, a trama se afunila até só ter espaço para o desenvolvimento de três personagens principais, deixando um pouco a desejar a condução das outras histórias que poderiam sustentar a principal.  A história acontece de forma instantânea e rápida, como as próprias mídias sociais.

Emma Roberts em Nerve
O suspense

O filme consegue prender o espectador que chega a se envolver e torcer para que os desafios possam ser cumpridos com êxito pelos jogadores. Um fator que contribui para isso é a trilha sonora, que casa músicas pop com eletrônicas, evocando a sensação de êxtase que é promovida, realmente, durante a imersão a jogos eletrônicos. O uso do Spotify, ativando a trilha sonora, marca, mais uma vez, a contemporânea conectividade que nos cerca.

A fotografia que mistura efeitos visuais em neon com as luzes da Big Apple presenteiam o filme com um hipnotismo visual, junto com alguns planos usados nas próprias redes sociais e o uso de cenas como as de celular e GoPro, dando um visual muito próximo à linguagem fotográfica jovem.

Emma Roberts em Nerve
As redes sociais

“Nerve” traz à voga o papel das redes sociais em nossa vida e o quanto deixamos rastros de nós mesmos por toda web, sejam os dados das contas nas redes sociais, o que curtimos, o que damos retweet, as pesquisas que realizamos no Google e até as páginas que acessamos. Há rastros nossos por toda parte e isso é inevitável em uma realidade que nos exige a conectividade.

O jogo dura 24h, parecido com uma certa rede social que pode acompanhar a sua vida pelo mesmo período de tempo. Basta os usuários estarem logados em suas contas, como os observadores. A questão é que, em um mundo com feed de notícias, todos nos tornamos jogadores e observadores, por mais que não haja telões espalhados em festas para acompanharem nossas ações e nem pessoas determinando o que iremos fazer por cinco segundos, não podemos negar que a conectividade mudou a nossa maneira de ver o mundo. “Nerve” só exemplifica isso.