Cine Set – Como foi ser tema de um documentário?

NEY MATOGROSSO – Isso é uma consequência de uma coisa que venho fazendo há muitos anos, pois, guardava tudo que era entrevista que fazia. Eu tinha 300 horas de fitas da minha carreira. Descobri, por exemplo, que tinha filmes de Super 8, 35 milímetros, muita coisa guardada e não sabia o motivo de preservar isso. Estava chegando um momento em que ficou uma quantidade que eu não ia mais ter o que fazer com aquilo. Conversando com o Paulinho Mendonça (diretor do Canal Brasil), ele disse: vamos fazer um documentário! Eu disse: vamos! Entreguei tudo para ele, o material foi todo digitalizado. O que estava ficando mofado, agora está em fita e CD. A partir desse processo, começou o trabalho.

Cine Set – A sua carreira de ator continua?

NEY – Continua no cinema. Acabei de fazer um outro filme com a Helena Ignez que se chama O Poder dos Afetos.

Cine Set – Apesar de você sempre ter forte a questão da interpretação na sua carreira musical, no cinema você tem poucos filmes como ator…

NEY – Verdade. Fiz um nos anos 80 (“Sonho de Valsa”), depois outro filme com o Joel Pizzini (“Caramujo-Flor”) e passaram-se muitos anos.  De repente, fui chamado pra fazer o Luz Nas Trevas (2010) e acabei, em seguida, fazendo outros quatro filmes. Acendeu de novo essa vontade de atuar e eu gosto muito. Para mim, é interessante esse exercício de ator, sendo cinema melhor ainda, porque não me prende. Se fosse teatro, precisaria ficar um ano preso na peça, enquanto ao fazer filme, a gravação dura, no máximo, um mês.

Cine Set- Tem acompanhado o que tem sido produzido no cinema brasileiro? O que te chama mais atenção?

NEY – Tenho sim. Não tenho uma regularidade porque não tenho tempo de assistir tudo, mas sei o que está acontecendo. Existe uma renovação vinda de muitos estados fazendo cinema. Acho isso ótimo.

Cine Set – Aproveitando o fato de Olho Nu ser um filme sobre a sua vida, qual a sua opinião em relação à questão das biografias não autorizadas?

NEY – Minha posição diante de biografia é liberar. Agora, eu acho que a partir daí, se virar alguma coisa para televisão, para cinema, o biografado tem que ser pago por isso. Agora, as biografias… não acho. Acho que tem que ser liberado.

Cine Set – A sua peça, Dentro da Noite, foi exibida no Festival de Teatro da Amazônia deste ano, sendo muito bem aceita. Como é para você conciliar essa carreira de músico, ator e de diretor de teatro?

NEY – Essa é a terceira peça de teatro que eu dirijo. Gosto de trabalhar com ator, de achar todas as intenções das palavras, todos os sentidos. É um trabalho que me dá muito prazer.

Cine Set – Pretende seguir no teatro?

NEY – Tudo o que me interessar dentro das artes e me sentir capaz de fazer, eu farei.