Vencedor de três prêmios na categoria de curta-metragem de ficção do Amazonas Film Festival, Rafael Lima fala sobre o futuro de “Germes”, a expectativa de novos trabalhos, a temporada de estudos em Nova York e a parceria com Leonardo Mancini, Emerson Medina e Rod Castro.

1) Qual vai ser o futuro do “Germes”? Você pretende inscreve-lo em mais festivais? Quais? Vai disponibilizar na internet?

O futuro do “Germes” é bastante simples: quero que esse curta seja levado ao maior número de pessoas possível. Estou acompanhando o calendário de festivais nacionais e também festivais independentes de fora do país e anotando as datas para enviar material. Agora, é cruzar os dedos para que o filme alcance novos ares.

Quanto à internet, posso dizer que é uma coisa inevitável para um futuro não tão distante, porém, nesse momento devido à exigência de alguns festivais, “Germes” não estará disponível online.

2) A experiência de estudar na Film Academy de Nova York mudou de que forma a sua visão sobre cinema? Quanto isso ajudou para fazer “Germes”?

A New York Film Academy, além de toda a parte técnica e teórica, me fez entender a coisa toda como ela deve ser encarada, de maneira séria e responsável até quando produzimos apenas por diversão. Mas a principal lição da escola foi o conceito de “Social Skills”, no qual o coordenador do curso dizia basicamente que o cinema é feito por muitas mãos, envolvendo uma série de pessoas na na produção. O desafio de realizar um filme é conseguir manter as pessoas sempre empenhadas para produzir a obra.

3) A parceria com o Rod Castro, Leonardo Mancini, Emerson Medina contribuiu de que forma para o seu crescimento como produtor audiovisual? Essa troca de ideias é refletida nos curtas-metragens de vocês?

A parceria com os rapazes foi muito importante sim para o crescimento de todos nós. Essa troca de idéias faz com que a gente abra nossa mente e consiga ver as coisas por um outro ponto de vista. Isso fica claro no resultado de cada um de nós.

Sou muito grato a equipe de maneira geral: aprendi muito com cada uma das pessoas envolvidas na produção desse curta. Esse tipo de convívio e troca de experiências me tornou melhor não somente como produtor audiovisual, mas também como pessoa.

4) Primeiro filme como diretor no Amazonas Film Festival e já sai vencedor. Você acha que esse prêmio será uma pressão para o filme seguinte? Como pretende trabalhar isso?

Não sei dizer se existe ou não uma pressão para uma próxima produção e, para ser sincero, não penso muito nisso. O cinema pra mim é uma “fonte de tesão”. Não o tesão sexual, mas sim o tesão pela vida. Eu me divirto produzindo e me divirto vendo que os envolvidos no processo também estão tendo uma experiência bacana.

Isso é o real resultado: manter essa sensação é o que gera em mim uma cobrança interna para produções futuras.

5) Você tem uma formação na área de designer e agora está fazendo curtas-metragens. Como o cinema entrou na tua vida? Pretende seguir na carreira ou “Germes” foi uma experiência apenas?

Eu sou designer por formação, mas sempre tive o péssimo hábito de tentar fazer mil coisas ao mesmo tempo. O cinema entrou na minha vida porque, além de sempre ter consumido esse tipo de mídia, uma das áreas do design em que me especializei foi “motion graphics”, o que fez o audiovisual sempre estar por perto. Tenho a sorte de ser apaixonado pela minha profissão e por tudo que me meto a fazer.

Atualmente, eu trabalho com pesquisa e desenvolvimento de serviços para smartphones (se formos pensar bem não tem nada a ver com cinema), mas eu certamente vou continuar produzindo e “Germes” não foi apenas uma experiência, mas um ponto de partida.

A realização de mais um curta-metragem já está nos meus planos para o próximo ano juntamente com uma animação que começará a ser produzida em janeiro. Além disso, irei auxiliar o grande amigo e artista 3D, Alexandro Castro, na produção de seu curta-metragem “A Arca”, trabalho que já sonhamos em tornar real a alguns anos.

6) Você acha possível viver apenas de cinema em Manaus? Se não, você acha que um dia será possível?

Eu acho que sim!

Quando vejo as produções atuais com tamanho crescimento (qualitativo e quantitativo) o “achismo” se torna certeza. Tem muita gente boa produzindo por aqui, vi filmes muito bons que acabaram não entrando no AFF, mas que com certeza vão marcar presença em festivais Brasil afora (ou mundo afora). Toda essa vontade da galera em produzir somada ao nível dos resultados me faz acreditar na possibilidade de se viver de cinema na nossa região.

A maneira como o governo local tem incentivado as produções também me deixa esperançoso. Ver aquele monte de estudantes do projeto Jovem Cidadão pirando dentro do Teatro Amazonas com o que eles mesmo produziram, me deixou feliz da vida. Essa galera já sabe que eles conseguem fazer coisas que todo mundo acha bacana.

Talvez essa geração tenha um índice menor de gente que queria viver de cinema, mas acabou fazendo Administração ou qualquer outra faculdade que não queria por pura segurança ou insistência dos pais.