A ideia de reunir um elenco estelar para rodar a mais nova comédia romântica do momento com as histórias se intercalando proliferam nos cinemas a cada nova temporada: “O Que Esperar Quando Você Está Esperando”, “Noite de Ano Novo”, “Idas e Vindas do Amor”, “Ele Não Está Tão A Fim de Você”, “Simplesmente Amor”. A Espanha resolveu fazer parte da lista com “O Que os Homens Falam”, filme do diretor estreante Cesc Gay, rodado na cidade de Barcelona e com o elenco liderado pelo argentino Ricardo Darín. O resultado, infelizmente, segue a tendência dos filmes do gênero: boas ideias desperdiçadas ao longo da projeção.

Logo de cara, somos apresentados a dois sujeitos com pequenos dramas – o mais novo sofre de claustrofobia, enquanto o amigo está com dificuldades financeiras e morando com os pais aos 46 anos de idade. Outro personagem sente-se perdido e louco para retomar o casamento de dez anos após uma traição. O sujeito seguinte persegue a mulher até o prédio do amante e confessa toda a angústia que carrega há meses para um conhecido em uma praça. Já em uma festa de empresa, um cara inseguro busca paquerar a linda mulher da firma. Por fim, temos o drama de um homem com disfunção erétil.

A capacidade do roteiro em desenvolver boas situações através de diálogos plausíveis prende o espectador a ponto de se manter interessado no destino daquelas pessoas. “O Que os Homens Falam” deixa qualquer tipo de idealização, o que aproxima da vida real o que se vê na tela. Aqui, estamos bem longe do estilo garanhão, conquistador ou príncipe feito para casar das comédias românticas rotineiras. Os representantes do sexo masculino parecem não saber lidar com mulheres mais independentes, capazes de buscar a própria felicidade ou lidar com situações tabus como o medo e a perda da libido. A habilidade de atores como Ricardo Darín, Eduard Fernández, Leonardo Sbaraglia e, acima de tudo, Javier Cámara constrói ainda mais esse clima de realismo e retratam bem a desconstrução do mito do homem forte eternizado por John Wayne (lembrado em certa passagem da película).

Por isso, chega a ser frustrante como os roteiristas Cesc Gay e Tomás Aragay são incapazes de construir bons finais para as tramas. Saídas inverossímeis como a história protagonizada por Darín ou o tolo desfecho do rapaz com dificuldade de sentir prazer sexual deixam a impressão incômoda de que você perdeu tempo em assistir aquilo. A pior de todas fica com a história da festa da empresa que joga qualquer tipo de realismo para bem longe. Isso tira a expectativa em saber o que vai acontecer, pois, a sensação de falta de habilidade para concluir a trama torna tudo cada vez mais desinteressante.

Para piorar tudo, ainda somos presenteados com uma sequência clássica desses filmes com elenco estelar: a reunião de (quase) todos em uma cena sem necessidade de existir. Ao término desse momento, ficamos com a impressão de que era para ser engraçado, mas não foi. “O Que os Homens Falam” desperdiça uma boa oportunidade de ser mais que uma comédia romântica ao errar na finalização.

NOTA:6,0