O primeiro post de 2020 no Cine Set não podia ser sobre outro tema que não fosse o cinema amazonense. Com as perspectivas de novas edições de importantes eventos como o Festival Olhar do Norte e o Matapi – Mercado Audiovisual do Norte, além da manutenção do Casarão de Ideias como espaço para o circuito alternativo, a produção prepara novas projetos.
Confira abaixo alguns dos principais filmes que devem ser lançados em 2020:
Novo Filme de Anderson Mendes
Sérgio Andrade e Aldemar Matias vão ganhar companhia como os realizadores locais surgidos nesta década a conseguirem fazer um longa-metragem. Diretor dos premiados curtas “A Incrível História de Coti – O Rambo do São Jorge”, “Picolé do Aranha” e “Oscarino e Peteleco”, Anderson Mendes deve lançar o primeiro trabalho da carreira em longa em 2020.
Declare seu Amor Delivery
Aldemar Matias terminou 2019 com um saldo para lá de positivo, afinal, lançou o primeiro longa da carreira “La Arrancada” na Mostra Panorama do Festival de Berlim e estreou a série “Palante” nas emissoras públicas brasileiras. Agora, ele finaliza o curta-metragem “Declare Seu Amor Delivery”. Projeto gravado no fim de 2018, o filme é o primeiro de Aldemar em Manaus desde “A Profecia de Elizon”, trabalho de estreia na direção.
Híbrido de ficção com documentário, “Declare Seu Amor Delivery” mostra um casal em fim de relacionamento que trabalha com um carro de som especializado em mensagens-surpresa para outros casais. A obra traz Adanilo Reis (“Aquela Estrada” e “Mariguella”) como um dos protagonistas.
Enquanto o Céu Não me Espera
Diretora dos curtas “Nas Asas do Condor” e “Aquário”, Christiane Garcia será mais uma realizadora local a se aventurar pelos longas-metragens de ficção com “Enquanto o Céu Não me Espera”. Gravado em 2019, o projeto traz como protagonista Irandhir Santos (“Tatuagem” e atualmente na novela “Amor de Mãe”).
Selecionado no Edital de Longa de Baixo Orçamento, do hoje extinto Ministério da Cultura, o filme acompanha a história de Vicente, um agricultor, morador do beiradão de rio, herdeiro de uma cultura que seu pai iniciou e que garantiu o sustento de toda a família por um bom tempo. “Com as mudanças climáticas, sobreviver da agricultura de várzea ficou muito difícil. O “tempo” mudou. A enchente vem mais intensa, mais bruta. A seca racha ainda mais o solo. Vicente não desiste; persiste até a exaustão por dias melhores e noites tranquilas”, explicou a diretora em postagem feita nas redes sociais.
Enterrado no Quintal
Isabela Catão se consolidou de uma vez por todas no audiovisual amazonense em 2019 com uma elogiada atuação em “A Goteira” e participação importante na série global “Aruanas”. Já Diego Bauer viu “Obeso Mórbido”, um relato pessoal entre o documentário e a ficção, ser selecionado para festivais como o Cine PE, Vitória e Mostra Tiradentes. Por fim, Diego Moraes viveu um ano com graves acusações, porém, mantendo a escrita ativa e ácida nas redes sociais.
O trio se reúne em “Enterrado no Quintal”, obra baseada em um conto de Moraes. Catão será a protagonista, vivendo uma mulher que jura vingança contra o seu pai, que está desaparecido e, no passado, agredia a filha e a esposa.
Entre Nós
Arnaldo Barreto ganhou, em 2014, o prêmio de Melhor Ator pelo ótimo trabalho no curta-metragem “Até que a Última Luz se Apague”. Depois rodou “O Cacto”, já atuando como diretor. Em 2020, ele se prepara para lançar o ambicioso curta-metragem “Entre Nós”.
Protagonizado por Fernanda Marques, Lino Camilo, Isabel Vega e Denis Carvalho, o projeto se passa em duas épocas – 1922 e 1945 e teve gravações realizadas na mítica Fordlândia, no interior do Pará, e no Museu do Seringal, em Manaus. A história mostra os efeitos trágicos da traição cometida Amália no dia do casamento dela. Arnaldo Barreto também pretende lançar o longa “A Noiva de Itamaracá” em 2020.
Manaus Hot City
Rafael Ramos vem se tornando um dos principais nomes do audiovisual local após os bem-sucedidos curtas de ficção “A Menina do Guarda-Chuva” e “Aquela Estrada”, o documentário “Formas de Voltar Para Casa”, além do clipe “Lulu”, da banda Luneta Mágica. Agora, ele se aventura fora da Artrupe Produções Artísticas, produtora da qual é um dos co-fundadores, com “Manaus Hot City”.
No projeto protagonizado pelo trio Maria do Rio (“Maria”), Frank Kitzinger e Vanessa Moraes, a produção aborda a amizade entre três amigos e como esta é afetada por uma descoberta transformadora. Igual fizera em “Aquela Estrada”, Rafael Ramos deve fazer um registro potente das cores, sotaques, rostos, cenários amazonenses.
O Barco e o Rio
Co-fundadores da Fita Crepe Filmes, Bernardo Abinader e Valentina Ricardo encaram o maior projeto da carreira com “O Barco e o Rio”. Gravado todo em um barco ancorado na Manaus Moderna, o curta-metragem de ficção foi contemplado no edital Concurso Prêmio Manaus de Audiovisual, parceria entre a Prefeitura de Manaus e a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e contou com orçamento de R$ 100 mil.
“O Barco e o Rio” traz a história de duas irmãs que herdam um barco da família. A mais velha e conservadora, Vera, vê no patrimônio a vida dela, passando os dias transportando mercadorias e passageiros. Já Josi não gosta das restrições da irmã; possui cabeça aberta, mas vê a vida mudar devido a uma gravidez inesperada. A dinâmica da relação entre as duas e a possibilidade de um aborto são os pontos de conflito do curta.
O Mezanino
Depois de “A Última Balada de El Manchez”, de Leonardo Mancini, ser selecionado para o Anima Mundi, o cinema amazonense terá a sua nova aposta na animação em 2020 com “O Mezanino”. O projeto traz Bruno Vilela (série “Índio Presente”) na direção com Adanilo Reis (“Mariguella”) e Daniela Blois (“O Boto”) de dubladores.
“O Mezanino” traz a história de um jovem de origem cabocla, das camadas mais populares, com uma paixão platônica por uma garota branca da classe média. Os dois se encontram no refúgio dela, uma sala pertencente à família no Edifício Cidade de Manaus. A garota fala para o rapaz que escreveu um poema solar lá e, para que ele consiga o mesmo, será necessário que parta em busca de um espaço semelhante ao que aquele lugar representa para ela. Daí em diante, o protagonista se aventura em uma viagem pela capital amazonense para localizar a tal sala.
O ESTRANHO SEM ROSTO
“Barulhos” foi uma das gratas surpresas do cinema amazonense em 2016: tirando dinheiro do próprio bolso, sem qualquer tipo de financiamento, o diretor Lucas Martins conseguiu criar um suspense simples, mas, eficiente, sem metade dos maneirismos vistos em muitos projetos amadores locais. Com boa fotografia, utilização correta dos efeitos sonoros e a noção de que a sugestão consegue ser, muitas vezes, mais interessante do que o susto gratuito, o curta despertou o interesse de quem acompanha a cena local no trabalho do realizador.
Lucas Martins deve lançar o novo trabalho da carreira em 2020 com “O Estranho Sem Rosto”. O curta mostra um relacionamento em declínio em que um homem não está seguro da fidelidade da namorada. Enquanto isso, ele começa a ser perseguido por um homem de preto. Primeiro nos sonhos e, em seguida, na vida real. O roteiro foi escrito pelo amigo de Lucas, o também realizador audiovisual Max Michel (“O Compromisso”). Rodrigo Queiroz e Talita Lima são os protagonistas, enquanto Guilherme Bindá, Lucas Barbacovi e Tininha Leite completam o elenco.
Robert
Após dezenas de trabalhos como fotógrafo e diretor de fotografia em curtas-metragens locais, César Nogueira se arriscou, ao lado da saudosa atriz Selma Bustamante, no documentário “Purãga Pesika”. O co-criador da Artrupe voltou a assumir a posição no documentário “Robert”.
A produção acompanha as andanças do fotógrafo Robert Coelho pelo Centro de Manaus com a visão dele sobre a região e também apresentando o trabalho profissional do protagonista. A ideia de César é que o curta origine novos filmes com outros importantes nomes falando sobre a área central da capital.