Falta bem pouco. Na verdade, entramos na reta final da contagem regressiva para estreia do novo Star Wars – O Despertar da Força, o episódio VII de uma das maiores sagas de aventura e ficção científica. Menos de 48 horas para estreia do novo filme, a expectativa que parecia interminável desde o final de 2012, quando foi confirmada a compra pela Disney da LucasFilm de seu fundador, George Lucas. Assim, o estúdio de Mickey Mouse assumia os direitos autorais sobre a série e anunciava a produção de um novo capítulo da saga interestelar para ser lançado este ano.

A confirmação da volta dos personagens da trilogia clássica (Luke, Han Solo e Leia) e de uma história que seguiria os eventos ocorridos após O Retorno de Jedi, serviu para adicionar ainda mais ansiedade aos fãs em relação ao novo filme. Como não poderia de ser, o CineSet realizará uma programação especial de homenagem a Star Wars nesta semana que antecede o novo capítulo. Serão diversas reportagens focadas nos filmes anteriores, bem como as expectativas em relação ao novo trabalho.

Para continuar o trabalho iniciado pela Susy Freitas em relação à reportagem do design da série, analisaremos a situação do elenco das duas trilogias lançadas. É inegável para qualquer ator/atriz que participa de uma franquia de sucesso que sempre há o lado bom e o lado negro da força nas suas escolhas. Se por um lado, abre-se o caminho para uma visibilidade maior do artista – tanto financeira quanto comercialmente – dentro de Hollywood para se tornar uma estrela, em contrapartida, pelo outro lado, o risco de ficar preso ou associado ao papel é enorme, principalmente quando o público tem dificuldade de separar a imagem do artista em relação ao papel do personagem que assumiu, peso que o intérprete poderá carregar até o final da sua carreira.

Exemplos não faltam no cinema: Roger Moore como James Bond, Christopher Reeve como Superman, Michael J. Fox como Marty McFly em De Volta para o Futuro, Macaulay Culkin como Kevin McCallister em Esqueceram de Mim e recentemente Daniel Radcliffe como Harry Potter, de quem o ator, até o momento, não conseguiu se livrar perante os olhos do público. Em Star Wars, várias das situações acima descritas são facilmente identificadas em relação ao elenco das duas trilogias, como vocês podem conferir abaixo nesta pequena reportagem feita pelo Cine Set. Prepare-se para conhecer quem foi tragado pelo lado negro da força (a obscuridade da fama) e quem foi abençoado pela força (o Olimpo do sucesso):

Mark Hamill

Viver o maior herói de uma franquia já não é fácil, imagina então ser Luke Skywalker, o personagem responsável em trazer de volta a força dos jedis para enfrentar o Império de Darth Vader na primeira trilogia de Guerra Nas Estrelas. Mark tinha 26 anos quando assumiu o papel principal na saga. Antes do filme, fez uma carreira expressiva na TV, onde participou de seriados e filmes televisivos, sendo considerado um jovem astro em ascensão. O sucesso da franquia acabou estigmatizando o ator, que nunca mais conseguiu brilhar em outro papel de destaque, ainda que tenha participado de Agonia e Glória (1980), do mestre Samuel Fuller. Realizou pequenas participações em Cidade dos Amaldiçoados (1995), de John Carpenter, e O Império do Besteirol Contra-Ataca (2001), de Kevin Smith. Fora do cinema, voltou para TV, onde participou de seriados e animações, tornando-se famoso no mundo das dublagens – foi responsável pela voz de vários vilões, entre eles o Coringa no desenho do Batman. O fato de estar longe do estrelato combina com o tom de mistério criado em relação a sua volta como Luke Skywalker em O Despertar da Força.

Principais trabalhos antes de Star Wars: seriado Texas Wheelers

Principais trabalhos depois de Star Wars: Agonia e Glória e a dublagem de várias animações, entre elas, o Coringa de Batman: The Animated Series

Nível de sucesso de 0 a 10 fora do universo de Star Wars: 5 – Um Sith em potencial

Harrison Ford

Sem dúvida, Ford foi o que mais se beneficiou dentro da saga. O intérprete do cínico Han Solo e capitão da Millennium Falcon fez uma carreira consistente no Olimpo dos astros de Hollywood como um dos principais astros da década de 80, protagonizando pelo menos cinco filmes mais rentáveis do cinema. Antes de Solo, o ator fez diversas pontas em seriados e já tinha trabalhado com o pai de Star Wars, George Lucas, em American Graffiti – Loucuras de Verão (1973). Outro trabalho do ator antes de estourar na franquia foi A Conversação (1974), do mestre Francis Ford Coppola. Depois do sucesso da franquia, Ford interpretou outro herói cinematográfico de grande sucesso: o arqueólogo Indiana Jones, vivendo o personagem em quatro filmes. Não contente com isso, o ator protagonizou o clássico Blade Runner – O Caçador de Androides (1982), o espião Jack Ryan de Tom Clancy em Jogos Patrióticos (1992) e Perigo Real e Imediato (1994), além de Richard Kimble em O Fugitivo (1993). Se hoje, o ator não goza do mesmo prestígio no quesito bilheterias – todos seus últimos filmes fracassaram – ele continua marcado no imaginário cinéfilo graças aos seus heróis. Estará de volta como Han Solo em O Despertar da Força.

Principais trabalhos antes de Star Wars: Loucuras de Verão e A Conversação

Principais trabalhos depois de Star Wars: Quadrilogia Indiana Jones, Blade Runner, Jogos Patrióticos, O Fugitivo e Força Aérea Um

Nível de sucesso de 0 a 10 fora do universo de Star Wars: 9 – O verdadeiro capitão da Força

Indicações/Prêmios: Indicado ao Oscar de melhor ator por A Testemunha (1985), além de três indicações ao Globo de Ouro de melhor ator: A Testemunha (1985), Costa do Mosquito (1986) e O Fugitivo (1993). Ganhou o prêmio Cecil B. DeMille em 2002, concedido pela Associação de Críticos Estrangeiros de Hollywood.

Carrie Fisher

Irmãos na saga, irmãos estigmatizados fora da saga. Carrie Fisher, assim como Mark Hamill, nunca conseguiu se desvencilhar da sua heroína, a princesa Leia Organa. Pelo menos não sumiu do mapa como o ator. Antes de ser alçada ao sucesso, atriz participou apenas de Shampoo (1975), drama dirigido por Hal Ashby, com Warren Beatty e Goldie Hawn. Sua vida pós-Leia inclui pequenas participações em filmes na década de 80, como Os Irmãos Cara de Pau (1980), Hannah e Suas Irmãs (1986) e Harry e Sally – Feitos um para o Outro (1989). A partir da década de 90, ficou lembrada por ter escrito o best-seller autobiográfico Lembranças de Hollywood, no qual relata os bastidores do mundo do cinema, além dos seus vícios com álcool e drogas, que culminaram em uma depressão severa. Nos últimos tempos, a atriz participou de vários seriados e do último filme de David Cronenberg, Mapas para as Estrelas (2014), interpretando a si mesma. Carrie junta-se de novo a Ford e Hamill em O Despertar da Força.

Principais trabalhos antes de Star Wars: Shampoo

Principais trabalhos depois de Star Wars: Harry e Sally – Feitos um para o Outro, Meus Vizinhos São um Terror, Crimes em Wonderland. Escreveu o livro Lembranças de Hollywood.

Nível de sucesso de 0 a 10 fora do universo de Star Wars: 6 – Quase uma primeira-dama Sith

Alec Guiness

Conhecido como Sir Alec Guiness, quando participou do primeiro Guerra nas Estrelas, o ator já tinha uma carreira extensa e renomada no cinema. Reconhecido como especialista em diversas montagens de peças de Shakespeare, fez ótima parceria com o diretor David Lean, na qual realizaram juntos Grandes Esperanças (1946), Oliver Twist (1947), Lawrence da Arábia (1962), Dr. Jivago (1965) e A Ponte do Rio Kwai (1957). O ator sempre demonstrou versatilidade interpretando reis, papas e até mesmo Hitler. Apesar da vasta carreira cinematográfica, ele até hoje é mais conhecido como Obi-Wan Kenobi, o mestre Jedi de Luke Skywalker. Curiosamente, ele sempre declarou que nunca gostou da saga criada por George Lucas, a chamando de “péssimo conto de fadas”. Depois da participação na saga, o ator trabalhou bem pouco, valorizando trabalhos menores, sendo o seu filme de maior destaque Passagem para Índia (1985), mais uma vez em parceria com David Lean. Faleceu de câncer em 2000.

Principais trabalhos antes de Star Wars: A Ponte do Rio Kwai, Lawrence da Arábia, Dr. Jivago

Principais trabalhos depois de Star Wars: Passagem para Índia

Nível de sucesso de 0 a 10 fora do universo de Star Wars: 9,5 – Faz jus ao seu personagem, um Mestre Jedi

Indicações/Prêmios: Ganhou o Oscar por Mistério da Torre e por A Ponte do Rio Kwai. Foi indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante pelo seu papel como Obi Wan-Kenobi em A Nova Esperança e por Little Dorrit.

Hayden Christensen

A missão de Hayden não era fácil: interpretar um dos maiores vilões da história cinematográfica ainda jovem. O seu Anakin Skywalker/Darth Vader até hoje gera polêmica entre os fãs da saga, não apenas pela sua inexpressividade como ator, mas também pela falta de química com o seu par romântico. Independente dos problemas, antes de ser escolhido para participar da segunda trilogia, Hayden tinha pouca experiência, trabalhando em filmes para TV e séries. Seu trabalho mais famoso no cinema foi uma pequena ponta em As Virgens Suicidas (1999), de Sofia Coppola. E a raiva dos fãs foi tão forte que uma espécie de “maldição” recaiu sobre o ator, que nunca teve um grande destaque fora da saga. No fundo, ninguém sentiu a falta de Hayden, desde o final de A Vingança dos Sith.

Principais trabalhos antes de Star Wars: As Virgens Suicidas e Tempo de Recomeçar

Principais trabalhos depois de Star Wars: O Preço da Verdade, Awake e Jumper

Nível de sucesso de 0 a 10 fora do universo de Star Wars: 4 – Um verdadeiro Jar Jar Binks

Ewan McGregor

O ator escocês já era bastante conhecido no mundo alternativo do Reino Unido, graças à parceria com o diretor Danny Boyle, que o dirigiu em três filmes, sendo um deles o cultuado Trainspotting – Sem Limites. Pode-se dizer que Star Wars abriu as portas para o ator no cinema americano. A responsabilidade de McGregor não foi fácil, pois interpretaria a versão jovem de Obi-Wan Kenobi, algo que ele tirou de letra, inclusive personificando o jovem Jedi, incorporando os trejeitos de Alec Guiness na série clássica. Após a série, o ator solidificou a carreira no cinema americano com sucessos de bilheterias como Falcão Negro em Perigo (2001) e Moulin Rouge (2001), e outros trabalhos mais artísticos com grandes diretores como Tim Burton, Woody Allen e Roman Polanski. Foi um dos únicos da segunda trilogia que não sofreu grandes mudanças na carreira, ainda que não tenha virado uma grande estrela como muitos imaginavam.

Principais trabalhos antes de Star Wars: Cova Rasa, Trainspotting – Sem Limites e Velvet Goldmine

Principais trabalhos depois de Star Wars: Falcão Negro em Perigo, Moulin Rouge, Peixe Grande, O Escritor Fantasma e O Golpista do Ano

Nível de sucesso de 0 a 10 fora do universo de Star Wars: 7 – Um potencial futuro Jedi, caso não se perca no lado negro da Força

Natalie Portman

No início da década de 90, a atriz era considerada uma das grandes promessas do cinema americano, trabalhando com diretores como Michael Mann, Tim Burton, Woody Allen e Luc Besson. Este último, por sinal, é que abriu as portas para atriz, já que a escolheu ainda jovem (tinha apenas 13 anos) para protagonizar O Profissional (1994). Portman já declarou que participar da segunda trilogia de Star Wars quase acabou com a sua carreira. De acordo com ela, a experiência não foi muito boa em virtude da pressão e pelas críticas em relação a sua péssima atuação – assim como Hayden, a atriz não goza de bom prestígio entre os fãs mais exigentes. Apesar da traumática experiência de viver a principal personagem feminina na segunda saga, Padmé Amidala, a mãe de Luke e Leia, isso não abalou a estima da atriz, que se recuperou do golpe, atuando em filmes comerciais de sucesso como V de Vingança (2005) e nos dois filmes da Marvel, Thor (2011) e Thor – O Mundo Sombrio (2013). A resposta aos críticos quanto ao seu talento dramático veio em Closer: Perto Demais (2004) e Cisne Negro (2010). Recentemente, a atriz diminuiu o ritmo de filmes depois que engravidou. O ano de 2016 promete ser uma grande volta para Natalie, em quatro produções já confirmadas.

Principais trabalhos antes de Star Wars: O Profissional, Fogo Contra Fogo, Marte Ataca e Todos Dizem Eu Te Amo

Principais trabalhos depois de Star Wars: Cold Mountain, Closer: Perto Demais, V de Vingança, Thor e Cisne Negro

Nível de sucesso de 0 a 10 fora do universo de Star Wars: 8 – Mostrou, igual a sua personagem, que uma rainha supera quaisquer dificuldades

Indicações/Prêmios: Ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de melhor atriz por Cisne Negro e o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante por Closer.

Samuel L. Jackson

Aqui, temos o exemplo do ator famoso que se escala, faz de tudo para participar do filme da qual é fã. Jackson, que começou a carreira fazendo pontas em filmes de Spike Lee e de outros diretores famosos como, em Os Bons Companheiros (1990), de Martin Scorsese, e Jurassic Park (1993), de Steven Spielberg. Em 1994, ele deu uma guinada fundamental na carreira graças a Quentin Tarantino, que o escolheu para viver o matador Jules Winnfield em Pulp Fiction – Tempo de Violência (1994). Por isso, quando participou do Episódio I – A Ameaça Fantasma como o Jedi Mace Windu, Jackson já era figura carimbada no mundo pop de Hollywood, o que não deixa de ser uma boa sacada de Lucas, que se utilizou da mesma prerrogativa quando trouxe Guiness – um ator consagrado – para a trilogia clássica. Hoje é difícil não dissociar o ator das grandes produções hollywoodianas ou então de um novo filme de Tarantino.

Principais trabalhos antes de Star Wars: Pulp Fiction, Jackie Brown, Tempo de Matar e Duro de Matar – A Vingança

Principais trabalhos depois de Star Wars: Corpo Fechado, Triplo X, Entre o Céu e o Inferno, Os Vingadores e Django Livre

Nível de sucesso de 0 a 10 fora do universo de Star Wars: 9 – Jackson poderia muito bem ser um Jedi da cultura pop geek

Indicações/Prêmios: Indicação de melhor ator coadjuvante no Oscar por Pulp Fiction e indicação ao Globo de Ouro de melhor ator por Jackie Brown e ator coadjuvante por Pulp Fiction e Tempo de Matar