O começo do ano da Copa do Mundo animou cinéfilos do mundo inteiro. Somente dois dos principais cineastas da atualidade lançaram novas e desafiadoras obras. Martin Scorsese lembrou os tempos de “Os Bons Companheiros” com “O Lobo de Wall Street”, dando a oportunidade de Leonardo DiCaprio fazer uma dos melhores personagens da carreira. Já Lars Von Trier lançou o polêmico “Ninfomaníaca”, o qual não chega aos pés de “Dogville” e “O Anticristo”, mas ainda tem seus méritos como a atuação de Charlotte Gainsbourg.

Grandes filmes vieram da safra do Oscar 2014. “12 Anos de Escravidão”, por exemplo, se consagrou como o filme definitivo sobre a barbárie cometida contra negros nos EUA no século XVII, além de ter revelado a bela e talentosa Lupita Nyong’o. Já Alexander Payne mostrou a conhecida competência em “Nebraska”, enquanto “Clube de Compras Dallas” consolidou a grande fase de Matthew McConaughey. Se “Trapaça” era menos do que todo o marketing em torno dele, “Ela” se mostrou o mais original de todos os concorrentes ao abordar como o homem deixou de se relacionar com o outro para se tornar dependente das redes sociais e aplicativos modernos.

Já os blockbusters americanos dependeram das animações para conseguirem grandes êxitos. “Frozen” e “Uma Aventura Lego” levaram multidões aos cinemas e conquistaram excelentes bilheterias. “Rio 2” e “As Aventuras de Peabody e Sherman” caminham no mesmo rumo. Mesmo sendo boas diversões, “Robocop”, “47 Ronins” e “Need For Speed” decepcionaram em atrair o público, resultado oposto dos fracos “300” e “Pompeia”. Já Liam Neeson continua na tentativa de ser o Bruce Willis do século 21 no competente “Sem Escalas” e George Clooney provocou muitos cochilos em “Caçadores de Obras-Primas”.

Cinema Nacional, Mundial e no Amazonas

Com estreia prevista para 10 de abril, “Hoje eu Quero Voltar Sozinho” trouxe a melhor notícia do cinema brasileiro neste começo de ano. O longa dirigido por Daniel Ribeiro conquistou o prêmio da crítica no Festival de Berlim e deve ser um marco da produção nacional. O terror “Quando Era Vivo”, os dramas “Entre Nós” e “Latitudes”, além da comédia “Confissões de Adolescente” foram gratas surpresas. Infelizmente, “SOS – Mulheres a Bordo”, “Alemão” e “Muita Calma Nessa Hora 2” indicaram que nem tudo está perfeito.

O Japão trouxe a despedida do mestre da animação Hayao Miyazaki no comovente “Vidas ao Vento”. Ainda na Ásia, veio a surpresa da Índia, “The Lunchbox” e o triste filme do Camboja “A Imagem Que Falta”. “Alabama Monroe” mostrou a força da Bélgica e uma trilha sonora adorável, enquanto “Gloria” consolida o Chile para valer como a bola da vez no cinema latino.

Dois movimentos surgiram em Manaus para melhorar o cenário de filmes alternativos no estado. Criada por Sérgio Andrade, a “Campanha Por uma Sala de Cinema de Arte” está com um abaixo-assinado virtual para quem deseja a recuperação de uma sala desativada no centro de Manaus. Já a “Campanha por Filmes Alternativos em Manaus”, coordenada pelos integrantes do Cine Set com a presença da jornalista Camila Henriques e o produtor audiovisual Zeudi Souza, conseguiu mobilizar o público para trazer “Tatuagem”, “Ninfomaníaca – Parte II” e “12 Anos de Escravidão. Outras iniciativas que movimentaram a cena local foram o Festival de Cinema Universitário da UEA (Unicine), a Mostra de Cinema da República Tcheca e o lançamento de “O Brilho da Estrela” de Roberto Rogger.