Último filme do cineasta lituano Sharunas Bartas, o drama político “Frost” acompanha dois jovens em uma viagem que expõe os horrores da guerra no país próximo. Como favor a um amigo, Rokas se compromete em transportar uma van com ajuda humanitária até a zona de conflito na Ucrânia. Alheio a situação, ele e a namorada Inga partem da capital lituana, Vilnius, rumo ao desconhecido. Nesse processo, o casal desmistifica suas concepções sobre o conflito e sobre eles mesmos. Esse trabalho mais político de Bartas é uma ótima oportunidade de introdução ao cinema de um dos grandes nomes do cinema lituano. Aqui vão três motivos para você colocar Frost sua lista de filmes para assistir.

1)    ROAD-MOVIE INCOMUM

Assim como demanda o gênero, grande parte do filme se passa na estrada, e como bom road movie, os personagens absorvem algo de cada lugar ou pessoa que cruza seus caminhos. Ainda assim, o filme vai na contramão do tradicional, normalmente estruturado por pequenas catarses que culminam em algo maior: a viagem em Frost não gera nenhuma forma de purgação dos seus personagens ou promove respostas, mas uma tentativa de mostrar o efeito da guerra nos lugares e nas pessoas.

2)    O OLHAR DO OUTSIDER

À medida que o protagonista se aproxima do seu destino, o espectador desvenda com ele as nuances da situação. Ainda que o filme não se aprofunde na geopolítica do lugar, e mantenha uma linha um tanto didática e alheia, a construção evolui com o personagem e sua visão de fora pouco consciente e empenhada, mas curiosa sobre aquela realidade estranha. Que mesmo sendo algo constante nos noticiários, é completamente abstrata na vida daqueles jovens.

3) A GUERRA INTERNA

Pouco apoiado no aspecto sangrento e nas consequências externas da guerra, comum nos filmes sobre tema, Frost promove uma imersão mais silenciosa, quase tediosa, ao impacto interno conflito. Bartas evidencia questões e sequelas que não viram notícia, a subjetividade esquecida das pessoas envolvidas. Sem definir uma posição, Frost faz um pequeno recorte, ainda que simplista, da apatia do mundo diante daquilo que não os afeta diretamente.