O tão turbulento “O Homem que Matou Dom Quixote” terá lançamento exclusivo em Manaus, no Cinépolis do Shopping Ponta Negra. A estreia do filme dirigido por Terry Gilliam acontece no próximo dia 30 de maio.

Estrelado por Adam Driver (“Star Wars”, “Infiltrado na Klan”) e Jonathan Pryce (“Game of Thrones”, “A Esposa”), “O Homem Que Matou Dom Quixote” conta a história de Toby, um diretor de cinema desiludido que é levado para uma aventura onde fantasia e realidade se misturam quando um sapateiro espanhol que acredita ser Dom Quixote o confunde com Sancho Pança.

UMA GRANDE NOVELA

O longa teve uma das produções mais conturbadas da história: Terry Gilliam começou a trabalhar no projeto há três décadas ao lado da filha, Amy, na época com 11 anos. A pré-produção começou, de fato, em 1998, com orçamento estimado em US$ 30 milhões, com Johnny Depp e Vanessa Paradis em papéis importantes com Jean Rocheford de protagonista. O ator francês, porém, foi diagnosticado com dupla hérnia de disco e precisou abandonar “O Homem que Matou Dom Quixote”.


 Johnny Depp desistiu de tantas idas e vindas

A situação se agravou ainda mais quando o set de filmagem acabou sendo inundado por uma tempestade. Como desgraça pouca é bobagem, até a coloração dos penhascos mudou, trazendo erros para a continuidade. Já as filmagens em Madrid também foram comprometidas pela locação ficar próxima a uma base aérea espanhola, arruinando todo o som.
Os infortúnios da produção foram tantas que até rendeu o documentário “Perdido em la Mancha”.

Após perder os direitos do projeto para seguradora que ressarciu os investidores do longa de 2002, Terry Gilliam recuperou o projeto seis anos depois. As filmagens aconteceriam em 2010, mas, sem financiamento e Johnny Depp, tudo foi por água abaixo novamente.


John Hurt: o protagonista que não foi

Chateado, Gilliam chegou a desabafar no Festival de Veneza de 2013 dizendo que queria filmar “Dom Quixote” apenas para se livrar do tormento. Eis que surgiu a Amazon Studios com John Hurt de protagonista. O ator, porém, não resistiu a um câncer e morreu aos 77 anos.

Em 2017, finalmente, o ex-Monty Phyton rodou o projeto em Portugal. Mas, claro, mais problemas: reportagem da emissora RTP acusou a produção do filme de ter danificado um patrimônio histórico do país. O governo local chegou a investigar o caso, mas, considerou os danos insignificantes.


Terry Gilliam: o sujeito mais azarado do cinema

O último capítulo foi com o produtor português Paulo Branco, financiador do projeto. Antes do lançamento de “O Homem que Matou Dom Quixote” no Festival de Cannes, Branco entrou na justiça pedindo os direitos do filme. Para sorte de Gilliam e de cinéfilos do mundo inteiro, ele perdeu a ação.