O cineasta Pawel Pawlikowski nega ser nostálgico com relação à Guerra Fria, mas considera que as tensões geopolíticas e a ausência de distrações tecnológicas modernas fazem dela a era perfeita para situar uma história de amor sem futuro, disse ele nesta sexta-feira.
Pawlikowski, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2015 com “Ida”, também transcorrido nos tempos do comunismo, concorre à Palma de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Cannes com “Cold War”, romance que vai das fazendas de camponeses da Polônia aos clubes de jazz de Paris entre os anos 1940 e 1960.
Zula é uma mulher linda e rígida que conquista uma vaga em uma escola tradicional de atores instituída para promover uma imagem nacionalista benéfica da Polônia do pós-guerra, na qual o belo Wiktor é diretor musical.
Logo no início de seu caso clandestino, ela admite que o espiona para as autoridades, o primeiro e talvez o menor de muitos problemas que o clima político cria no relacionamento.
Em sua resenha de cinco estrelas, Peter Bradshaw, do jornal Guardian, qualificou “Cold War” como um “filme misterioso, musicalmente glorioso e visualmente arrebatador”, e “requintadamente arrepiante”.
O filme também se inspira na experiência pessoal. Pawlikowski, hoje com 60 anos, foi para o exílio aos 14 anos, quando sua mãe bailarina fugiu com ele para o Ocidente. Os protagonistas de “Cold War” foram batizados em homenagem aos seus falecidos pais.
“Há muitas coisas em comum entre este casal e meus pais. Eles foram um casal um tanto desastroso que se apaixonou, se separou, se apaixonou novamente, se casou com outras pessoas, se juntou novamente, mudou de país, rompeu, se juntou novamente e assim por diante”.
“Não é seu retrato, mas há mecânicas bastante semelhantes em seu relacionamento”.
O Festival de Cannes vai de 8 a 19 de maio.
da Agência Reuters