Oportunidades perdidas, projetos mal escolhidos, falta de convites bons… são vários os motivos para que atores e diretores acabem desperdiçando seu potencial em trabalhos que se revelam verdadeiras roubadas, ou simplesmente sumam das telas por um bom tempo. O Cine Set hoje elenca dez desses talentos que estão sendo desperdiçados no mundo do cinema – e que esperamos que encontrem a salvação em breve.

colin farrell

1. Colin Farrell

A carreira de Colin Farrell é um verdadeiro mistério pra mim. O ator claramente já tem um currículo extenso, mas quantos desses papéis realmente marcaram sua carreira? A oportunidade de Colin brilhar em cena aconteceu principalmente em filmes pequenos, como Na Mira do Chefe (2009), A Casa no Fim do Mundo (2004) e Ondine (2009). Quando chega o momento de ele escolher papéis maiores e que possam alçar seu nome, porém, o que ele faz? Se mete em furadas como os remakes de A Hora do Espanto (2011) e O Vingador do Futuro (2012) ou, um pouco mais atrás, o vilão do infame Demolidor (2003).

Ainda assim, seu desempenho sempre bom indica que talvez seu talento esteja passando despercebido pela indústria do cinemão. Já pensou o que Colin poderia fazer sob o comando de Martin Scorsese, por exemplo? Tá aí uma boa parceria pra resgatá-lo antes que ele caia no esquecimento total.

hilary swank

2. Hilary Swank

O que fazer depois que você já conseguiu conquistar duas vezes o Oscar de Melhor Atriz? Você embarca em um monte de projetos colocando sua assinatura como vencedora do Oscar, certo? Bom, não no caso de Hilary Swank. Depois de ter sido consagrada pela sua excelente atuação em Meninos Não Choram (1999), foi apenas em 2004 que a atriz voltou aos holofotes, desta vez pela sua total entrega ao viver a protagonista de Menina de Ouro. Nesse meio-tempo, trabalhou em alguns filmes independentes, como 11:14 (2003), e com Christopher Nolan em Insônia (2002).

Mas depois do segundo Oscar, o que veio? Hilary arriscou no equivocado Dália Negra (2006), de Brian De Palma; no terror A Colheita do Mal (2007), que teve fraca repercussão de público e crítica; e no romance P.S. Eu Te Amo, ao lado de Gerard Butler, em uma história clichê digna de Nicholas Sparks. Sua tentativa mais recente de voltar aos papéis fortes foi em Amelia (2009), de Mira Nair, mas o filme foi um fracasso logo esquecido, e daí vieram outros equívocos na carreira da atriz, como outro terror (A Inquilina, de 2011), e a bagunça que é Noite de Ano Novo (2011). Se Hilary já provou que pode incorporar excelentes papéis, o que ainda falta pra ela voltar a brilhar? Fica a esperança que isso aconteça ainda esse ano, em The Homesman, filme dirigido por Tommy Lee Jones.

gus van sant

3. Gus Van Sant

É difícil manter sua imagem como bom diretor quando você assume filmes que só mancham sua reputação. Para a boa forma presente em cada Elefante (2003) e Milk (2008) que Gus Van Sant dirigiu, existe também a apatia de um Encontrando Forrester (2000) e Inquietos (2011). Como se não bastasse, o diretor ainda deve amargar por um bom tempo a má fama de ser o cara que achou que refilmar Psicose frame a frame era uma boa ideia. Obviamente, não era, e deu no que deu. A sensibilidade e o estilo de Van Sant são qualidades que ainda precisam encontrar roteiros menos apáticos e bagunçados para darem certo e poderem revelar o potencial que o cineasta americano tem em mãos.

mickey rourke

4. Mickey Rourke

A atuação angustiada de Mickey Rourke em Coração Satânico (1987) por si só já é um bom indicativo de que, quando ele quer, ele pode ser excepcional. No entanto, sua imersão no boxe e os problemas com abuso de drogas e cirurgias plásticas quase levaram sua carreira ao ostracismo absoluto, até ele ressurgir magistralmente em O Lutador (2008), de Darren Aronofsky. Parecia que seria o início de uma nova era de ouro para o ator, mas o que acabou se vendo em seguida foi a participação dele como o vilão de Homem de Ferro 2 (2010) e em filmes de ação genéricos como Os Mercenários (2010) e Entrega de Risco (2012). Um grande profissional, mas cujo passado problemático e escolhas erradas parecem interferir cada vez mais para que ele venha a entregar atuações dignas no cinema.

ridley scott

5. Ridley Scott

Alien, Blade Runner e Thelma & Louise. Só esses três filmes já são o suficiente para estabelecer Ridley Scott no rol de grandes diretores no cinema. Tendo isso em mente, é difícil explicar a má fase do cineasta atualmente, com títulos como o estilizado e vazio O Conselheiro do Crime, o Prometheus que prometeu, mas não cumpriu (sim, piadinha infame, mas é a pura verdade), a “ação épica” morna de Robin Hood e Cruzada… e a lista segue em frente. Como salvar a carreira de Scott, se ainda vêm por aí projetos como as prometidas continuações de Blade Runner e Prometheus? Com tantos deslizes, fica até complicado defender o diretor, mas resta torcer para que eventualmente ele entregue novas contribuições marcantes para o mundo do cinema.

robert de niro

6. Robert De Niro

Pode até parecer birra do tanto que se fala do desperdício atual do talento de Robert De Niro, mas eu até gostaria que fosse só isso. A verdade é que o ator vive uma fase em que a única explicação é que ele deve receber tantos roteiros em casa que De Niro simplesmente joga todos para o alto e acaba fazendo a primeira coisa que cair em suas mãos. Só isso pode explicar sua presença na trilogia (!) de Entrando Numa Fria, no tenebroso Showtime, em filmes esquecíveis como Poder Paranormal e Os Especialistas e comédias sem graça como O Casamento do Ano. Ainda assim, suas participações em Trapaça e O Lado Bom da Vida revelam que o grande ator ainda está lá, no meio de tantos projetos ruins. Talvez seja o caso de um desses roteiros jogados pro alto ser enfim uma boa história digna do gênio de Cassino, Os Bons Companheiros e O Poderoso Chefão II.

rodrigo santoro

7. Rodrigo Santoro

Ninguém disse que seria fácil conquistar um espaço em Hollywood. E Rodrigo Santoro realmente se esforça, mas, enquanto isso, acaba perdendo tempo em produções como 300: A Ascensão do Império, O Último Desafio, O Que Esperar Quando Você Está Esperando e Recém-Formada – isso sem contar a infame participação silenciosa em As Panteras: Detonando. É uma pena, uma vez que em produções nacionais o ator continua mostrando o quanto tem de potencial a ser explorado, desde Bicho de Sete Cabeças, que o consagrou, a filmes recentes como Heleno e Meu País. Aliás, fica até a pergunta: será que não é a hora de Rodrigo Santoro voltar e se dedicar a papeis maiores em terras tupiniquins mesmo?

tim burton

8. Tim Burton

A estética e as parcerias habituais de Tim Burton parecem também ter se tornado suas maiores inimigas. Uma vez que ele vira refém do próprio estilo, as obras recentes do diretor americano soam espetáculos vazios, mornos e sem graça, como é o caso de Sombras da Noite e Alice no País das Maravilhas. Assim como Johnny Depp e sua galeria de personagens estranhos, Burton precisa investir, principalmente, em histórias melhores – e o sucesso de Frankenweenie sugere que ele ainda tem capacidade para isso.

tom cruise

9. Tom Cruise

Com mais de trinta anos de carreira, Tom Cruise continua na ativa sendo um dos nomes mais rentáveis de Hollywood. Porém, se nomes da mesma geração amadureceram e arriscaram novas empreitadas, como é o caso de Brad Pitt, Cruise parece estagnado, sempre correndo desesperadamente em cenas de algum filme de ação qualquer. Basta dar uma olhada nas últimas produções do ator: No Limite do Amanhã, Oblivion, Jack Reacher, Encontro Explosivo, Missão Impossível… Se por um lado o americano sempre entrega uma boa performance – e é capaz de muito mais, como já vimos em Magnólia –, por outro os projetos em que ele se envolve não lhe ajudam a ter uma maior relevância como deveria. Tom Cruise precisa urgentemente apostar e arriscar em outras produções, ou seu talento vai ficar restrito aos longas de ação por um bom tempo.

aaron eckhart

10. Aaron Eckhart

Não é só de carisma e elegância que vive o ator americano: vindo de uma carreira no teatro, ele já teve mais de uma vez a chance de mostrar nas telas sua atuação competente. Dois dos seus maiores destaques são bons exemplos da sua versatilidade: em Obrigado por Fumar (2006), encarnou o lobista Nick Naylor, o cínico e simpático porta-voz da indústria dos cigarros; já em Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008), mostrou as duas caras (com o perdão do trocadilho) de Harvey Dent, o homem decente que vive o suficiente para se tornar o vilão, mergulhando numa espiral de tragédia e insanidade.

E aí, em suas produções mais recentes encarou desafios como… o monstro de  Frankestein no fracasso à lá Van Helsing chamado Frankestein: Entre Anjos e Demônios. Ou o presidente dos EUA na ação-Tela Quente que é Invasão à Casa Branca. Ou o par romântico de Catherine Zeta-Jones e Jennifer Aniston em dramalhões e comédias água-com-açúcar como O Amor Acontece e Sem Reservas. Ou seja: embora sempre busque fazer o melhor no papel, não dá pra fazer muito em filmes assim. Eckhart poderia estar explorando seu talento com grandes diretores – mesmo quando o tiro sai pela culatra, como na Dália Negra de Brian De Palma. Ao invés disso, sua mais recente aparição é um monstro retalhado que parece estar sempre perdido sem saber o que fazer no set.