O ator americano Viggo Mortensen, que viveu na Argentina durante sua infância, se somou nesta quarta-feira às vozes que nos últimos dias saíram em defesa das vias de financiamento do cinema argentino perante possíveis mudanças legislativas estudadas pelo governo do presidente de Mauricio Macri.

Através de uma mensagem em castelhano gravada em vídeo, o ator criticou tanto o presidente do país como o ministro da Cultura, Pablo Avelluto, no marco de uma mobilização do mundo audiovisual argentino iniciada na semana passada após a saída do até então presidente do Instituto Nacional de Cinematografia e Artes Audiovisuais (INCAA), Alejandro Cacetta.

“O cinema argentino se autofinancia e é uma fonte de apoio para todos os artistas. Portanto, Macri, Avelluto e todos os fanfarrões neoliberais, não fodam (sic). Não à destruição do cinema argentino”, afirmou Mortensen.

“Os sistemas de apoio estatal ao cinema em países como Argentina e França são exemplos únicos e exitosos do fomento cultural, são admirados em todo o mundo”, acrescentou.

Outras figuras do cinema se pronunciaram nos últimos dias contra a suposta reforma das vias de financiamento da produção nacional, que se mantém de forma autárquica através do INCAA graças a uma taxa de 10% que se retém da venda de ingressos e a um cânone que é cobrado das empresas que usam o espectro radioelétrico.

“O fomento do cinema provém desses cânones que vêm das empresas e de 10% dos ingressos. Se isso desaparece, o cinema argentino vai desaparecer”, declarou ontem o ator Ricardo Darín em uma entrevista a uma emissora de rádio argentina.

“É preciso esclarecer bem, a atividade não se nutre dos impostos das pessoas”, completou.

O conflito entre o mundo do cinema e o governo aflorou na semana passada quando o ministro de Cultura pediu a renúncia do até então presidente do INCAA, Alejandro Cacetta, atento a uma “necessidade de acelerar e aprofundar todos os processos de melhoria administrativa” do ente estatal.

Avelluto explicou depois que o Escritório Anticorrupção investigará a gestão de Cacetta por “possíveis irregularidades” em contratações, transferências, propaganda e compras por parte do INCAA a preços injustificados.

Na segunda-feira passada, dezenas de diretores, roteiristas e todo tipo de profissionais e estudantes de cinema organizaram uma manifestação em frente à sede do instituto.

O Ministério de Cultura tentou acalmar os ânimos e ontem emitiu um comunicado no qual assegurava que não há “nenhuma vontade política” de modificar os fundos públicos da indústria do cinema do país e que o financiamento ao setor está garantido.

da Agência EFE