O Festival de Cinema da Amazônia – Olhar do Norte 2023 está chegando nos próximos dias 22, 23, 24 e 25 de agosto com novos filmes do melhor do cinema brasileiro.

Serão 16 filmes disputando a mostra competitiva Amazônia, incluindo, sete produções do Amazonas, e mais 10 produções da Mostra Outros Nortes, dedicada aos Estados das outras regiões, além dos filmes convidados.

O Cine Set traz agora atores, atrizes e diretores para você acompanhar atentamente nos curtas e longas-metragens da programação gratuita em exibição no Teatro Amazonas.

1) ADRIANA DE FARIA

A jovem cineasta paraense retorna ao Olhar do Norte para tentar conquistar o festival pela segunda vez. Na edição online em plena pandemia de 2020, Adriana de Faria venceu três prêmios com o curta de estreia “Ari y Yo” – Melhor Filme, Direção e Atuação para Ari. Agora, ela chega na ficção com “Cabana”. O drama de época ambientado no período da Cabanagem, revolta popular e social que ocorreu na então Província do Grão-Pará entre 1835 e 1840, se passa em um único cenário – a cabana do título. O filme chega a Manaus com uma boa carreira no circuito de festivais após seleções no 34º Curta Kinoforum e na 22ª Mostra Goiânia de Curtas.

2) GABRIEL BRAVO DE LIMA

Na mesma edição de 2020, Gabriel Bravo de Lima surpreendeu ao vencer o prêmio de Melhor Roteiro por “No Dia Seguinte Ninguém Morreu“. O criativo filme com título baseado na frase de abertura de “As Intermitências da Morte”, clássico de José Saramago, chamou a atenção por ser o curta de estreia do então estudante de jornalismo e crítico iniciante aqui no Cine Set. Agora, Gabriel retorna ao Olhar do Norte já com uma produtora – a 1 Coletivo -, uma equipe de trabalho sólida e uma proposta ousada em “Meus Pais, Meus Atores Preferidos”. Na obra, o diretor examina a construção da própria família a partir das histórias trazidas pelos pais em um jogo que transita entre a ficção e o documentário com imagens experimentais complementando a receita. 

3) Ricardo Manjaro

Ricardo Manjaro estreou no cinema amazonense com o surpreendente suspense “A Última no Tambor” durante o Amazonas Film Festival de 2012. De lá para cá, realizou incursões pelo cinema de gênero, especialmente, com “O Necromante”, vencedor da primeira edição do Olhar do Norte em 2018, e “Morcego de Rua“. Ao lado de Diego Bauer, co-dirigiu “Obeso Mórbido“, ficção com traços de documentário que participou de diversos festival ao redor do Brasil. Depois de uma breve pausa, Manjaro retorna com “Controle” trazendo a precisão técnica e a atmosfera sufocante dos filmes anteriores. A produção retrata o ambiente de pressão dos agentes de segurança de ruas de Manaus a partir do personagem instável vivido por Rafael César. O roteiro da produção conta traz, além do diretor, Álex Jansen e Henrique Amud.

4) Keila Sankofa

“Alexandrina – Um Relâmpago” é um dos filmes do cinema amazonense que mais circulou em festivais nos últimos anos. Foram passagens no Cine Ceará, Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro – Curta Cinema, Mostra Goiânia Curtas, Guarnicê, Cine PE  e até no Ji.hlava International Documentary Film Festival, na República Tcheca, entre muitos outros. E não é à toa: o curta marca uma transformação no trabalho de Keila Sankofa. Se obras como “Sardinhas em Lata” e “ASSIM” foram muito importantes cada uma em seus momentos e com suas temáticas, “Alexandrina” dá um salto ao trazer a excelência visual e técnica de uma artista em constante evolução com o simbolismo e a força da ancestralidade redefinindo conceitos e ampliando seus horizontes. Importante ressaltar ainda a equipe absurdamente talentosa do filme, incluindo, desde o premiado Francisco Ricardo na drieção de arte passando por Jéssica Dandara e Ythana Isis na produção até o onipresente Heverson Batista no som. 

5) Isabelle Amsterdam

Sejam ficção ou documentário, cinebiografias formam um dos subgêneros mais saturados do cinema. O início promissor, o desafio intransponível, a luta da superaração até o aplauso redentor da conquista no final são a base de 80 a 90% dos curtas e longas do tipo. Por isso, é tão bom assistir “Maués, A Garça”: o documentário de 27 minutos sobre o cantor, compositor, ator, diretor, performer e poeta acreano Maués Melo vai para além de um compilado de informações sobre ele, pontos altos e baixos até chegar à precoce morte. A diretora Isabelle Amsterdam traz a melancolia da perda de uma vida tão jovem somado à dificuldade de ser artista na Amazônia, mas, ainda assim, persistir por ser a única razão de viver (e morrer). De quebra, ainda conhecemos a obra de um artista fascinante.

6) Morzaniel Ɨramari

O cinema Yanomami terá amplo destaque no Festival Olhar do Norte 2023: representando Roraima, os curtas “Mãri hi – A Árvore do Sonho” e “Thuë pihi kuuwi – Uma Mulher Pensando” disputam a Mostra Amazônia, enquanto “Yuri u xëatima thë – A Pesca com Timbó” está na Mostra Olhar Panorâmico. Aqui, vale destacar o pioneiro trabalho de Mornaziel Iramari junto aos Yanomamis com o curta “Casa dos Espíritos” (2010) e o longa “Urihi Haromatimape – Curadores da terra-floresta” (2014). Morzaniel foi formado através do projeto Vídeo nas Aldeias, sendo ele, hoje em dia, instrutor nestes locais. Em “Mãri hi”, o cineasta conta com a participação do grande líder e xamã Yanomami Davi Kopenawa. Após Manaus, a produção será exibida no Festival de Veneza. 

7) Agrael de Jesus 

Há boas chances de Agrael de Jesus fazer você sair do Teatro Amazonas chorando na noite de 23 de agosto. “Ela Mora Logo Ali”, concorrente da Mostra Amazônia, chega ao Olhar do Norte após ser o primeiro filme de Rondônia no tradicional Festival de Gramado. Na produção dirigida pela dupla Fabiano Barros e Rafael Rogante, ela interpreta uma mulher com uma rotina puxada de vendedora de cascalho pelas ruas de Porto Velho. Certo dia, a protagonista encontra uma moça no ônibus que conta para ela parte da história de Dom Quixote. Ao chegar em casa, ela repassa tudo para o filho com síndrome de West. Por notar que o garoto se acalma e reage bem às aventuras do lendário herói criado por Miguel de Cervantes, a mãe, mesmo analfabeta, fará um esforço do tamanho do mundo para saber como a história termina. Sem dúvida, um filme comovente, capaz de dialogar com todos os públicos e que emociona graças à simplicidade e fibra empregadas por Agrael nesta bela obra de 16 minutos.

8) Sofia Sahakian 

O Festival de Cinema da Amazônia terá como um dos principais destaques uma atriz argentina. Nascida em Buenos Aires, Sofia Sahakian é a protagonista de “Bebé” e “Castanho”. Dirigido pela paraense Isadora Lis e concorrente na mostra principal, o primeiro filme é um drama de pouco menos de quatro minutos em que interpreta uma mulher lidando com um dos piores tipos de homem. “Bebé” foi gravado em Cuba na tradicional Escuela Internacional de Cine y Televisión. Já no curta comandado por Adanilo e filme de abertura do festival, Sofia carrega um inquietante mistério, enquanto convive com uma família ribeirinha formada pelos atores Rosa Malagueta e Israel Castro. Que o Olhar do Norte abra ainda mais portas para a argentina no audiovisual nortista.  

9) Isabela Catão

Isabela Catão estará em dose tripla no Olhar do Norte 2023. Na competitiva Mostra Amazônia, um dos principais rostos do atual cinema amazonense narra “Alexandrina – Um Relâmpago” e é a co-protagonista do paraense “Cabana” ao lado de Rosy Lueji. Para completar, ainda é o destaque feminino do elenco de “A Estratégia da Fome”, média-metragem convidado pela organização do evento e dirigido por Walter Fernandes Jr. Logo, o festival será mais uma enorme oportunidade do público local conhecer o talento da atriz, a qual, diga-se, está prestes a gravar o novo longa do diretor Karim Ainouz.

10) Adanilo

Não havia multiverso possível que esta lista não incluísse Adanilo. Vivendo o maior ano da carreira com lançamentos no circuito comercial e nos principais streamings do planeta, o ator amazonense exibe “Eureka” em Manaus. O drama dirigido pelo argentino Lisandro Alonso o levou ao Festival de Cannes 2023. Para completar, ele se lança na direção com “Castanho”, primeiro curta de ficção da carreira atrás das câmeras. Como se não bastasse, Adanilo ainda ministra uma oficina de atuação no Palácio da Justiça. Mal abriram as inscrições e tudo se esgotou. O homem realmente está com tudo.