Dentre os blockbusters do meio do ano, um dos mais esperados é “O Homem de Aço”, o reboot de Superman, o último sobrevivente do planeta Krypton, que concilia a vida de jornalista com a de defensor da cidade de Metropolis.

O filme tem credenciais boas como Christopher Nolan, diretor da mais recente trilogia Batman, o produzindo e David Goyer, roteirista desta, assinando a sua história. No elenco, há nomes como Amy Adams, Henry Cavill e Russell Crowe. Seu trailer aponta um filme que vai equilibrar psicologismo e aventura, tal como os longas do Homem Morcego.

Mesmo assim, este que vos escreve não bota muita fé nesse projeto.

Primeiro, porque trailers têm uma capacidade ímpar de nos enganar. Até uma bomba como O Animal pode ficar atrativa com uma peça publicitária bem montada.

Também desconfio da direção: Zack Snyder, de Watchmen e Sucker Punch, apesar do seu apuro com a técnica e o visual, deixa muito a desejar na condução da história. Não vou estranhar se “O Homem de Aço” tiver cenas de ação que impecáveis que sacrificam o ritmo da narrativa ou o desenvolvimento dos personagens. Este, vale lembrar, certamente vai ter muita relevância, como apontam o trailer e, principalmente, o histórico do roteirista e do produtor.

Os dois motivos acima, porém, não são os principais. A maior razão para eu ter o pé atrás com “O Homem de Aço” é o seu protagonista.

Na boa, o Superman é bonzão a ponto de ser irritante.

Que me desculpem os seus fãs, mas é muito difícil, para mim, criar empatia com um herói onipotente e moralista como ele.

Seu comportamento, via de regra, é exemplar. Sempre há nele disposição para ajudar o próximo e fazer o bem. Não há uma grande fraqueza, como o passado para o Batman, ou um baita defeito, como a canastrice para o Homem de Ferro. Só as pedras de Kryptonita são capazes de derrubá-lo. Para o Superman continuar sendo onipotente, basta ficar bem longe desse elemento exterior a ele. Pergunto com sinceridade: qual é a graça de um ponto fraco como esse em 2013, depois dos Batmans, X-Men’s e afins que “humanizaram” os super-heróis? Asssim, as pedras de Kryptonita não têm um terço de graça quanto a agonia do Homem-Aranha para pagar suas contas.

Clark Kent, a versão humana e loser do super-herói, é a máscara que o “imigrante” Kal-el usa para se adaptar ao novo mundo. A intenção dele é boa, mas pode ser interpretada como: “olha como eu sou superior e consigo fingir que sou um mala segundo os seus padrões inferiores”. Dessa forma, seu comportamento acaba se transformando o oposto ao de Peter Parker, outro notório super-herói loser. Enquanto este encontra a liberdade para ser o que é de fato quando vira o Homem-Aranha, o outro acaba reforçando sua superioridade ao se fingir de nerd tímido.

Além disso, Clark Kent não fica de forma alguma irreconhecível quando tira os óculos e vira o Superman. O último filme da franquia, de 2006, procura argumentar que o que muda de fato nele é sua postura perante as situações. Assim, ninguém veria naquele homem altivo e confiante a sua versão fracote e bobona.

Sinceramente, como interpretar essa proposta sem usar licenças poéticas?

Apresentado o meu ponto de vista, agora gostaria de saber o de você sobre o super-herói e suas expectativas para o seu novo filme. Admito que tenho uma birra para com o Superman e que acho, por exemplo, o Batman e o Homem-Aranha mais legais. Por isso, seria fascinante se você argumentasse por que “O Homem de Aço” pode ser um filmão com um protagonista interessante.

Como argumentação, pode-se perceber que usei a visão geral do personagem. Não citei as séries, porque o nosso foco aqui é o cinema. Também não citei os filmes com o Christopher Reeve porque, querendo ou não, eles fazem parte da nossa memória afetiva. Daí não vale.

Um bom debate para todos nós. 🙂