Quando se está no sexto filme de uma série, a última coisa que se pode esperar é inovação. A coisa se agrava ainda mais quando você tem uma história que se baseia como foco central a disputa de carros em alta velocidade.

“Velozes e Furiosos” é assim.

Um desastre, certo?

Errado. Isso porque saber das limitações e fazer o tradicional, explorando o que tem de melhor (as cenas de ação e o carisma dos protagonistas), faz com que a série se mantenha interessante.

Em “Velozes e Furiosos 6”, a turma comandada por Dominic Toretto (Vin Diesel) e Brian O’Conner (Paul Walker) enfrenta um grupo de mercenários de 12 países, também especializados em dirigir carros potentes. Para tornar as coisas um pouco mais dramáticas, o bando conta com a ‘ressuscitada’ Letty (Michelle Rodrigues), que perdeu a memória após acontecimentos no quarto filme.

Para assistir este filme, não há necessidade alguma de ter visto os anteriores. Afinal de contas, os créditos iniciais já resumem tudo que aconteceu anteriormente e a trama em si não possui elementos que sejam partes de um todo. Você sabe que Toretto é o marrento do bem, O’Conner o herói bonitinho sem graça, Hobbs (Dwanye “The Rock” Johnson) é o policial inteligente, mas legal, Letty (Michelle Rodriguez) é a marrenta do bem, mas que por estar desmemoriada, está do mal, Mia Toretto (Jordana Brewster) é menina sensível que vai precisar ser salva, além da cota dos engraçados e das garotas duronas, mas com um toque sexy. O primeiro ato da trama reforça ainda mais isso com uma apresentação do que cada um está fazendo após o golpe no Rio de Janeiro, com todas as suas características escancaradas na tela. Aliado ao carisma dos atores e o carinho que o público possui com eles, há a sensação de jogo para a torcida com clima de já ganhou.

Claro que isso seria coroado pelas cenas de ação com os carros. As coreografias são todas bem-feitas, os acidentes de alto nível e o diretor Justin Lin deixa você acompanhar tudo sem uma edição picotada, longe da escola Michael Bay de cinema. Nada fora do padrão da série, exceto, o clímax da história, com o voo de dois personagens sobre um ponte estaiada. O momento é tão maluco e a solução tão criativa e absurda que o espectador só pode fazer duas coisas: ou sair do cinema indignado ou soltar uma gargalhada. Optei pela segunda.

Como esta sexta parte é mais do mesmo, as falhas da série residem em mais um vilão fraco, interpretado pelo ator Luke Evans, um Orlando Bloom sem carisma. Além disso, o roteiro é incapaz de conseguir criar uma trama, no mínimo, interessante e fazer despertar um acompanhamento um pouco mais atento na história. Por isso, as reviravoltas soam tão irrelevantes  e os objetivos dos dois lados pouco atrativos, o que faz o público esperar logo a próxima cena de ação, já que, no final, o bem sempre vence.

Apesar de possuir defeitos de séries intermináveis como “Atividade Paranormal”, “Jogos Mortais” e “Premonição” como a repetição excessiva da história, tornando-a previsível, “Velozes e Furiosos”, pelo menos, consegue através das boas cenas de ação, de assumir ser um passatempo descartável e do carisma dos seus protagonista, virar um distração inofensiva.

Porém, o tempo trata rapidinho de levá-lo para o lado negro da Força.

“Piratas do Caribe” que o diga.

NOTA: 6,5

PS: há uma cena no início dos créditos finais que já antecipa o sétimo filme. Sim, eles não perdem tempo.