“O Momento” desta Parte 12 do retorno de Twin Peaks pertence à boa e velha Sarah Palmer, que está fazendo umas comprinhas no supermercado (vodka, suco de tomate e cigarros). Uma… Loja de conveniência? Na hora de pagar, ela tem um… Problema. A performance da atriz Grace Zabriskie, membro emérito da trupe de atores de David Lynch, é incrível, evocando inquietação, terror e um senso de tragédia – há 25 anos ela perdeu a filha e o marido, afinal. No meio da sua loucura, ela diz “Os homens estão chegando!”.

Alguns minutos depois, o policial Hawk bate à porta dela – a velha casa dos Palmers, que não mudou nada. Ele ouve um barulho lá dentro. Ela lhe assegura que não é nada. Mas Lynch faz questão de nos mostrar os ventiladores de teto, dentro da casa, girando de maneira ameaçadora, assim como fizeram no passado.

Além dos mistérios da cidade, a nova Twin Peaks é também sobre a passagem do tempo. Somos lembrados o tempo todo de que o tempo passou para os personagens antigos – bem, exceto um. Alguns evoluíram, como Bobby ou Ben Horne, que neste episódio divide uma bela cena com o xerife Truman. São dois homens velhos conversando sobre as mudanças da vida e um fato trágico, e curiosamente o antigo mau-caráter Ben demonstra bondade. A passagem do tempo também é exposta na primeira aparição de Audrey (Finalmente!). A cena dela acaba sendo anticlimática, se estendendo muito na criação de um suspense que não compreendemos exatamente. Mas também serve para mostrar como o tempo passou para a personagem. Muitas coisas estranhas aconteceram com ela. Assim como com Sarah. E a mensagem do Major, as coordenadas no cadáver, as investigações do FBI… Tudo isso demonstra que “os homens realmente estão vindo” para Twin Peaks.

Considerações sobre o chihuahua mexicano:

  • Outras cenas longas que deixaram a cabeça coçando neste episódio: O dono do parque de trailers conversando com o doador de sangue, e a cena final no Roadhouse. Às vezes, parece mesmo que Lynch está tirando onda com o espectador.
  • Por outro lado, adorei a cena com a moça de vermelho demorando um tempão para deixar Gordon e Albert sozinhos. O humor que surge das expressões faciais do saudoso Miguel Ferrer e sua química com Lynch deixam o espectador e velho fã com um grande sorriso. E o final é tocante: “Albert, às vezes me preocupo com você”.
  • A acompanhante de Gordon é vivida pela atriz Bérénice Marlohe, de 007: Operação Skyfall. Esse Gordon, sempre bem acompanhado…
  • Tammy entra para o esquadrão dos casos Rosa Azul.
  • Tim Roth e Jennifer Jason Leigh (uma mini-reunião de Os Oito Odiados) executam a vingança do Cooper do Mal contra o diretor da prisão.
  • Diane, de novo à parte do grupo do FBI, atravessa umas cortinas vermelhas e diz “Let’s rock”. Onde ela vai se encaixar nisso, só Frost e Lynch sabem.