Devo admitir que fazer esta lista foi mais fácil do que ter que eleger as surpresas de 2013. De alguma forma, os grandes nomes do cinema sempre conseguem abalar nossa admiração (Almodóvar e seu inócuo Amantes Passageiros que o digam). Hollywood, então, nem se fala – daria, fácil, pra encher a lista só com as continuações de franquias.

Importante salientar que esta seleção não é sobre os piores do ano, mas sim sobre aqueles que haviam criado boas expectativas (às vezes nem tanto) e acabaram se revelando uma decepção. Nesta conta, cabem desde franquias em decadência (Todo Mundo em Pânico, mais do que todas), tentativas ambiciosas e malsucedidas (O Grande Gatsby, O Cavaleiro Solitário) a deslizes de nomes consagrados (A Viagem, Universidade Monstros) e projetos que simplesmente deram errado (Para Maiores). Tirando Todo Mundo em Pânico, nenhum deles envolve profissionais medíocres. Todos, sem exceção, poderiam ser muito melhores.

10. Todo Mundo em Pânico 5

Este entra na lista por mostrar a absoluta decadência de uma das franquias de humor mais promissoras da década passada. Deixei de acompanhar a série após o segundo episódio, mas qualquer boa lembrança evocada pelo título é rapidamente dissipada aos primeiros minutos de projeção. As participações de Charlie Sheen e Lindsay Lohan, por sinal, são mais do que adequadas.

9. A Busca

O Brasil garante o seu lugar com esse projeto fraco, encabeçado por um dos atores mais inteligentes e talentosos do país: Wagner Moura. Pouco mais do que uma vitrine de merchandising disfarçada de filme, A Busca decepciona os admiradores do trabalho do ator, e provam que nem sempre ele é capaz de elevar a qualidade dos filmes de que participa (veja também o 1º lugar).

8. Lincoln

Todo o hype e as premiações até me enganaram por um tempo. Mas a verdade é que Lincoln, de Steven Spielberg, é mais um passo de um dos maiores diretores do cinema rumo à irrelevância. Com uma abordagem muito branda, santificada para a figura de Abraham Lincoln, presidente em um dos períodos mais tumultuados da história dos Estados Unidos, o diretor abandona qualquer complexidade para engrandecer a figura do personagem. Com mais uma interpretação impecável de Daniel Day-Lewis e bons momentos, especialmente o da disputa no Congresso, ainda assim o filme é muito pouco para o cineasta de A Lista de Schindler, Parque dos Dinossauros e Munique.

7. O Cavaleiro Solitário

O Cavaleiro Solitário deixou animados os que gostaram do primeiro episódio da franquia Piratas do Caribe. Tinha o entusiasmo do diretor Gore Verbinski pelo western, a presença altiva de Armie Hammer (A Rede Social) e o carisma de Johnny Depp. Mas a trama longa, a confusão de tons e a falta de empolgação da dupla principal acabaram por fazer do filme um prejuízo histórico para os estúdios Disney. Uma pena.

6. Para Maiores

Este aqui talvez seja a maior reunião de talento já vista num filme ruim (péssimo, na verdade). A ideia era boa: atores de prestígio se reúnem para fazer esquetes de comédia. Mas só quem foi submetido a Para Maiores sabe o quanto o projeto fracassou. Kate Winslet, Hugh Jackman, Richard Gere, Chloe Moretz, Naomi Watts, Halle Berry e outros devem ter recebido alguma coisa que não sabemos para pagar tamanho mico. Fuja!

5. Se Beber Não Case – Parte III

Outro projeto frustrante que parecia bastante promissor. Após um começo brilhante e um meio passável, a franquia Se Beber, Não Case terminou de forma constrangedora, com uma trama estúpida, sem nenhuma piada aproveitável, centrada em dois personagens que, nos filmes anteriores, ficavam (merecidamente) guardados para o alívio cômico, além de desperdiçar a empatia conquistada nos dois filmes anteriores. Pelo menos, acabou. Ou será que não?

4. Universidade Monstros

Eis outro exemplo, como Lincoln: um filme apenas bom com uma equipe extraordinária por trás. Afinal, é a Pixar, a produtora responsável por tantos filmes inesquecíveis nos últimos anos (Toy Story, Os Incríveis, Wall-E, Ratatouille), e que parece, desde Toy Story 3, estar perdendo a mágica que a tornava tão superior às demais. Pela primeira vez, até achei que outra animação foi melhor em 2013: Detona Ralph, da Disney. É ver – e torcer pra que seja um engano.

3. A Viagem

Aqui o buraco é mais embaixo. Quem diria que os responsáveis por um filme tão bem-sucedido quanto Matrix, de 1999, iriam amargar tamanha indiferença em 2013? Foi o que aconteceu com os irmãos Andy e Lana Wachowski em A Viagem, um apanhado pseudofilosófico sobre amor, boas ações, carma e outros hippismos, que afundou vergonhosamente na bilheteria. Também, pudera: com histórias demais para ser coerente, pouca substância nas tramas e personagens, e uma das maquiagens mais equivocadas da história do cinema, o resultado só poderia ser esse mesmo. O título brasileiro, por sinal, acertou na mosca.

2. O Grande Gatsby

Esse não foi uma decepção pra mim, que nunca gostei do trabalho do diretor Baz Luhrmann (Moulin Rouge, Austrália), mas a oportunidade de realizar a versão definitiva do romance do escritor americano Scott Fitzgerald, apesar do ótimo elenco, conseguiu resultar no seu exato oposto: a versão mais over, exagerada, de mau gosto que o livro já recebeu. Não merecia.

1. Elysium

Parece inacreditável, mas em 2009, no nosso blog anterior, eu escrevi que o filme Distrito 9 havia sido o melhor daquele ano – e, ao menos por enquanto, ainda acredito nisso. Inacreditável porque o diretor daquele filme é o mesmo deste aqui, o sul-africano Neill Blomkamp.

Elysium tem uma trama tão primária, do início ao fim, que você chega a duvidar da inteligência que havia visto em Distrito. A “luta de classes” envolve personagens rasos, até caricatos (Sharlto Copley, Jodie Foster), as atuações são ruins (Matt Damon e Wagner Moura disputam o troféu), nada funciona, e uma hora e quarenta minutos de filme parecem demorar anos. O nível do fracasso aqui é tal que eu cheguei a pensar que talvez devesse ter ficado com Bastardos Inglórios ou Toy Story 3 naquela eleição. Por enquanto, ainda não mudei de opinião – mas falta bem pouco pra isso acontecer.