“Qual profissional do cinema (diretora, atriz, roteirista, montadora, figurinista, diretora de fotografia…) você acha que o público precisa conhecer mais e por quê?”

Esta pergunta foi feita a algumas das principais críticas de cinema do Brasil pela equipe do Cine Set.

Confira as respostas abaixo no especial do Dia Internacional das Mulheres:

Acho que o público em geral precisa conhecer mais todas as profissionais mulheres da área. Qualquer pesquisa rápida perguntando sobre diretoras mulheres, por exemplo, gera silêncio. Para citar uma fico com Agnès Varda que não teve todo o reconhecimento que merece ainda. Com a indicação ao Oscar por “Visages, Villages” ela começou a ser citada, mas poucos conhecem sua filmografia. Filmes como “Cléo das 5 às 7”, “As Duas Faces da Felicidade” e “Os Renegados”, por exemplo, mereciam entrar nas listas de grandes filmes da história do cinema.

por Amanda Anoud, editora do CinePipocaCult e colunista da Revista CineMagazine 


Gostaria que o público conhecesse melhor o trabalho de Alice Guy Blaché, porque ela é a primeira mulher a dirigir um filme, ainda em 1896, e mesmo assim é comumente ignorada tanto em livros como cursos de história do cinema. Sempre há amplo espaço para discutir seus contemporâneos, mas sua obra, que é composta por mais de mil filmes cobrindo duas décadas, uma das mais extensas entre os pioneiros, portanto, é relevada. Com um cinema inventivo e com uma boa pitada de humor, seus filmes são um deleite a serem explorados. Alice Guy representa, de certa forma, todas as mulheres cujos trabalhos têm sido negligenciados e apagados quando pensamos sobre a sétima arte.

por Isabel Wittmann, do blog Estante da Sala e co-criadora do podcast Feito por Elas


As roteiristas de maneira geral precisam de maior valorização. É gritante como a escrita do filme por mulheres traz uma atenção diferenciada à representatividade da mulher nas obras, potencializando a quebra de barreiras e clichês e tirando os filmes da mesmice, isso desde muito tempo, quando vemos um filme escrito por uma Anita Loos ou um tratamento feito por uma Carrie Fisher, por exemplo.

por Susy Freitas, integrante do Cine Set


Provavelmente muitos conhecem seu nome por referência ao pai ou marido, mas quando falamos do trabalho de Carolina Jabor poucas pessoas podem afirmar o conhecem. Com 20 anos de carreira no cinema, a diretora realizou principalmente séries, sendo seu primeiro destaque no cinema o documentário “O Mistério do Samba” (2008) que chegou a ganhar o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de Melhor Documentário. Em 2018, Carolina lançou o relevante “Aos Teus Olhos” pelo qual conheci seu trabalho, a abordagem e estética do filme realmente me chamaram atenção e melhor ainda foi ter conhecimento que o discurso presente na obra era igualmente defendido pela diretora e extremamente atual.

por Rebeca Almeida, integrante do Cine Set



Uma área em que a presença feminina precisa ser mais reconhecida é a fotografia. Há situações em que a sensibilidade do olhar da mulher é bem mais consistente e carrega a intensidade e a potência necessárias, é só perceber o trabalho de Charlotte Bruus Christensen em “Um Lugar Silencioso”, “A Garota no Trem” e “A Caça”. A escolha de angulações, planos e enquadramentos dos personagens nessas obras transmitem a inquietação que os acompanha e conseguem perpassar tais sensações ao expectador.

Acredito que o conhecimento do público possa auxiliar na visibilidade feminina nessa área. É válido lembrar que em 2018 foi a primeira vez que uma mulher foi indicada ao Oscar pela direção fotográfica em tantos anos de premiação. Neste mesmo ano, apenas 2% dos 100 filmes com maior bilheteria nos Estados Unidos foi dirigido por mulheres. Uma disparidade e invisibilidade que precisa ser tratada.

por Pâmela Eurídice, integrante do Cine Set


Queria que os filmes da Elaine May fossem mais conhecidos e apreciados. Ela foi meio que engolida na Nova Hollywood e foi para “cadeia” do cinema por causa de “Ishtar”, um filme que foi um fracasso, mas que não impediu seus protagonistas, Warren Beatty e Dustin Hoffman, de continuarem suas respectivas carreiras de sucesso. A filmografia dela como realizadora é breve, mas ela deixou sua marca no cinema com uma obra ágil e espirituosa. Com o sucesso de “The Marvelous Mrs. Maisel“, o nome dela voltou a ser lembrado, principalmente pela dupla de comédia que teve com outro grande diretor, Mike Nichols, mas esse reconhecimento ainda é bem pequeno perto de outros realizadores que fizeram obras bem menos interessantes que as dela.

por Camila Henriques, integrante do Cine Set e editora do G1 Amazonas


Uma história de vida que acho fascinante e acredito que poucas pessoas conheçam é a da atriz austríaca Hedy Lamarr. Ela começou a carreira na década de 30 já quebrando os tabus sociais. Na mesma década, arquitetou um plano para fugir do marido, um fabricante de armas nazistas extremamente controlador, usando todas as suas jóias em uma festa, dopando-o e em seguida escapando para a América.

Além de se tornar uma atriz muito bem sucedida em Hollywood, atuando em filmes como “Sansão e Dalila”, “Pede-se um Marido” e “O Mundo é um teatro”, ela foi responsável por criar para as Forças Aramadas, em parceria com o compositor George Antheil, um aparelho para despistar as frequências dos rádios nazistas durante a guerra. Sua invenção se tornou a base para o surgimento dos telefones celulares. Por isso, a sua data de nascimento foi instituída como o dia do inventor, na Alemanha.

Como se não fosse o suficiente, a atriz ainda inspirou Walt Disney na criação da Branca de Neve, seu primeiro longa.

por Larissa Padron, do canal Fora do Padron


Muitas pessoas já a conhecem pelo papel dela como Hannah Horvart na série “Girls”. Mas poucos sabem dos outros projetos de Lena Dunham como roteirista, produtora e diretora de cinema. Essa mulher é uma faz tudo no mundo do cinema e ainda por cima realizou um grande feito como à primeira mulher a ganhar o prêmio de melhor diretora na categoria série de comédia no Directors Guild Awards.

Lena Dunham possuiu diversos projetos no mundo do entretenimento podemos compara-la como um camaleão do mundo do cinema, além de atuar em filmes como “Tiny Furniture”, lançado em 2010, na série de TV da HBO “Girls”, que foi lançada em 2012 e lhe rendeu quatro indicações ao Emmy nas categorias de melhor atriz, roteiro, produção e direção. No Golden Globes, Lena Dunham, foi premiada como melhor atriz de comédia por Girls. Além de tudo isso sua influência vai muito além do mundo cinematográfico, ela é autora do livro “Not That Kind of Girls” e ainda atua como militante no movimento feminista, e em 2015 criou uma newsletter online chamada “Lenny” em parceria com Jenni Kornner e Molly Elizalde para publicar ensaios escritos por mulheres.

Podemos afirmar que Lena Dunham é uma mulher que você deve conhecer e acompanhar, pois seus talentos são inimagináveis, é um exemplo de mulher forte e competente na indústria cinematográfica.

por Larissa Nogueira da Rocha, cinéfila e criadora da página Hpzynha