Chegamos na metade do ano, período ideal para traçar um panorama da corrida do Oscar de 2017. O Cine Set traz as primeiras apostas do site levando em conta a boa repercussão nos importantes festivais realizados neste ano – Sundance, Berlim, Cannes e Tribecao movimento dos principais estúdios cinematográficos visando lançamentos em períodos estratégicos – geralmente perto do feriado de Ação de Graças americano –  e as expectativas por parte da imprensa americana.

A corrida para o And the Oscar goes to apenas está começando:

Melhor Filme


Os Fortes candidatos

Os elogios da imprensa especializada e as vitórias obtidas junto ao público e crítica no Festival de Sundance colocam “Birth of a Nation” como um sério candidato ao Oscar. Ainda mais depois de toda a polêmica racial relacionada ao Oscar este ano. A Fox Film que não é boba, comprou o filme por US$ 17,5 milhões. O longa de Nate Parker (também protagonista e roteirista) mostra um escravo liderando um grupo de negros rebeldes em busca da sua liberdade. Ainda dentro desta temática, temos Fences, terceiro filme dirigido por Denzel Washington e Loving do ótimo Jeff Nichols que mostra um casal inter-racial tendo que enfrentar o preconceito sulista americano para defender sua relação.

Na esfera de dramas de guerra e época, The Zookeeper´s Wife, de Niki Caro é um candidato forte. Com toques de “A Lista de Schindler”, o filme situado na Segunda Guerra Mundial mostra um casal (Daniel Bruhl e Jessica Chastain), salvando centenas de judeus do exército nazista. Já Silence, de Martin Scorsese, é a famosa obra que o diretor levou duas décadas para finalmente conseguir financiamento. A trama centrada no século XVI mostra a luta de padres jesuítas no Japão na época que o catolicismo foi banido.

Entre as biografias a aposta do estúdio dos irmãos Weinstein é The Founder filme que retrata o surgimento e ascensão da franquia fast food McDonald´s. Já Sully de Clint Eastwood retrata a vida do capitão Chesley Sully (Tom Hanks) que fez um pouso forçado na água salvando a vida de 150 passageiros. Outro querido da Academia é Ang Lee que retorna com A Longa Caminhada de Billy Lynn, uma sátira política que mistura drama e ironia sobre a ótica da guerra do Iraque.

Entre os dramas introspectivos e de superação temos La La Land, novo filme de Damien Chazelle responsável pelo ótimo Whiplash. O cineasta volta ao mundo do Jazz para retratar o relacionamento amoroso de um músico. E por fim Lion é o drama de superação passado na Índia, sobre um menino de 5 anos que se perdeu da família e passa a procurá-la na internet.


Os candidatos que correm por fora e podem crescer

Um bom Oscar não poderia faltar seus filmes alternativos sobre a American new life. Manchester By the Sea do ótimo Kenneth Lonergan (assista seu trabalho anterior, Margaret), mostra um desempregado tendo que enfrentar fantasmas do seu passado familiar. Já Paterson, do outsider Jim Jamusch, acompanha a rotina de um motorista de ônibus (Adam Driver). Ambos filmes foram aclamados em seus respectivos festivais: Sundance e Cannes.

Dentro da temática auto-ajuda, Collateral Beauty de David Frankel (diretor de O Diabo Veste Prada) retrata um publicitário depressivo (Will Smith) que aceita uma terapia não convencional para se recuperar. A ficção científica aposta em duas frentes: Passengers que conta com a dupla queridinha de Hollywood – Jennifer Lawrence e Chris Platt, enquanto Story of your Life, de Denis Villeneuve, aborda a comunicação entre humanos e alienígenas. Por fim, Nocturnal Animals do ícone da moda Tom Ford, é outro que tem crescido nos últimos dias: a trama um tanto misteriosa aponta para duas narrativas que trazem suspense, violência e questionamento sociais.


Azarões que podem surpreender

Por mais que Mel Gibson encontra-se queimado no meio cinematográfico, sua volta à direção com Hacksaw Ridge, um drama da Segunda Guerra Mundial, pode funcionar como uma boa redenção. A Garota do Trem, de Tate Taylor (de Histórias Cruzadas) é visto pela imprensa como o novo Garota Exemplar (2014).

Os britânicos não poderiam faltar. O vencedor da Palma de Ouro de Cannes deste ano, I, Daniel Blake de Ken Loach apresenta sua força dentro do ponto de vista da crítica social, no caso voltada a saúde pública britânica, enquanto Florence Foster Jenkins de Stephen Frears – várias vezes indicado ao Oscar – com a musa Meryl Streep é uma comédia dramática sobre uma rica que deseja ser uma cantora de ópera. Ambos correm como azarões por uma vaga ao pleito final.


Melhor Diretor 

Pela força que seus respectivos filmes vêm apresentando neste começo, os aclamados Martin Scorsese, por “Silence”, e Ang Lee, por “A Longa Caminhada de Billy Lynn”, despontam como favoritos. Clint Eastwood corre por fora até porque acho difícil a Academia escolher três cineastas veteranos para esta categoria depois das polêmicas nos últimos anos. O novato Nate Parker parece ser nome certo entre os indicados assim como Jeff Nichols que, finalmente, poderá ter o reconhecimento depois dos ótimos O Abrigo (2011) e Amor Bandido (2012). Para a última vaga em aberta, as surpresas podem acontecer: Niki Caro, por “The Zookeeper´s Wife” seria uma ótima escolha para mostrar a força das mulheres em uma categoria conhecida como o  clube do Bolinha. O talentoso Damien Chazelle por “La La Land” corre por fora para faturar sua primeira indicação, enquanto Morten Tyldum (“Passengers”), Tom Ford por (“Nocturnal Animals”) e Gath Davis (“Lion”) surgem como azarões. A pergunta que não quer calar: Será que Denzel Washington surpreende e fatura uma indicação por “Fences”? Alguns meios apostam também que o canadense Denis Villeneuve por “Story of your Life” possa surpreender.


Melhor Ator

Entre os homens, Michael Keaton surge como forte indicado a receber sua terceira indicação consecutiva. Será que agora ele finalmente ganha?. O possível novo queridinho de Hollywood, Nate Parker tem a possibilidade de fazer um grande feito: ser indicado a Melhor Filme, Diretor e Ator por “Birth of a Nation”. Esta dobradinha pode ser compartilhada por Denzel Washington cujo nome surge forte na categoria por “Fences”. Da nova geração, Joel Edgerton – cada vez ganhando os holofotes da crítica –  é escolha quase certa por “Loving”. Outro perto da sua redenção é Andrew Garfield por “Silence”, tirando a famosa nhaca deixada pelo “O Espetacular Homem Aranha”. Correm por fora, o sumido Casey Affleck por “Manchester By the Sea”, e o querido Tom Hanks por “Sully”. Entre os azarões temos Will Smith por “Collateral Beauty” e Matthew McConaughey que apresenta dois filmes dramáticos no gatilho: “Gold” e “Free State of Jones”.


Melhor Atriz

Nas mulheres, a desconhecida Ruth Negga por “Loving” e Viola Davis por “Fences” saem na frente como principais favoritas. Alguns sites, relatam que são duas belas atuações e que denotam a força feminina negra nesta categoria. A sempre talentosa Jessica Chastain aparece como nome bem cotado por “The Zookeeper´s Wife”, assim como Amy Adams que ganha destaque por dois filmes: “Nocturnal Animals” e “Story of your Life”. Alguns sites apostam na indicação da veterana Annette Bening por “20th Century Women”, mas esta última vaga fica ainda mais acirrada com a recordista de indicações, Meryl Streep (sim senhores, ela mais uma vez) por “Florence Foster Jenkins” e a bela Emily Blunt pela “Garota do Trem”. Jennifer Lawrence e Emma Stone são as azaronas, respectivamente por “Passengers” e “La La Land”.


Brasil

É claro que muita coisa ainda pode rolar até o final do ano. Saberemos melhor, nos meses de outubro e novembro, época em que muitos candidatos são lançados visando as indicações. Não podemos esquecer que o Brasil tem ótimas possibilidades de ser indicado este ano na categoria filme estrangeiro com o querido Aquarius de Kleber Mendonça Filho e o documentário Cinema novo, dirigido por Eryk Rocha. Por isso, segure a ansiedade cinéfila e prepare-se porque a corrida do Oscar 2017 está aberta.

*Texto original alterado para substituir a equivocada expressão humor negro.