O protesto da equipe de “Aquarius” durante o Festival de Cannes 2016 segue rendendo polêmica. Na segunda-feira (6) durante o programa ‘Preto no Branco’, no Canal Brasil, o atual ministro da Cultura, Marcelo Calero, criticou a atitude, classificando o ato como ‘quase infantil”. Estrela do projeto dirigido por Kleber Mendonça Filho, Sônia Braga publicou, via Facebook, uma carta aberta contra as declarações do político.

Calero considera que o protesto dos atores em Cannes afeta a imagem do Brasil no exterior. “Eu acho muito ruim. Como qualquer manifestação, tem que ser respeitada, isso está fora de questionamento. Agora, acho ruim, em nome de um posicionamento político pessoal, causar prejuízos à reputação e à imagem do Brasil”, disse.

O ministro da Cultura explicou, mais adiante, os motivos da crítica. “Estão comprometendo (a imagem do país) em nome de uma tese política, e isso é ruim. Eu acho até um pouco totalitário, porque você quer pretender que aquela sua visão específica realmente cobre a imagem de um país inteiro. Eu acho que a democracia precisa ser respeitada e acho que é um desrespeito falar em golpe de Estado com aqueles que viveram o golpe realmente, o de 64. Pessoas morreram. E as pessoas esquecem isso. Então eu acho de uma irresponsabilidade quase infantil…”.

Resposta de Sônia Braga

Elogiada pela atuação no filme pernambucano, Sônia Braga escreveu: “Como pode um Ministro dizer que um ato democrático como o nosso é a representação de um País inteiro? Isso é desconhecimento do que significa plena democracia. Se estivéssemos falando em nome de todos não precisaríamos, evidentemente, fazer o ato”, disse ela.

“O Ministro da Cultura ofendendo artistas é inadmissível. O senhor está nesse cargo para dialogar, para nos ajudar, para fazer a ponte com quem nos explora”, continuou.

Veja na íntegra a carta aberta de Sônia Braga ao ministro Marcelo Calero:

A FOTO É A MESMA O RECADO É NOVO:

Aula de História para o senhor Marcelo Calero, 33 anos de idade.

Na época da Abertura, os artistas não tinham sequer uma lei que regulasse a profissão. Essa lei foi promulgada em 1978, depois de muita luta, da qual tive a honra de participar.

Como pode um Ministro dizer que um ato democrático como o nosso é a representação de um País inteiro?

O Ministro da Cultura ofendendo artistas é inadmissível. O senhor está nesse cargo para dialogar, para nos ajudar, para fazer a ponte com quem nos explora.

Senhor Ministro, não podemos perder as nossas conquistas. Sobretudo a mais importante delas, o respeito.