Na minha ainda curta vida cinéfila, tento sempre não julgar um filme pelo seu diretor. Nem sempre funciona, mas é bom lembrar que até os grandes erram e que a genialidade pode vir de quem você menos espera. Mas, por pior que seja ter um filme ruim no currículo, vexatório mesmo é quando ele, além de tosco, não tem absolutamente nada que remeta à grandeza que esses autores já entregaram anteriormente. São os tais filmes “esquecíveis”, que hoje o Cine Set faz questão de te lembrar.

É bom frisar, no entanto, que essa lista de filmes “esquecíveis” não traz títulos poucos conhecidos de grandes diretores (então não vai ter o ‘Kundun’ do Scorsese, ok?). O negócio aqui é o tal do filme que você pode até se pegar assistindo em uma tarde tediosa, mas, quando os créditos começam a rolar e o nome do diretor aparece, é uma surpresa nada agradável.

Anthony Hopkins em Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos

10. Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos (2010), de Woody Allen

O problema de ser um cineasta prolífico e de entregar um filme a cada ano como Allen o faz é que o número de erros e de títulos medíocres vai acabar suplantando os clássicos. Na última década, isso virou – infelizmente – uma constante na carreira do diretor. Em meio aos “Scoops” e aos “Escorpião de Jade” da vida, seleciono esse título preguiçoso, cuja sinopse você esquece meia hora após desligar a tevê. Não foi dessa vez, Woody.


9. Além da Vida (2009), de Clint Eastwood

Eastwood divide opiniões entre os críticos, mas tem a indústria na palma da mão. O cacife do eterno Dirty Harry pós-o tiro duplo que foi “Sobre Meninos e Lobos” e “Menina de Ouro” não lhe garantiu, contudo, um tropeço colossal neste drama sobrenatural estrelado por Matt Damon. Não deu nem para guardar os efeitos especiais, tio Clint.

8. Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991), de Steven Spielberg

Não fosse a Sessão da Tarde – que volta e meia ressuscita essa fita -, pouca gente lembraria dessa tentativa de Spielberg fazer jus à fama de Peter Pan cinematográfico. Teve Julia Roberts de Sininho, Robin Williams de Peter Pan e Dustin Hoffman como o temido Hook. Só não teve roteiro e nem trilha sonora de John Williams que desse jeito nesse desastre.

7. Psicose (1998), de Gus Van Sant

Refilmar Hitchcock pode ser a mais ousada das ousadias – nem De Palma tentou (diretamente). Mas, embalado pelos sucessos no circuito independente, Van Sant recrutou um elenco um tanto quanto aleatório – tinha de Julianne Moore a Anne Heche – para um duvidoso remake ‘quadro a quadro’ do filme de 1961. O resultado soou tão bem quanto unhas arranhando um quadro negro.

Ben Affleck e Rachel Weisz em Amor Pleno

6. Amor Pleno (2012), de Terrence Malick

Foi até surpreendente ver Malick com filme novo apenas um ano após o impecável “A Árvore da Vida”. Mas não dava para esperar muito de uma história encabeçada por Ben Affleck e Olga Kurylenko: o combo montagem confusa + roteiro sem um pingo de alma + atuações apáticas fez  de “Amor Pleno” o primo feio e rejeitado da família Malick.

5. A Vida Marinha com Steve Zissou (2003), de Wes Anderson

Talvez eu seja achincalhada por colocar um filme de Wes Anderson aqui, mas, perto de “Rushmore”, “Os Excêntricos Tenenbaums”, “O Grande Hotel Budapeste”, “Moonrise Kingdom”, “O Fantástico Sr. Raposo” e até mesmo “Viagem a Darjeeling”, dá para engolir esse trabalho preguiçoso do cineasta mais simétrico da atualidade? Pelo menos Anderson nos deu de presente uma trilha sonora deliciosa com Seu Jorge cantando Bowie.

4. Gloria (1999), de Sidney Lumet

Mais uma refilmagem na lista. Só que o que piora a história é que estamos falando de um Sidney Lumet cuja bagagem não permitiria um remake tão bobo quanto o desse pequeno clássico de John Cassavetes. Sai Gena Rowlands, entra Sharon Stone. Todo charme oitentista e sujo do filme de Cassavetes se perde e o que ganhamos é uma fábula enfadonha e completamente apagável da memória.

3. Jack (1996), de Francis Ford Coppola

Tudo bem que em 1996 Coppola já estava mais interessado em vinícolas que em cinema, mas daí a nos entregar “Jack”? É chocante saber que esse filme tão-ruim-que-não-dá-nem-para-defender-como-guiltypleasure tenha saído das mesmas mãos que tiraram Marlon Brando da hibernação para fazer aquele filminho de máfia nos anos 1970. Mas a Jennifer Lopez agradece por esse filme ruim de doer, já que a professorinha de “Jack” foi um de seus primeiros papéis. Cada filme tem o legado que merece, né?

2. Até o Limite da Honra (1997), de Ridley Scott

A Demi Moore provavelmente achava que esse seria seu ticket para o Oscar. Transformação física, papel desafiador, Ridley Scott na cadeira de diretor… O que tivemos foi um filme que mais parecia uma daquelas paródias que aparecem em “Trovão Tropical”. E não, isso não foi um elogio (caso alguém tenha alguma dúvida).

1. Dr. T e as Mulheres (2000), de Robert Altman

Robert Altman tem outros tropeços mais graves na carreira (eu poderia muito bem colocar o infame ‘Popeye’ no topo dessa lista), mas escolhi “Dr. T” pelo casting absurdo (Tara Reid??? Farrah Fawcett??) e pela historia tão banal que não serviria nem para o mais bege dos filmes de Nancy Meyers. Mas, é como eu disse lá no primeiro parágrafo… Até os grandes erram.