O filme colombiano “O abraço da serpente” (2015), de Ciro Guerra, foi o grande vencedor da terceira edição dos Prêmios Platino de Cinema Ibero-Americano, ao ganhar em sete das oito categorias às quais concorria, entre elas as de melhor filme de ficção e direção. A cerimônia de entrega aconteceu neste domingo (24) no Centro de Convenções de Punta del Este, no Uruguai. O filme brasileiro “Que horas ela volta?”, de Anna Muylaert levou um prêmio fora de competição.

Os Prêmios Platino do Cinema Ibero-Americano valem para o cinema em espanhol e em português. Quem promove é Entidade Espanhola de Gestão de Direitos Audiovisuais (Egeda) em parceria com a Federação Ibero-Americana de Produtores (FIPCA).

Das oito categorias em que estava indicado, “O abraço da serpente” não levou apenas o prêmio de melhor roteiro, que foi o chileno “O clube”, escrito por Pablo Larraín, Guillermo Calderón e Daniel Villalobos.

Além de melhor filme de fição e melhor diretor (para Ciro Guerra), o longa colombiano levou nas categorias de melhor música original (para Nascuy Linares), direção de som (para Carlos García e Marco Salavarría), edição (para Etienne Boussac e Cristina Gallego), fotografia (para David Galego) e direção de arte (para Angelina Perea).

“Compartilho este prêmio com as comunidades amazônicas que nos abriram seu mundo”, exclamou o colombiano Ciro Guerra quando subiu ao palco para receber o prêmio de melhor diretor.

E acrescentou: “Espero que seja o momento da paz [na Colômbia], finalmente, e que todas as histórias que foram sepultadas por tantos anos de violência comecem a surgir e que sejamos nós, os cineastas, que as contemos”.

Dentre os atores, a Argentina foi a grande vencedora da noite, com os prêmios para Dolores Fonzi por seu papel em “Paulina” e para Guillermo Francella em “O clã”.

Assim como o “Abraço da serpente”, o filme guatemalteco “Ixcandul” teve oito indicações, mas teve de se conformar com apenas um prêmio, o de melhor filme de diretor estreante em longas-metragens, que foi para Jayro Bustamante.

A Espanha, que foi para festa com 18 indicações em diferentes categorias, saiu com um único prêmio, o de melhor de animação, para “Atrapa la Bandera”. Por fim, o prêmio ao melhor documentário foi para o chileno “El botón de Nácar”, de Patrício Guzmán.

Camila Márdila - "Que Horas Ela Volta?"Ricardo Darín e ‘Que horas ela volta?’ homenageados

Além disso, Ricardo Darín foi ovacionado pelos cerca de 2 mil espectadores presentes na festa quando subiu ao palco para receber o Platino de Honra por sua carreira.

Darín, que não conseguiu o prêmio por sua interpretação em “Truman”, de Cesc Gay, ao qual havia sido indicado, declarou em seu discurso que o cinema ibero-americano deve ter “talento, vontade, picardia e atrevimento” para superar sua falta de orçamento em relação às superproduções norte-americanas.

Pouco antes, no tapete vermelho, Darín havia dito que era “um exagero” ser citado como símbolo do cinema ibero-americano. “É um exagero que posso agradecer de certo modo, mas não sou muito amigo de exageros. Diria que sejamos prudentes, agradeço o abraço da audiência, mas daí ser o símbolo…”, afirmou.

Outro grande momento da noite foi protagonizado pela vencedora do prêmio nobel da Paz de 1992, a guatemalteca Rigoberta Menchú, que apareceu em cena para entregar o Prêmio Platino de Cinema e Educação em Valores ao filme brasileiro “Que horas ela volta?”. Durante

“O cinema é uma arte poderosa que deve ensinar respeito, concórdia e paz, e é por isso que faço honra a esta extraordinária iniciativa que torna possível que se unam as aspirações de paz com a educação e o cinema”, afirmou Rigoberta, aplaudida de pé por todos os presentes no Centro de Convenções.

Durante a entrega a atriz brasileira Karine Teles, que está em “Que horas ela volta?”, disse “Fora, Temer”.

Veja abaixo, em negrito os ganhadores dos Prêmios Platino de Cinema Ibero-Americano:

Melhor filme
“O abraço da serpente” (Colômbina, Venezuela e Argentina)
“O clã” (Argentina e Espanha)
“El club” (Chile)
“Ixcanul” (Guatemala)
“Truman” (Espanha e Argentina)

Melhor diretor
Alongo Ruiplacios (“Güeros”)
Cesc Gay (“Truman”)
Ciro Guerra (“O abraço da serpente”)
Pablo Larraín (“El club”)
Pabro Trapero (“O clã”)

Melhor ator
Alfredo Castro (“O clube”)
Damián Alcázar (“Magallanes”)
Guillermo Francella (“O clã”)
Javier Cámara (“Truman”)
Ricardo Darín (“Truman”)

Melhor atriz
Antonia Zegers (“El club”)
Dolores Fonzi (“Paulina”)
Elena Anaya (“La memoria del agua”)
“Inma Cuesta (“La novia”)
Penélope Cruz (“Ma Ma”)

Melhor roteiro
Cesc Gay e Tomás Aragay (“Truman”)
Ciro Guerra e Jacques Toulemonde (“O abraço da serpente”)
Jayro Bustamante (“Ixcanul”)
Pablo Larraín, Guillermo Calderón e Daniel Villalobos (“O clube”)
Salvador del Solar (“Magallanes”)

Melhor animação
“Atrapa la bandera” (Espanha)
“Don Gato 2: El inicio de la pandilla” (México)
“El americano” (México)
“El secreto de Amila” (Espanha e Argentina)
“Un gallo con muchos huevos” (México)

Melhor documentário
“Allende mi abuelo Allende” (Chile e México)
“Chicas nuevas 24 horas” (Espanha, Argentina, Paraguai, Colômbia e Peru)
“El botón de nácar” (Chile e Espanha)
“La once” (Chile)
“The propaganda game” (Espanha)

Melhor edição
César Díaz (“Ixcanul”)
Eric Williams (“Magallanes”)
Etienne Boussac e Cristina Gallego (“O abraço da serpente”)
Jorge Coira (“El desconocido”)
Pablo Trapero e Alejandro Carrillo Penovi (“O clã”)

Melhor direção de arte
Angélica Perea (“O abraço da serpente”)
Bruno Duarte e Artur Pinheiro (“As mil e uma noites: Volume 2, o desolado”)
Jesús Bosqued Maté e Plar Quintana (“La novia”)
Sebástian Orgambide (“O clã”)

Melhor direção de fotografia
Carlos García e Marco Salavarria (“O abraço da serpente”)
David Machado, Jaime Fernández e Nacho Arenas (“El desconocido”)
Eduardo Cárceres e Julien Cloquet (“Ixcanul”)
Federico Esquerro, Santiago Fumagalli e Edson Secco (“Paulina”)
Vicente D’Elía e Leandro de Loredo (“O clã”)

Melhor música original
Alberto Iglesias (“Ma Ma”)
Federico Jusid (“Malgallanes”)
Lucas Vidal (“Nadie quiere la noche”)
Nascuy Linares (“O abraço da serpente”)
Pascual Reyes (Ixcanul”)

Melhor direção de som
Carlos García e Marco Salaverría (“O abraço da serpente”)
David Machado, Jaime Fernández e Nacho Arenas (“El desconocido”)
Eduarco Cáceres, Julien Cloquet (“Ixcanul”)
Federico Esquerro, Santiago Fumagalli e Edson Secco (“Paulina”)
Vicente D’Elía e Leandro de Loredo (“O clã”)

Prêmio Platino Camilo Vives a longa de estreia de seu diretor
“600 milhas” (México)
“El desconocido” (Espanha)
“El patrón: Radiografía de un crimen” (Argentina e Venezuela)
“Ixcanul” (Guatemala)
“Magallanes” (Peru, Colômbia, Argentina e Espanha)

tópicos: