Sabe aquele trabalho em grupo que deu tão errado que tudo o que você podia sentir era vontade de falar mal depois? Os astros do cinema também sabem. Não precisa ir longe: atualmente em cartaz nos EUA com o sucesso “Magic Mike XXL” (2015), continuação do hit surpresa de 2012, Channing Tatum mostrou ser gente como a gente ao lembrar que nem tudo foram flores na sua trajetória e falar mal de seu sucesso “G.I. Joe: A Origem do Cobra” (2009) em um programa de rádio.

Tatum, apesar de ser o exemplo mais recente, está longe de ser o único a renegar seus filmes. O Cine Set preparou uma lista com nove deles, que você confere a seguir:

Christopher Plummer e Julie Andrews em A Noviça Rebelde

1. Christopher Plummer

Um clássico indiscutível? O musical dos musicais? Merecedor de homenagem no Oscar? Nada disso importou para Christopher Plummer que, em entrevista à publicação The Hollywood Reporter, disse que seu trabalho em “A Noviça Rebelde” (1965) foi seu papel mais desafiador por conta de um script “horrível e sentimental, [no qual] você tinha que dar muito duro para implementar algum mínimo toque de humor”.

Essas limitações não impediram o longa de Robert Wise de se tornar o quinto filme mais rentável da história (levando US$ 283,3 milhões nas bilheterias, ou US$ 2,3 bilhões, se corrigidos), para não falar nos cinco Oscars (incluindo Melhor Filme), dois Globos de Ouro e um texto especial no Classic Movies do Cine Set. 😉

Alec Guinness como Obi-Wan Kenobi em Star Wars

2. Alec Guinness

O ódio que o ator shakespeariano Alec Guinness sentia do clássico “Guerra nas Estrelas” (1977), em que interpretou ninguém menos que Obi-Wan Kenobi, sempre foi bem conhecido. Incomodado com o roteiro, o qual chamou de “lixo de conto de fadas” e cujas falas ele denominou como “horríveis, que não fazem meu personagem ser compreensível ou tolerável”, desde a fase de produção, ele nunca negou que topou o papel (pelo qual foi indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro) por dinheiro.

Como uma das únicas pessoas que realmente acreditava no sucesso comercial do longa, fechou seu contrato com chave de ouro ao garantir 2% de tudo o que era pago ao diretor George Lucas a título de royalties pelo filme – nada mal para um filme que arrecadou US$ 775,4 milhões (valor que, corrigido, equivale a US$ 2,5 bilhões).

Cena de Garfield (2004), dublado por Bill Murray

3. Bill Murray

O astro/figura mítica tratou de se isentar da bomba “Garfield” (2004), versão live-action da clássica tirinha, durante o período de divulgação do longa. Apesar das críticas negativas, a empreitada conseguiu arrecadar US$ 50 milhões, o que o fez um sucesso aos olhos do estúdio e garantiu uma sequência, lançada em 2009.

Anos depois, o ator chegou a fazer piada e dizer que se envolveu no projeto porque achou que o roteirista do projeto, Joel Cohen, fosse, na verdade, um dos irmãos Coen (tun dun tss) e o comparou com outro de seus filmes da seguinte forma: “‘Garfield’ foi como ‘O Fantástico Sr. Raposo’ [2009], só que sem a alegria ou a diversão”.

Colin Farell e Jamie Foxx em cena de Miami Vice

4. Colin Farell

Aparentemente nem todo o neon, nem todo o charme oitentista, nem o estilo enérgico do diretor Michael Mann e nem os US$ 163 milhões arrecadados na bilheteria fizeram Colin Farrell gostar de “Miami Vice” (2006). Um dos filmes mais rentáveis da carreira de Mann, bem como um de seus mais bem-quistos na década de 2000, acabou sendo tido como “lento e muito difícil de se relacionar com” por um de seus próprios protagonistas.

Matt Damon como Jason Bourne

5. Matt Damon

Matt Damon, por sua vez, tampouco se encantou com o roteiro de “O Ultimato Bourne” (2007), encerramento da trilogia com o agente que redefiniu os filmes de espionagem para o novo milênio (exceto que você conte “O Legado Bourne”, estrelado por Jeremy Renner, como parte do cânone). Damon afirmou que o roteirista Tony Gilroy simplesmente “levou uma bagatela de dinheiro e entregou um script ilegível”. Segundo ele, “[o roteiro] era um matador de carreiras. Eu poderia colocar isso no eBay e significaria o fim de jogo para aquele cara [Gilroy]. É terrível e realmente constrangedor”, atirou. No entanto, Damon não deve ter ficado tão chateado com os US$ 442,8 milhões que o filme conseguiu, o que o torna, até hoje, o filme mais rentável que o ator protagonizou.

Megan Fox em cena da Transformers: A Vingança dos Derrotados

6. Megan Fox

Megan Fox conseguiu, durante uma entrevista para divulgar “Transformers: A Vingança dos Derrotados” (2009), uma fala que fez mais sentido do que tudo o que ela disse no filme. “Os humanos são secundários aos robôs porque é um filme sobre robôs. As pessoas estão bem conscientes de que este não é um filme sobre atuação. E uma vez que você percebe isso, fica quase divertido porque você estar lá na hora e pensar: certo, eu sei que, quando eles gritarem ‘Ação!’, eu vou estar ou correndo ou gritando ou ambos”, disse a atriz.

Considerando o fato de que o filme rendeu US$ 836,3 milhões e garantiu não uma, mas duas sequências (com uma terceira em desenvolvimento), é certo dizer que Fox se comprou a porta de saída de uma bela mina de ouro. Ela ficou de fora dos filmes seguintes, bem como dos blockbusters de ação que Hollywood produziu desde então.

Shia LaBeouf em Transformers

7. Shia LaBeouf

Curiosamente, já que o assunto é Transformers, o parceiro de cena de Megan Fox, Shia LaBeouf, também criticou o filme, mas não ganhou punição tão dura quanto a atriz, o que só reforça o sistema ‘dois pesos, duas medidas’ em que se apoia a indústria. “Houve algumas cenas iradas, mas o coração [do longa] se perdeu. É só um bando de robôs que lutam”, disparou.

Robert Pattinson em Crepúsculo

8. Robert Pattinson

Depois de ser um ilustre desconhecido para o mundo em “Harry Potter e o Cálice de Fogo” (2004) e antes de ser o astro indie em ascensão de filmes como “Cosmópolis” (2014), o ator Robert Pattinson encarou uma das franquias mais adoráveis de se odiar na história recente: a “Saga Crepúsculo” (2008-2012).

As ocasiões em que Pattinson falou mal da própria franquia são inúmeras e, diferentemente de todos os casos dessa lista (com exceção, talvez, de Shia LaBeouf), aconteceram enquanto a franquia estava em andamento, com nenhum sinal do estúdio de quebrar o contrato com o ator por conta delas.

Ele desqualificou os livros em que os filmes se baseiam (“Parece um livro que não deveria ser publicado”), detonou seu personagem para a revista Empire (“Quanto mais eu lia o roteiro, mas eu odiava esse cara, então foi assim que o interpretei, como um maníaco-depressivo que se odeia. Além disso, ele é um virgem de 108 anos, então ele obviamente tem problemas aí”), mas deve ter ficado feliz com os US$ 3,3 bilhões que a franquia inteira arrecadou.

Foto promocional de Channing Tatum em G.I. Joe - A Origem de Cobra

9. Channing Tatum

Ao divulgar o novo filme no programa de rádio The Howard Stern Show, o ator simplesmente soltou o verbo sobre “G.I. Joe: A Origem do Cobra” (2009): “Serei honesto. Eu odiei aquele filme”. Ele falou que o script não era bom e que só acabou fazendo o filme por uma questão contratual com o estúdio Paramount. “Eles me ofereceram um contrato para três filmes e, sendo um ator jovem, você pensa: ‘Meu deus, isso parece ótimo, vou fazer!’”, explicou.

A ironia, que não passou despercebida pelo entrevistador, foi que o primeiro “G.I. Joe” rendeu mais de US$ 302 milhões nas bilheterias mundiais e deu a Tatum o status de astro de ação, muito bem-vindo considerando que ele começou a carreira fazendo filmes como “Se Ela Dança, Eu Danço” (2006).